29 de setembro de 2025

SEMIOLOGIA DIGESTIVA 5: Hemorragia Digestiva Alta

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DIVERSICAST EM "A LUTA SILENCIOSA": Saúde Mental das Mães Solo

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Podcast produzido por alunos da Disciplina Diversidade Étnica e Cultural na Medicina, Centro de Ciências Médicas, UFPB.
O podcast Diversicast – “A luta silenciosa: a saúde mental das mães solo” nos convida a refletir sobre como a maternidade solo no Brasil é atravessada por desigualdades de gênero, raça e classe. Mais de seis milhões de lares são chefiados por mães solo, em sua maioria mulheres negras e periféricas, que enfrentam jornadas múltiplas e o peso do estigma social.

22 de setembro de 2025

I Mostra ExpoDiverSUS/MedUFPB120: Trabalhos de Diversidade Étnica e Cultural na Medicina

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Registro das atividades da I ExpoDiverSUS, mostra acadêmica em que celebramos a diversidade de perspectivas na graduação em medicina e o empenho das nossas equipes de estudantes da Turma MedUFPB120 na construção dos belos trabalhos finais para a conclusão da disciplina Diversidade Étnica e Cultural na Medicina, do Centro de Ciências Médicas (CCM), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
No primeiro trabalho, o foco foi a saúde mental das mães solo como uma luta cotidiana e, muitas vezes invisibilizada, eles conseguiram trazer essa realidade para o debate com clareza e respeito. O episódio transmite empatia e promove reflexão crítica sobre desigualdades de gênero, sobrecarga emocional e os desafios enfrentados na conciliação entre maternidade, trabalho e autocuidado. A primeira equipe produziu e apresentou o podcast "Diversicast" – A Luta Silenciosa: Saúde Mental das Mães Solo, que nos convida a refletir sobre como a maternidade solo no Brasil é atravessada por desigualdades de gênero, raça e classe.
No segundo trabalho, os nossos estudantes produziram o folder "Outubro Rosa e Atenção à Saúde da Mulher: Diversidade, Direitos e Iniquidades", em que se observou uma comunicação clara e acessível, e um conteúdo que trouxe informações essenciais para realização da mamografia, a importância do exame clínico e a mensagem de que o autoexame não substitui a mamografia.
No terceiro, a equipe elaborou a cartilha "Fé, Cultura e Saúde: Caminhos para o Cuidado Integral"voltada aos profissionais de saúde, onde se destacou a importância das crenças religiosas e culturais para o cuidado integral, e introduziu a ideia de se registrar sistematicamente no prontuário dos pacientes, e que quando o profissional de saúde reconhece e faz esse registro, muitas crenças que podem impactar escolhas terapêuticas ou condutas de cuidado, ele não só valoriza a identidade dos pacientes, mas também cria condições para que a equipe multiprofissional atue de forma coerente e respeitosa.
Logo mais, teremos a segunda sessão dessa I Mostra, e seu registro também será publicado aqui.

18 de setembro de 2025

SEMIOLOGIA DIGESTIVA 4: Constipação Intestinal

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14 de setembro de 2025

DIVERSIDADE RELIGIOSA NO CONTEXTO DA SAÚDE: Discussão de Casos e Dilemas com a Turma MEDUFPB 120


Profa. Rilva Muñoz e Grupos da Turma 1 MedUFPB120
Introdução
Na aula 12 da disciplina Diversidade Étnica e Cultural na Saúde no semestre letivo 2025.1, realizada em 31 de agosto de 2025 com a turma do terceiro período do Curso de Medicina da UFPB, abordou-se o tema Diversidade Religiosa e Saúde
A atividade teve como eixo central a análise de situações clínicas em que valores e práticas religiosas se entrelaçam com o cuidado em saúde, exigindo dos futuros médicos sensibilidade ética, competência comunicacional e respeito às diferenças culturais.
Nesse encontro, foram propostas reflexões a partir de casos discutidos em grupo, nos quais os estudantes foram convidados a identificar dilemas reais vivenciados na prática clínica, problematizando a forma como o profissional de saúde deve lidar com demandas decorrentes de crenças religiosas distintas. A abordagem buscou evidenciar a pluralidade de experiências espirituais e suas repercussões no processo de adoecimento, tratamento e vínculo terapêutico.
Nesse contexto, os objetivos de aprendizagem foram direcionados a: reconhecer a diversidade religiosa como fator determinante de saúde, refletir criticamente sobre suas implicações na relação médico-paciente, desenvolver empatia e competência cultural e aprimorar habilidades de comunicação clínica capazes de acolher valores religiosos sem julgamentos ou imposições. Assim, a aula se constituiu como espaço formativo para integrar conhecimentos biomédicos e dimensões socioculturais, preparando os estudantes para uma prática médica mais inclusiva, ética e humanizada.
Os casos propostos para a discussão em grupos foram os seguintes:
        ◦ Caso 1: Paciente Testemunha de Jeová em choque hipovolêmico recusa transfusão.
        ◦ Caso 2: Mulher muçulmana que solicita profissional de saúde feminina para realizar exame ginecológico.
        ◦ Caso 3: Paciente indígena que atribui a doença a causas espirituais e deseja consultar o pajé antes de iniciar tratamento.
        ◦ Caso 4: Idoso de matriz africana internado, cuja família solicita permissão para realizar rituais com uso de velas/incensos.
       ◦ Caso 5: Criança de família evangélica e vacinação.

Caso Clínico 1
Um paciente de 52 anos, vítima de acidente automobilístico, chega ao pronto-socorro em choque hipovolêmico após intensa hemorragia. O cirurgião indica transfusão sanguínea imediata para salvar sua vida. Contudo, o paciente, consciente e orientado, declara ser Testemunha de Jeová e recusa firmemente a transfusão por motivos religiosos. A questão levantada para debate foi: como proceder diante da recusa? Quais princípios éticos e legais estão em jogo?
Reflexões dos participantes
Yago destacou que esse é um caso clássico na prática médica, em que a autonomia religiosa entra em conflito com a conduta clínica. Ele ressaltou que, para os Testemunhas de Jeová, receber sangue pode significar impureza, exclusão da comunidade religiosa e risco de condenação espiritual. Por isso, para o paciente, a recusa não é apenas sobre prolongar alguns anos de vida, mas preservar sua integridade espiritual e social. Iago enfatizou a importância de compreender as crenças religiosas e respeitar escolhas individuais, mesmo que elas colidam com a lógica biomédica.
Letícia enfatizou que, se o paciente está lúcido e plenamente capaz, sua vontade deve ser respeitada. Defendeu o registro formal da recusa no prontuário, preferencialmente com assinatura do paciente, para resguardar a equipe e evitar repetição desgastante da negativa. Sugeriu que a equipe de saúde explore alternativas aceitáveis dentro da fé do paciente, como técnicas minimamente invasivas. Por fim, destacou a necessidade de comunicação clara, apresentando riscos e possíveis complicações, de modo que a decisão seja consciente e informada.
Maria Eduarda Hipólito apontou três princípios éticos envolvidos:
    • Autonomia: o direito do paciente decidir sobre seu corpo, mesmo diante do risco de morte;
    • Beneficência: obrigação do médico de buscar salvar a vida, mas sem impor tratamentos contra a vontade do paciente;
    • Não maleficência: evitar danos psicológicos, espirituais ou à dignidade do paciente.
Ela ressaltou ainda que a legislação brasileira reconhece o direito do paciente adulto e capaz de recusar tratamento, desde que plenamente esclarecido. Maria Eduarda citou também que o Conselho Federal de Medicina orienta o respeito à autonomia nesse tipo de situação.
Marlon apresentou uma visão de síntese, destacando a complexidade do caso. Ele reforçou que impor a transfusão, além de ferir a autonomia, poderia acarretar sérias consequências sociais e espirituais para o paciente. Sugeriu que hospitais adotem protocolos e documentação específicos para Testemunhas de Jeová, facilitando a tomada de decisão ética e juridicamente amparada. Ele defendeu também a busca por métodos alternativos que respeitem a fé do paciente.
João Pedro lembrou que todos os princípios da bioética — autonomia, beneficência, não maleficência e justiça — estão envolvidos no caso. Sublinhou que, mesmo sendo a transfusão a melhor opção científica, a autonomia deve prevalecer. Trouxe ainda a reflexão sobre situações em que não há identificação ou manifestação prévia do paciente: nesse contexto, o médico deve agir pela beneficência e realizar a transfusão, pois não teria como saber das crenças religiosas. Nesse cenário, estaria respaldado pela justiça e não incorreria em infração ética.
Vicente, encerrando a discussão do grupo, destacou que, se o paciente está lúcido, sua decisão deve ser respeitada. Caso contrário, é importante que existam registros prévios — como diretivas antecipadas de vontade — para orientar a equipe médica. Ele reforçou que, embora a missão da saúde seja preservar a vida, o cuidado não é absoluto: deve ser exercido dentro dos limites da autonomia do paciente e das normas ético-legais. Assim, evita-se prejuízo tanto ao paciente quanto ao profissional.
Portanto, o grupo concluiu que esse é um caso de alta complexidade ética. O papel do médico é respeitar a autonomia do paciente capaz, mesmo que isso contrarie a conduta de salvar vidas pela transfusão. A equipe deve garantir comunicação clara, registro formal da recusa, busca por alternativas compatíveis com a fé do paciente e alinhamento com protocolos institucionais e normas legais. O debate reforçou a necessidade de formação médica atenta à diversidade ética e cultural, essencial para lidar com dilemas como esse.

Caso Clínico 2
Mulher muçulmana que solicita profissional de saúde feminina para realizar exame ginecológico.
Aisha, 34 anos, muçulmana praticante, procura a unidade de saúde com queixas ginecológicas. Ela solicita que seja atendida exclusivamente por uma médica, recusando-se a ser examinada por profissionais do sexo masculino. No dia da consulta, apenas médicos homens estão de plantão.
Questões para o grupo: Como equilibrar o direito da paciente à sua crença religiosa com a organização do serviço de saúde? Como acolher sua demanda sem expor a paciente a constrangimento?
Reflexões dos participantes
A primeira participante enfatiza que, do ponto de vista ético e legal, o caso envolve princípios fundamentais:
    • Autonomia: todo paciente tem o direito de decidir quem o examina, com base em seus valores e crenças.
    • Beneficência e não maleficência: cabe à equipe buscar o melhor para a paciente e evitar qualquer forma de dano ou desrespeito.
    • Justiça: garantir equidade de acesso à saúde, considerando necessidades individuais.
    • Direito à liberdade religiosa: protegido pela Constituição, em consonância com a dignidade da pessoa humana.
Ela reiterou que são esses princípios que devem nortear a conduta profissional.
O segundo reflete que a situação mostra que a escuta ativa desde o primeiro contato é essencial. A paciente expôs sua demanda, mas ela não foi considerada na prática do serviço. É importante reconhecer que crenças religiosas muitas vezes ultrapassam o campo racional, sendo princípios inegociáveis para a pessoa. Quando o serviço invalida ou ignora essa demanda, transmite uma mensagem de intolerância e preconceito.
Os demais integrantes do grupo consideraram que o respeito a essas especificidades não apenas garante um atendimento digno, mas também fortalece o vínculo, incentivando o retorno da paciente ao serviço. Assim, a conciliação entre crenças pessoais e organização do sistema de saúde é possível, desde que se utilize a escuta e a empatia como ferramentas centrais.
Abordou-se a questão e que uma solução prática seria reorganizar o atendimento: direcionar a paciente para um dia em que haja uma médica disponível, ou, se não houver, encaminhá-la a outra unidade onde sua demanda possa ser atendida. Dessa forma, seria possível evitar constrangimentos e respeitar seus princípios religiosos.
Outra integrante do grupo de discussão afirmou que é preciso também pensar em alternativas diante de situações emergenciais. Caso a unidade não conte com médica disponível, pode-se acionar um profissional de sobreaviso ou garantir cuidados paliativos até que a paciente seja referenciada a outro serviço. O cuidado não deve se restringir ao aspecto físico, mas também contemplar dimensões espirituais e emocionais, reconhecendo a integralidade da saúde.
Além disso, o caso evidencia falhas de comunicação organizacional. A demanda da paciente deveria ter sido registrada e respeitada no momento do agendamento. A ausência dessa atenção caracteriza preconceito, pois desconsidera suas necessidades específicas, tal como ocorreria com demandas de pessoas com deficiência ou de outros grupos culturais e religiosos.
Cogitou-se também que o preconceito se manifesta quando a demanda legítima de uma paciente não é validada. Isso gera sentimentos de exclusão, rejeição e invalidação de seus princípios. É preciso compreender que a realidade do paciente pode ser diferente da do profissional, e o exercício da empatia ajuda a reconhecer a legitimidade dessa diferença.
Um participante mencionou que o caso também aponta para desafios comunicacionais. Muitas vezes, o agendamento não especifica detalhes importantes, o que gera falhas na oferta de um atendimento adequado. Para evitar isso, protocolos de registro e comunicação devem ser reforçados. Além disso, a formação dos profissionais precisa incluir conteúdos sobre diversidade religiosa e cultural. Conhecimentos prévios sobre práticas de diferentes tradições — como restrições relacionadas a sangue em Testemunhas de Jeová ou a gênero no islamismo — são fundamentais para garantir um atendimento respeitoso.
Por outro lado, pontuou-se que, em situações de urgência ou emergência, quando apenas médicos homens estiverem disponíveis, é necessário dialogar com a paciente e sua família para avaliar a possibilidade de flexibilização, sem impor nada. No islamismo, o papel do marido pode ter peso significativo, e a negociação pode ajudar a garantir o atendimento imediato sem ferir totalmente os princípios religiosos. Ainda assim, a prioridade deve ser sempre preservar a dignidade da paciente.
Portando, o grupo concluiu que o caso traz à tona a necessidade de equilibrar princípios éticos (autonomia, beneficência, não maleficência, justiça), direitos constitucionais (liberdade religiosa, dignidade) e a organização prática dos serviços de saúde. Soluções incluem melhor escuta ativa, protocolos de comunicação, reorganização de escalas, encaminhamentos adequados e capacitação dos profissionais para lidar com a diversidade cultural e religiosa, sempre com empatia e respeito.

Caso Clínico 3
Araci, 45 anos, indígena de uma comunidade tradicional, é internada em hospital universitário com diagnóstico de pneumonia grave. Durante a conversa, afirma acreditar que sua doença foi causada por um desequilíbrio espiritual e pede para consultar o pajé de sua comunidade antes de iniciar o tratamento antibiótico. A equipe médica se mostra resistente, argumentando que isso atrasará a terapêutica.
Questões para o grupo: Como lidar com essa demanda cultural? É possível conciliar a medicina tradicional com o tratamento biomédico? Qual deve ser a postura da equipe de saúde?
Reflexões dos participantes
Maria Klara Pontes afirmou que a situação traz vários desafios éticos, clínicos e comunicacionais. Do ponto de vista ético, é necessário respeitar a autonomia e as crenças espirituais da paciente, mas sem negligenciar o dever de oferecer o tratamento imediato indicado – no caso, a antibioticoterapia, essencial para o quadro de pneumonia grave.
O desafio comunicacional está em estabelecer um diálogo respeitoso, que valorize a religião e a visão cultural da paciente, mas também transmita de forma clara a urgência do tratamento biomédico para preservar sua vida.
Felícia ponderou que essa situação revela riscos importantes. Muitas vezes, a equipe de saúde encara a espiritualidade como superstição ou atraso, reforçando uma visão etnocêntrica. Quando a crença do paciente é tratada com sarcasmo, impaciência ou pressão para aceitar apenas o modelo biomédico, isso gera discriminação, minando a confiança da paciente na equipe e no tratamento.
As consequências podem ser graves: baixa adesão, recusa ao tratamento, ou até abandono do cuidado. Além disso, atitudes desrespeitosas contribuem para a exclusão histórica dos povos indígenas do sistema de saúde.
Ela ponderou ainda que há também um risco ético e legal: os direitos culturais dos povos originários são assegurados pela Constituição e por políticas públicas. Ignorar esses direitos pode configurar violação e trazer responsabilidade profissional.
Maria Eduarda Gomes destacou que, no caso estudado, uma estratégia fundamental é buscar a conciliação entre saberes. O antibiótico deve ser iniciado rapidamente, mas é possível viabilizar a participação do pajé – presencialmente, por meio remoto ou com adaptações ao contexto hospitalar. Isso permitiria reconhecer a dimensão espiritual sem comprometer a segurança clínica.
Thalison salientou que a postura da equipe deve ser de mediação entre o tratamento biomédico e as práticas tradicionais indígenas. Ele considerou que a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas orienta a integralidade do cuidado, possibilitando a integração entre a dimensão espiritual e o cuidado hospitalar. Assim, permitir a consulta com o pajé, organizar essa participação de forma segura e promover um diálogo respeitoso fortalece a aliança terapêutica. Isso contribui para a adesão ao tratamento e demonstra respeito à identidade da paciente.
Yaslanny mencionou que esse caso reforça a importância de um cuidado ético, humanizado e intercultural. Ela resumiu que o seu grupo decidiu responder de forma direta às três questões propostas:
    1. Como lidar com a demanda cultural?
Acolher a crença da paciente com respeito e empatia, reconhecendo sua importância para favorecer adesão ao tratamento.
    2. É possível conciliar medicina tradicional e biomédica?
Sim, e não apenas é possível como é a conduta desejada. A articulação entre os saberes fortalece o cuidado, desde que haja diálogo saudável.
    3. Qual deve ser a postura da equipe de saúde?
Portanto, de acordo com o grupo, a equipe de saúde deve adotar uma postura ética, humanizada e intercultural, valorizando a diversidade cultural e respeitando a autonomia do paciente. É necessário equilibrar a urgência clínica – iniciar o antibiótico rapidamente – com a escuta das demandas espirituais, construindo decisões compartilhadas.

Caso Clínico 4
Dona Cida, 70 anos, está internada em enfermaria para tratamento de insuficiência cardíaca. Sua família, ligada a uma religião de matriz africana, pede autorização para realizar um ritual de oração no quarto, incluindo o uso de velas, incensos e cânticos. A equipe da enfermaria mostra-se desconfortável, alegando risco de incêndio e incômodo aos outros pacientes.
Questões para o grupo: Como equilibrar segurança hospitalar e respeito à diversidade religiosa? Quais alternativas podem ser construídas para atender parcialmente a demanda da família sem comprometer a rotina hospitalar?
Reflexões dos participantes
Flávio afirmou que o primeiro desafio na situação proposta é ético. A Constituição Federal garante o direito à liberdade religiosa e a Lei nº 9.982/2000 assegura assistência religiosa nos hospitais. A equipe deve, portanto, buscar o equilíbrio entre os direitos da paciente e de sua família e as normas institucionais de segurança. Além disso, quando o paciente se sente acolhido em sua fé, isso pode contribuir positivamente para sua recuperação.
Os desafios clínicos estão ligados aos riscos do ritual: possibilidade de incêndio pelo uso de velas e incensos em espaço fechado, crises alérgicas ou desconforto respiratório em outros pacientes, além da necessidade de manter a rotina da enfermaria em ambiente terapêutico tranquilo.
Por outro lado, os desafios comunicacionais dizem respeito à necessidade de escuta ativa e de evitar respostas imediatas, negativas ou carregadas de preconceito. Muitas vezes, práticas de matriz africana são alvo de estigmas sociais e acabam desvalorizadas.
A postura da equipe não deve ser autoritária nem deslegitimadora da fé, mas sim respeitosa e acessível, reconhecendo a espiritualidade como parte do cuidado integral. Isso exige diálogo claro, livre de julgamentos, e validação da importância do ritual, ainda que precise ser adaptado.
Maria dos Milagres destacou que o preconceito religioso no ambiente hospitalar é uma realidade que reflete o racismo estrutural e institucional. Ele se manifesta na negação de práticas espirituais, na proibição do uso de colares e turbantes, em comentários pejorativos como “macumba” ou “coisa do mal” e na recusa ao cuidado quando profissionais não respeitam prescrições alimentares ou evitam lidar com objetos sagrados.
Além disso, há a tentativa de imposição religiosa, substituindo práticas de matriz africana por rituais de outras tradições, o que fere a autonomia espiritual do paciente e pode levar à perda de confiança, abandono do tratamento e violação da dignidade humana.
Segundo Dandara, outro ponto central no caso foi a discriminação institucional, marcada por protocolos rígidos que negam pedidos dos pacientes sem oferecer alternativas que preservem sua liberdade de crença – um direito assegurado pelo artigo 5º da Constituição.
A estigmatização dos rituais afro-brasileiros tem raízes históricas no período colonial e na escravidão, quando foram associados a práticas de bruxaria. Esse estigma persiste até hoje e se traduz no desrespeito cultural, ao considerar a fé de matriz africana “menos legítima” do que outras manifestações espirituais, como orações cristãs. Essa hierarquização perpetua a exclusão e reforça a necessidade de um acesso à saúde mais integral e humanizado.
Emmanuel, por sua vez, destacou que existem alternativas para viabilizar o ritual de forma segura. O paciente pode ser encaminhado para uma capela hospitalar, uma sala multirreligiosa ou outro espaço adaptado, como jardim, varanda ou sala de convivência. Caso isso não seja possível, pode-se realizar o ritual no leito com objetos simbólicos não inflamáveis, como colares ou elementos representativos da fé, que tragam conforto espiritual sem comprometer a segurança.
Além das alternativas práticas, é importante ressaltar o papel das políticas institucionais. A Constituição e a Política Nacional de Humanização do SUS (2003) reforçam o cuidado integral, que deve contemplar aspectos físicos, emocionais, sociais e espirituais.
No caso de idosos, o Estatuto do Idoso também garante o direito a uma vida digna, incluindo a prática religiosa. Por outro lado, cabe ao hospital zelar pela biossegurança e bem-estar coletivo.
Por isso, é fundamental criar salas ecumênicas, estabelecer protocolos conjuntos com comitês de biossegurança e promover educação permanente para profissionais, com rodas de conversa e comissões intersetoriais, de modo a pactuar diretrizes que respeitem esses direitos fundamentais.
José Allefy, para concluir, afirmou que é essencial destacar a importância da humanização do cuidado e do respeito à diversidade das crenças. O compromisso do profissional de saúde vai além da técnica: ele se concretiza na escuta atenta, no reconhecimento da singularidade do paciente e no respeito às suas escolhas, inclusive espirituais. Combater a intolerância religiosa na medicina significa reafirmar a ética, a dignidade e a justiça, construindo um ambiente de cuidado mais inclusivo e equitativo.

Caso Clínico 5
O caso proposto para estudo envolveu a criança Mateus, 7 anos, que foi levado ao posto de saúde pela mãe para consulta de rotina. Durante a avaliação, a equipe percebe que ele está com o esquema vacinal incompleto, faltando vacinas importantes para a idade. A mãe explica que pertence a uma igreja evangélica neopentecostal cuja doutrina prega que a fé e a oração são suficientes para a proteção da saúde, e que, por isso, ela prefere não vacinar o filho. A equipe de saúde se vê diante do dilema: respeitar a crença da família ou acionar medidas de proteção à criança, já que a vacinação é uma política pública obrigatória.
Questões disparadoras: Como equilibrar o respeito à liberdade religiosa da família e a responsabilidade do Estado pela saúde da criança? Quais estratégias de comunicação podem ser utilizadas para dialogar sem confronto e reduzir a resistência vacinal? Quando é necessário acionar medidas legais ou de proteção?
Gabriel Bernardo mencionou que diante dessa situação, a equipe de saúde se depara com um dilema: respeitar a crença religiosa da família ou acionar medidas legais de proteção à criança, já que a vacinação é uma política pública obrigatória. Três questões foram levantadas:
1. Como equilibrar o respeito à liberdade religiosa da família e a responsabilidade do Estado pela saúde da criança?
2. Quais estratégias de comunicação podem ser utilizadas para dialogar sem confronto e reduzir a resistência vacinal?
3. Em que momento é necessário acionar medidas legais ou de proteção?
Ele afirmou que a liberdade religiosa é um direito fundamental assegurado pela Constituição. No entanto, esse direito encontra limites quando há risco à vida e à saúde da criança. No caso de Mateus, a recusa da mãe em vaciná-lo precisa ser analisada em conjunto com a responsabilidade do Estado de garantir o direito da criança à saúde, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
A vacinação é uma política pública obrigatória, que protege não apenas o indivíduo, mas toda a coletividade, ao reduzir a circulação de doenças. Assim, o equilíbrio entre os dois polos deve ocorrer com respeito à crença da família, sem julgamentos ou discriminação, mas reafirmando sempre que a prioridade é a proteção integral da criança, direito inalienável garantido por lei.
O diálogo deve ser a primeira ferramenta: escutar a mãe, compreender sua fé, mas deixar claro que o Estado tem o dever de garantir a saúde da criança, mesmo diante de objeções religiosas.
Para reduzir a resistência vacinal, é fundamental investir em estratégias de comunicação respeitosas: 
- Escuta empática, permitindo que a mãe exponha suas razões sem interrupções.
- Validação da fé, reconhecendo que a oração é uma forma importante de cuidado para a família.
- Explicação acessível, sem jargões médicos, sobre a segurança e eficácia das vacinas, mostrando que são usadas há décadas e amplamente testadas.
- Reforço da complementaridade, esclarecendo que fé e medicina podem caminhar juntas, ambas cuidando da vida da criança.
Exemplos concretos, como o retorno do sarampo e o risco de poliomielite, para demonstrar a importância da imunização.
Envolvimento comunitário, articulando parcerias com líderes religiosos que apoiam a vacinação.
Para Renan, quanto à necessidade de medidas legais, estas devem ser consideradas após o esgotamento do diálogo. Se a família persistir na recusa, a equipe deve acionar o Conselho Tutelar.
Cabe lembrar que, segundo o ECA, o direito da criança à saúde é indisponível. O Conselho pode determinar a vacinação obrigatória, não como punição à mãe, mas como forma de garantir a proteção integral do filho e da coletividade.
Portanto, Gabriel e Renan consideraram que o caso de Mateus evidencia a tensão entre a liberdade religiosa da família e o direito inalienável da criança à saúde, assegurado pelo ECA e pelas políticas públicas de imunização. O equilíbrio deve ser buscado com respeito e diálogo, reconhecendo a fé da mãe sem desqualificá-la, mas reafirmando que a prioridade ética, legal e clínica é a proteção integral da criança.
A comunicação da equipe de saúde deve ser pautada pela escuta empática, pela validação da espiritualidade e por uma linguagem acessível e clara, mostrando que fé e medicina podem caminhar juntas. O uso de exemplos concretos e o envolvimento de líderes religiosos locais podem ajudar a reduzir resistências e fortalecer a adesão vacinal.
Por fim, quando o diálogo não for suficiente, a recusa persistente exige o acionamento do Conselho Tutelar, como medida de proteção ao direito da criança. Essa ação não tem caráter punitivo à família, mas busca garantir tanto a saúde individual de Mateus quanto a saúde coletiva, preservando o princípio da dignidade humana.

Considerações Finais
A discussão realizada em sala de aula evidenciou a importância de integrar, no exercício médico, não apenas o conhecimento técnico-científico, mas também a capacidade de compreender e respeitar a diversidade religiosa dos pacientes. Ao analisar casos concretos, os estudantes identificaram dilemas éticos e comunicacionais que emergem quando crenças religiosas interferem na prática clínica, reconhecendo a necessidade de equilibrar direitos individuais, princípios constitucionais e a organização dos serviços de saúde.
O diálogo coletivo possibilitou perceber que validar as demandas religiosas dos pacientes não significa abrir mão da responsabilidade médica, mas, ao contrário, constitui um caminho para fortalecer a confiança, garantir acolhimento e promover uma atenção integral à saúde. Além disso, ressaltou-se que falhas de comunicação e a ausência de preparo cultural podem gerar situações de preconceito e intolerância, comprometendo a qualidade do cuidado.
Assim, nesta aula, reafirmou-se o compromisso da formação médica com uma prática pautada pela ética, pela empatia e pela competência cultural, orientada para a valorização da dignidade humana em toda a sua pluralidade. Esse aprendizado fortalece nos estudantes a compreensão de que o cuidado em saúde é inseparável do respeito às diferenças e da promoção da equidade. 

8 de setembro de 2025

ETARISMO NO CONTEXTO DA SAÚDE: Participação de Nosso Aluno Eliseu

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Neste vídeo, nosso aluno Eliseu apresenta o que estudou sobre um tema relevante para a prática profissional na Saúde. 
🎥 Um conteúdo pensado para ampliar o conhecimento e estimular o aprendizado contínuo.
📚 Este vídeo faz parte do nosso canal educativo, voltado à formação crítica e humanística na área da saúde e das ciências humanas.

6 de setembro de 2025

SEMIOLOGIA DIGESTIVA 1: Sintomas Relacionados ao Esôfago

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4 de setembro de 2025

DO SANGUE À URINA: A Viagem do Filtrado em 46 Segundos

                                                  #shortvideo
O caminho que o sangue percorre dentro do rim...
Tudo começa no néfron, que é a unidade funcional responsável pela filtração e regulação da nossa composição sanguínea. O sangue chega ao glomérulo, uma rede de capilares delicados, onde ocorre a filtração inicial: aqui, líquidos e pequenas moléculas passam para dentro do túbulo renal, enquanto células e proteínas maiores permanecem no sangue.
A seguir, o filtrado atravessa os túbulos — proximais, alça de Henle, túbulos distais e coletores. Em cada um desses segmentos, acontecem ajustes finos: parte da água, sais e substâncias úteis é reabsorvida, enquanto resíduos e toxinas são secretados, garantindo equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico.
Esse processo contínuo e altamente regulado permite que, ao final, a urina formada seja eliminada, enquanto o organismo conserva o que é essencial. Assim, o vídeo nos mostra não apenas a anatomia do néfron, mas também a fisiologia integrada que sustenta a vida, conectando estruturas microscópicas a funções vitais para a homeostase do corpo humano

2 de setembro de 2025

AS RAÍZES DA PRÁTICA MÉDICA: Como Surgiram a Anamnese e o Exame Físico?

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Você já parou para pensar como nasceram dois dos pilares fundamentais da prática médica: a anamnese e o exame físico? Muito antes dos avanços tecnológicos e dos exames complementares, ouvir o paciente com atenção e observar cuidadosamente os sinais do corpo eram as principais ferramentas do médico. Neste vídeo, vamos viajar pela história, revisitando as origens dessas práticas que se consolidaram desde a medicina hipocrática até chegarem ao que conhecemos hoje. Afinal, compreender de onde viemos ajuda a valorizar ainda mais a essência do encontro clínico.

1 de setembro de 2025

BANCA DE QUALIFICAÇÃO DE MESTRADO DE ISABELA TEIXEIRA

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Registro da banca de qualificação da mestranda Isabela Lira Teixeira, aluna da Turma 5 do Mestrado Profissional em Saúde da Família – PROFSAÚDE/UFPB, com o projeto intitulado “USO DE FEEDBACK FORMATIVO POR PRECEPTORES DE RESIDENTES DE MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE EM JOÃO PESSOA-PB".

RESULTADO DA SELEÇÃO PIBIC/PIVIC/UFPB/CNPq 2025 DO GESHME


Matrículas – Acertos em 30 quesitos

1- 20220048457 – 28 - Aprovação como bolsista

2- 20220047754 - 27 - Aprovação como bolsista

3- 20230081455 - 26 – Aprovação como voluntário* - Classificado

4- 20230079958 – 26 - Voluntário

5- 20230081473 - 25

6- 20210086928 - 25

7- 20220067407 - 23

Desempate pela Carta de Motivação (em destaque, a seguir)

Prova objetiva 


Gabarito


*Desempate da Vaga de Voluntário: Carta de Motivação 




26 de agosto de 2025

CAPACITISMO E SAÚDE: BARREIRAS INVISÍVEIS, CUIDADO VISÍVEL


Introdução

O capacitismo refere-se a atitudes, práticas e estruturas sociais que discriminam ou subestimam pessoas com deficiência, muitas vezes partindo da ideia de que elas são menos capazes, menos produtivas ou menos dignas de cuidado. No campo da saúde, esse preconceito pode se manifestar de diferentes formas: desde barreiras arquitetônicas que dificultam o acesso a serviços, até condutas profissionais que negligenciam a autonomia do paciente, reforçam estigmas ou reduzem sua experiência de adoecimento apenas à deficiência.

Como futuros médicos, é essencial reconhecer que a atenção integral à saúde de pessoas com deficiência exige mais do que o conhecimento biomédico: demanda sensibilidade ética, postura inclusiva e práticas comunicacionais que respeitem a singularidade de cada paciente. Superar o capacitismo é, portanto, um compromisso com os princípios de equidade do SUS e com a construção de relações terapêuticas baseadas na dignidade, no respeito e na autonomia.

Nesta atividade, meus alunos da disciplina de Diversidade Étnica e Cultural na Medicina trabalharam em grupos analisando casos clínicos de situações-problema nos quais situações de capacitismo estavam presentes. O objetivo foi identificar essas situações, discutir como elas impactam o cuidado em saúde e propor alternativas para uma prática profissional ética, inclusiva e humanizada. O presente registro foi realizado coma turma MED/UFPB 120.

A atividade denominada “Percurso da Atenção” teve a duração de 30 minutos e consistiu na divisão da turma em quatro grupos de oito alunos. Cada grupo recebeu uma vinheta contendo a breve descrição de uma situação simulada relacionada à experiência de um paciente com deficiência no sistema de saúde: uma pessoa surda em pronto-atendimento sem intérprete de Libras; uma pessoa com deficiência visual com amaurose completa precisando compreender instruções de uso de medicação; uma pessoa com deficiência intelectual acompanhada por familiar, em que o médico se dirigia apenas ao acompanhante; e uma pessoa cadeirante tentando realizar uma consulta em hospital com escadas.

A tarefa dos grupos foi mapear as barreiras capacitistas presentes em cada situação — físicas, comunicacionais, institucionais e atitudinais —, discutir de que forma essas barreiras afetavam o direito à saúde e, por fim, pensar em duas estratégias práticas que o futuro médico poderia adotar para reduzir tais barreiras.

Situação 1

O grupo analisou a vinheta de um homem surdo que chegou sozinho ao pronto atendimento com dor torácica intensa. A comunicação com a recepcionista e com a equipe de triagem se mostrou falha, pois ninguém compreendia Libras. O paciente tentou utilizar a escrita, mas o nervosismo o atrapalhou, comprometendo a coleta da história clínica e a segurança do atendimento.

Na identificação das barreiras, os estudantes destacaram diferentes dimensões. Um participante afirmou que a “voz” do paciente havia sido silenciada pela falta de acessibilidade. Outro ressaltou a presença de barreiras de comunicação e institucionais, expressas na ausência de profissionais capacitados em Libras e na burocracia que excluía o paciente do cuidado. Uma participante complementou apontando a barreira atitudinal, quando o profissional ignorava o paciente e falava apenas com o acompanhante, além da barreira organizacional, marcada pela inexistência de protocolos inclusivos e de estratégias alternativas de comunicação.

Quanto aos impactos na saúde e nos direitos, um dos estudantes destacou que a Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência não vinha sendo efetivamente cumprida. Outro enfatizou os riscos concretos de diagnósticos tardios, prescrições inadequadas e a sensação de não acolhimento, fatores que poderiam levar o paciente a evitar buscar atendimento e ampliar sua exclusão no sistema de saúde.

Na discussão sobre estratégias de enfrentamento, um dos participantes sugeriu medidas práticas que poderiam ser adotadas pelo futuro médico, como a capacitação em Libras, o uso de materiais visuais — cartazes, pranchas ou aplicativos — e recursos que auxiliassem o paciente a expressar sintomas e intensidade da dor. Outro estudante propôs a inclusão de disciplinas de Libras voltadas especificamente para a prática médica, organizadas em módulos contínuos ao longo da graduação, bem como a garantia de intérpretes em regiões com maior demanda de pessoas surdas.

Na síntese final, os estudantes concluíram que a ausência de acessibilidade comunicacional, institucional, atitudinal e organizacional comprometia diretamente o direito à saúde da pessoa surda. Observaram que a falta de preparo profissional e de protocolos inclusivos agravava desigualdades e fragilizava o cuidado. Por outro lado, apontaram soluções práticas e estruturais, desde a capacitação em Libras até mudanças curriculares e organizacionais, ressaltando que a equidade e o acolhimento deveriam estar no centro das práticas em saúde.

Situação 2

O caso inicial apresentado trouxe a situação de um homem surdo que chegava sozinho ao pronto atendimento com dor torácica intensa. A comunicação com a recepcionista e com a equipe de triagem se mostrou falha, já que ninguém compreendia Libras. O paciente tentou utilizar a escrita, mas o nervosismo atrapalhou, comprometendo a coleta da história clínica e a segurança do atendimento.

Em seguida, o grupo trabalhou outra vinheta, sobre uma pessoa cega que precisava compreender as instruções de uso de uma medicação. Os participantes identificaram diferentes barreiras capacitistas. Um dos destaques foi a barreira atitudinal, exemplificada pelo relato de infantilização e de desconfiança quanto à autonomia de pessoas com deficiência visual. Foi citada a experiência vivenciada em visita a um instituto para cegos, em que a coordenadora relatou situações nas quais médicos não olhavam diretamente para a paciente durante a consulta, dirigindo-se apenas ao acompanhante. Esse comportamento desconsiderava a capacidade da pessoa de relatar seus sintomas. Outro exemplo apontado foi a omissão, por parte de uma médica, da coleta de informações sobre vida sexual ativa de uma paciente cega durante um exame ginecológico, pressupondo que ela não tivesse interesse sexual, o que evidenciava um preconceito baseado unicamente na deficiência.

Também se discutiu a barreira comunicacional, representada pela ausência de bulas e instruções acessíveis. Participantes ressaltaram que os profissionais, em geral, entregavam apenas a prescrição escrita, sem fornecer orientações claras, o que limitava a compreensão do paciente sobre o uso da medicação. Foi lembrado que, embora haja normas da Anvisa que estabelecem a rotulagem de medicamentos em braille, esse recurso ainda se mostrou insuficiente. Essa limitação, segundo os alunos, colocava os pacientes cegos em situação de dependência de terceiros e de vulnerabilidade a erros de dose, atrasos e baixa efetividade do tratamento.

Outros participantes destacaram soluções criativas e de baixo custo já observadas na atenção básica, como o uso de recipientes diferenciados por cores ou texturas, que poderiam ser adaptados para pessoas com deficiência visual. Ressaltaram ainda a necessidade de ampliar a educação em saúde por meio de comunicação acessível, com recursos de áudio, envio de prescrições em formatos digitais e utilização de tecnologias assistivas, como aplicativos de leitura de tela e inteligência artificial, que já faziam parte do cotidiano de muitas pessoas cegas.

Além disso, discutiu-se que a barreira institucional se evidenciava quando serviços de saúde não garantiam esses recursos, descumprindo normas legais e negando o direito constitucional à saúde. Foi reforçado que a responsabilidade pela inclusão não deveria ser atribuída à pessoa com deficiência, mas à sociedade e às instituições, que precisavam oferecer as condições e tecnologias necessárias.

Na dimensão filosófica e reflexiva, um dos participantes citou Schopenhauer, lembrando que “o homem não vê nada além daquilo que o campo da sua visão permite enxergar”. A fala foi utilizada para ilustrar como o capacitismo se originava de uma visão limitada, que desconsiderava outras realidades e restringia o acesso pleno à saúde.

Nas propostas de estratégias, os alunos destacaram que o profissional de saúde deveria assumir o papel de agente de transformação, adaptando a comunicação, valorizando a autonomia do paciente e utilizando meios práticos de inclusão. Foram mencionadas medidas como a padronização de recursos acessíveis na formação médica, o fortalecimento do uso de tecnologias assistivas e a ampliação da comunicação digital. Por fim, enfatizou-se que o capacitismo persistia em parte porque pessoas com deficiência não constituíam um grupo com forte representação política, o que contribuía para a negligência dos seus direitos. Os estudantes concluíram que o combate ao capacitismo exigia colocar-se no lugar das pessoas com deficiência, garantindo-lhes cidadania plena, acesso universal à saúde e participação social efetiva.

Situação 3

A atividade iniciou-se com a apresentação do caso do senhor João, agricultor aposentado de 80 anos, que procurou a unidade de saúde relatando dor abdominal persistente há duas semanas, associada a náuseas e perda de apetite. Durante a consulta, o médico afirmou que “nessa idade é normal sentir dor aqui e ali, o corpo já não é o mesmo” e prescreveu apenas um analgésico leve, sem solicitar exames complementares. O paciente, inseguro com a persistência da dor, temeu que fosse algo mais grave. O grupo discutiu como esse caso ilustrava claramente uma situação de etarismo, em que a idade foi utilizada como justificativa para minimizar queixas clínicas, retardando o diagnóstico e comprometendo a qualidade do cuidado.

Na sequência, os estudantes revisitaram outras vinhetas da atividade sobre capacitismo. Foi relembrado o caso de uma pessoa cadeirante que tentou realizar uma consulta em um hospital com escadas, enfrentando barreiras físicas pela ausência de rampas e elevadores, comunicacionais pela falta de informações prévias sobre acessibilidade, institucionais por negar o direito constitucional à saúde, e atitudinais, quando a equipe de saúde tratava a situação como pontual, sem reconhecer que milhões de brasileiros vivem com deficiência.

Outro caso analisado foi o de um homem surdo que chegou sozinho ao pronto atendimento com dor torácica intensa. A comunicação com a recepcionista e com a equipe de triagem foi falha, pois ninguém compreendia Libras. O paciente tentou se comunicar por escrito, mas o nervosismo prejudicou a clareza das informações, comprometendo a anamnese e a segurança do atendimento. Os estudantes identificaram barreiras comunicacionais, institucionais e atitudinais, além da ausência de protocolos inclusivos. Eles ressaltaram que a falta de preparo profissional colocava em risco o diagnóstico e a adesão ao tratamento. Propuseram estratégias como a inclusão de disciplinas de Libras na graduação em Medicina, capacitação continuada, presença de intérpretes em regiões de maior demanda, bem como o uso de recursos visuais e aplicativos que auxiliassem o paciente a expressar sintomas e intensidade da dor.

Também foi discutido o caso de uma mulher cega que precisava compreender instruções de uso de medicação. Os estudantes apontaram como barreira atitudinal a infantilização e a desconfiança em relação à autonomia da paciente, frequentemente ignorada em consultas médicas. Destacaram ainda a ausência de bulas acessíveis em braille ou de explicações detalhadas pelos profissionais de saúde. Relatos incluíram experiências de exclusão em consultas ginecológicas, quando pressupostos capacitistas levaram à negligência de cuidados preventivos. Os alunos sugeriram estratégias práticas de baixo custo, como o uso de embalagens com texturas diferenciadas ou recursos digitais com leitura automatizada, além de uma comunicação em saúde adaptada, com explicações claras e detalhadas.

Outro grupo analisou a vinheta de uma pessoa com deficiência intelectual acompanhada por familiar, em que o médico se dirigia apenas ao acompanhante. Foram identificadas barreiras atitudinais, ao desconsiderar a autonomia do paciente; físicas, relacionadas ao ambiente confuso e pouco adaptado; institucionais, pela ausência de protocolos específicos no prontuário e de agendas flexíveis para esse público; e comunicacionais, quando a voz do paciente foi invisibilizada. Os estudantes destacaram que tais práticas violavam os princípios de dignidade, equidade e participação ativa previstos na Convenção da ONU sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência e na Lei Brasileira de Inclusão. Como estratégias, sugeriram que os profissionais se dirigissem primeiramente ao paciente, adaptassem a linguagem quando necessário e utilizassem recursos visuais de apoio. Reforçaram também a importância de formação em comunicação inclusiva e escuta ativa, bem como de currículos médicos que contemplem práticas acessíveis e inclusivas.

Na conclusão da atividade, os estudantes refletiram que a superação do etarismo e do capacitismo na atenção à saúde exigia mudanças de postura simples, como olhar para o paciente, dirigir a ele a palavra e respeitar sua autonomia, mas também transformações estruturais, como a inclusão de protocolos, tecnologias assistivas e formação profissional contínua. Reforçaram que acompanhantes deveriam ser vistos como apoio e não como substitutos da voz da pessoa com deficiência. Destacaram que toda pessoa tinha o direito de ser ouvida, compreendida e respeitada em sua singularidade.

Por fim, um dos alunos compartilhou uma experiência vivida em uma visita a uma rede de atenção a pessoas cegas, na qual uma funcionária alertou os futuros médicos: “Tratem o paciente como igual, falem diretamente com ele e não apenas com o acompanhante”. Essa fala foi tomada como um lembrete fundamental de que a responsabilidade pela inclusão cabia à sociedade e às instituições de saúde, e que os futuros médicos deveriam assumir o compromisso de promover uma atenção integral, equitativa e humanizada.

Situação 4

Na atividade, um estudante analisou a vinheta de uma pessoa cadeirante que tentou realizar uma consulta em um hospital que possuía apenas escadas. A cena ilustrou de forma evidente como a falta de acessibilidade comprometia o direito ao cuidado em saúde.

O aluno identificou diferentes barreiras capacitistas presentes na situação. A barreira física apareceu na ausência de rampas, plataformas ou elevadores que garantissem o acesso digno ao serviço. A barreira comunicacional ficou evidente pela falta de informações prévias sobre as condições de acessibilidade do hospital, como rotas e estruturas adaptadas. Já a barreira institucional se expressou na contradição entre a previsão constitucional do direito universal à saúde e a realidade de exclusão gerada pela ausência de acessibilidade. Por fim, a barreira atitudinal foi percebida na postura de profissionais que tratavam o problema como um caso isolado, sem considerar que pessoas com deficiência representam cerca de 10% da população brasileira, aproximadamente 24 milhões de cidadãos.

O estudante destacou também os impactos dessas barreiras sobre o direito à saúde. Segundo sua análise, a negação de acessibilidade poderia gerar desmotivação do paciente em continuar o tratamento, além de sentimentos de exclusão, humilhação e desvalorização. Apontou prejuízos diretos à saúde psicossocial e restrições à cidadania, já que o direito constitucional à saúde não era efetivado. Enfatizou ainda que a falta de acessibilidade favorecia atrasos ou abandono de tratamentos de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, agravando quadros clínicos, além de violar princípios fundamentais do SUS, como a universalidade e a equidade.

Por fim, o estudante propôs estratégias para a superação dessas barreiras. Entre as estratégias imediatas, citou a possibilidade de realizar consultas em ambientes acessíveis, como no térreo, a oferta de teleconsultas e a importância da escuta ativa, valorizando a experiência e as necessidades do paciente. Já como estratégias estruturais, defendeu o papel do médico como agente de transformação institucional, registrando e comunicando formalmente às autoridades a falta de acessibilidade, bem como exigindo adequações. Ressaltou ainda a necessidade de implementar efetivamente a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), em especial o artigo 27, que garante acessibilidade física nos serviços de saúde.

Considerações Finais

A atividade evidenciou como o capacitismo e o etarismo permanecem presentes no cotidiano da atenção à saúde, manifestando-se por meio de barreiras físicas, comunicacionais, institucionais e atitudinais que limitam o acesso, fragilizam a qualidade do cuidado e violam direitos fundamentais. Os casos analisados demonstraram que a ausência de acessibilidade compromete não apenas a experiência imediata do paciente, mas também sua autonomia, autoestima, continuidade de tratamento e cidadania, contrariando os princípios constitucionais e as diretrizes do SUS.

As discussões em grupo permitiram que os estudantes reconhecessem o impacto dessas barreiras na vida de milhões de brasileiros, refletindo sobre como práticas aparentemente simples — como dirigir a palavra ao paciente, adaptar a linguagem, utilizar recursos inclusivos ou garantir rampas e intérpretes — podem transformar a experiência do cuidado em algo mais digno, equânime e humanizado.

Ficou evidente, ainda, que o futuro médico precisa assumir um papel ativo como agente de transformação, tanto no microcontexto da consulta quanto no âmbito institucional da saúde, atuando para garantir acessibilidade, denunciar falhas estruturais e contribuir para a implementação efetiva da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015).

Portanto, a atividade reforçou que a superação do capacitismo exige não apenas mudanças estruturais, mas também mudanças de atitude no encontro clínico. Ao promover a escuta ativa, respeitar a autonomia do paciente e adotar estratégias inclusivas, os profissionais de saúde contribuem para um cuidado mais justo e humano, alinhado aos princípios de universalidade, equidade e integralidade que orientam a saúde no Brasil.

BANCA DE QUALIFICAÇÃO DE MESTRADO DE MAYRA CORREIA

#banca #qualificaçãomestrado #mestradoprofissional #banca #qualificaçãomestrado #mestradoprofissional #profsaude #tea #espectroautista #atençãoprimária
Registro da banca de qualificação da mestranda Mayra Correia Azevedo, aluna da Turma 5 do Mestrado Profissional em Saúde da Família – PROFSAÚDE/UFPB, com o projeto intitulado “Percepção de profissionais de uma Unidade Integrada de Saúde na cidade de João Pessoa-PB sobre o cuidado a crianças com Transtorno do Espectro Autista”.

25 de agosto de 2025

SELEÇÃO DE ALUNOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA EM MEDICINA 2025-2026

SELEÇÃO PARA INICIAÇÃO CIENTÍFICA EM MEDICINA 2025-2026

O projeto de pesquisa “ABORDAGEM COMUNICACIONAL DA HOMEOPATIA NO DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES CLÍNICAS: Percepções de Estudantes de Medicina” está com inscrições abertas para estudantes de graduação em Medicina da UFPB interessados(as) em atuar em pesquisa qualitativa.

Data e local da seleção: 01/09/25 – 10h00-12h00, sala 18 do CCM.

Vagas: 3 (2 vagas para estudante pesquisador bolsista – PIBIC - e 1 vaga para estudante pesquisador voluntário - PIVIC)

Como participar:

    • Manifestar interesse no SIGAA dentro do prazo estabelecido:

      Demonstração de interesse pelos(as) discentes (primeira indicação) Menu discente → Bolsa → Oportunidades de bolsa tipo de bolsa: Pesquisa → Fazer busca → Cadastrar interesse → Preencher os campos referentes ao perfil → Inscrever-se 

    • Etapas da seleção:

        1. Prova objetiva cobrindo os três eixos centrais: metodologia qualitativa, comunicação clínica e fundamentos da anamnese homeopática, conteúdo do Edital 01/2025 Propesq/UFPB.

        2. Carta de motivação, destacando o interesse em pesquisa científica e afinidade com o tema e a abordagem científica do projeto – levar impressa no dia da seleção

Pré-requisitos: estar regularmente matriculado no curso de Medicina a partir do 4º período (em curso ou posterior) até o 9º período da graduação e ter disponibilidade de 12h semanais para as atividades do projeto.


Referências sugeridas 

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011.

JURG, G. Decision making and semiotics: A view in homeopathy. International Journal of High Dilution Research, v. 7, n. 23, p. 103-112, 2008. 

LOCH-NECKEL, G.; CARMIGNAN, F. G.; CREPALDI, M. A. Percepção de estudantes de medicina sobre a formação em práticas alternativas e complementares. Ciência & Saúde Coletiva, v. 15, supl. 2, p. 2951-2960, 2010. 

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec, 2014.

MONTEIRO, S.; IRIART, J. A. B. O ensino da homeopatia na graduação em medicina no Brasil: dilemas e desafios. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 31, n. 2, p. 180-189, 2007. 

PORTO, C. C. Semiologia médica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.

POULTER, D. et al. Don't be a nocebo! Why healthcare organizations should value patients' expectations. Frontiers in Psychology, v. 15, 1393179, 2024. 

SOUSA, F. J. de; MOREIRA, M. C. N. Modelos explicativos em saúde: o clássico, o biopsicossocial e o modelo centrado na pessoa. Ciência & Saúde Coletiva, v. 13, supl. 1, p. 161-170, 2008. 

TEIXEIRA, M. Z. A natureza imaterial do homem: estudo comparativo do vitalismo homeopático com as principais concepções médicas e filosóficas. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: 2015. 

WILHELM, M. et al. Working with patients’ treatment expectations – what we can learn from homeopathy. Frontiers in Psychology, v. 15, 1398865, 2024. 

21 de agosto de 2025

VIII MENTORIA ACADÊMICA IFM/PROFSAÚDE-T5: Testando a Exposição Oral para a Qualificação

🎓 #mentoriaacademica #profsaude #ufpb #projetodepesquisa #educaçãonasaude
Ensaiando a apresentação para a qualificação do projeto!
Registro de uma sessão de mentoria acadêmica do Mestrado Profissional em Saúde da Família (PROFSAUDE), dedicada ao ensaio das apresentações para a banca de qualificação de projetos de pesquisa. Durante a atividade, os mestrandos apresentaram suas propostas e receberam comentários construtivos dos colegas e da orientadora, em um exercício de escuta, reflexão crítica e aprimoramento das habilidades de comunicação científica. O encontro teve como objetivos treinar a exposição oral, a gestão do tempo e a clareza na apresentação metodológica, além de favorecer a troca de experiências e o fortalecimento coletivo no processo formativo.

EXAME DOS PULSOS ARTERIAIS PERIFÉRICOS

 #pulsosarteriais #pulsos #pulsosperiféricos
#pulsosarteriais #pulsos #pulsosperiféricos #exameclinico #semiologiamedica 
Vídeo com legendas em português.

4 de agosto de 2025

RACISMO NO SISTEMA DE SAÚDE: Círculo de Reflexões com a Turma MedUFPB 120

#RacismoEstrutural #RacismoEmSaúde #MedicinaAntirracista #EducaçãoMédica #JustiçaSocial #CírculoDeDiálogo #EstudantesdeMedicina #SemiologiaHumanizada #FormaçãoMédica #EscutaAtiva #ReflexãoCrítica #SaúdeComEquidade #SemiovlogHumanitas #UFPB #Turma120MedicinaUFPB #MedicinaComEmpatia #ConsciênciaÉtica #MedicinaUFPB #ccmufpb #canalufpb
Neste vídeo, acompanhamos um Círculo de Diálogo com a turma 120 do curso de Medicina da UFPB. Mais do que uma aula, este momento foi pensado como um espaço de encontro – um encontro para ouvir, refletir e, sobretudo, reafirmar nosso compromisso ético com a vida, com a prática médica e com a justiça social.
O tema que conduz essa conversa é o racismo no sistema de saúde – uma questão que atravessa silenciosamente o cotidiano dos serviços de saúde, mas cujos impactos são profundos e concretos. Nosso propósito não é buscar culpados, e sim provocar consciência crítica. Queremos entender como as desigualdades raciais se expressam no cuidado em saúde e de que forma isso afeta pacientes, profissionais e o próprio funcionamento do sistema.

29 de julho de 2025

SUBJETIVIDADE NA SAÚDE E NA DOENÇA: Participação de Nossa Aluna Milagres

 #subjetividade #ccmufpb #ufpb#subjetividade #ccmufpb #ufpb #diversidadeesaude #medicina #estudantedemedicina #humanização #educaçãocrítica #reflexão 
Neste vídeo, nossa estudante de graduação em Medicina da #UFPB, Milagres, compartilha uma reflexão sensível e crítica sobre a importância de reconhecer a subjetividade no contexto da diversidade humana na saúde. Sua fala ressalta como as diferenças de identidade, cultura, gênero, raça e vivência impactam a forma como as pessoas adoecem, são cuidadas — e como desejam ser cuidadas.
A reflexão de Milagres propõe o rompimento com práticas reducionistas e convida à escuta qualificada, à empatia e à valorização da singularidade de cada sujeito no cuidado em saúde.

📚 Este vídeo integra as atividades formativas da disciplina “Diversidade Étnico-Cultural na Medicina”, promovendo o protagonismo discente e o compromisso com uma formação ética, crítica e humanizada.

27 de julho de 2025

VI ENCONTRO DA TURMA 16-PPGOA/UFPB: Noções sobre Amostragem

#metodologiacientifica #abordagemquantitativa #ppgoa #ufpb #mestradoprofissional #aulaonline #projetodepesquisa #estatísticainferencial #problemadepesquisa #métodos #amostragem
Este vídeo tem o registro da Parte 1 do V encontro com a turma 116 do PPGOA/UFPB na disciplina de tópicos em aprendizagem em organizações aprendentes I.
Nesse VI Encontro, discutimos sobre amostragem.

24 de julho de 2025

TESTE DE HIPÓTESES DESCOMPLICADO: ENTENDA O QUE ESTÁ POR TRÁS DO VALOR DE P

#pvalue #testedehipóteses #inferênciaestatística
Você sente que entender o teste de hipóteses é como decifrar um enigma estatístico? Neste vídeo, vamos descomplicar esse tema central da inferência estatística! De forma clara e acessível, explicamos o raciocínio por trás da formulação de hipóteses, a importância do valor de p, e como interpretar os resultados dos testes. Ideal para estudantes de mestrado, TCC ou qualquer pessoa que esteja começando a explorar o universo da análise de dados.

23 de julho de 2025

A ARTE DE OUVIR: POR QUE ACOMPANHAR ESTUDANTES NA ANAMNESE É ESSENCIAL?

 


🩺✨ Primeiros passos na arte de ouvir: meus alunos vivenciando sua primeira anamnese — um marco na formação médica, onde escutar o outro é o início de todo cuidado. A Primeira anamnese a gente nunca esquece! Começando a jornada de ouvir com atenção, acolher com empatia e cuidar com responsabilidade. Estes são cinco dos meus alunos de práticas do grupo de tutoria em Semiologia neste semestre 2025.1 na nossa universidade (UFPB), nota máxima na avaliação do Ministério da Educação em 2025: Ana, Neto, João Gabriel, João Pedro e Rodrigo.

Com mais de três décadas ensinando semiologia médica, aprendi que a anamnese é muito mais do que uma etapa inicial da consulta. Ela é o momento em que o médico se apresenta ao paciente como alguém disposto a escutar, acolher e compreender. É, sobretudo, um exercício profundo de empatia, escuta ativa e construção de vínculo.

Mas essa arte não nasce pronta.

Estudantes de medicina, ao se depararem com a tarefa de conduzir uma anamnese, enfrentam inseguranças naturais: como formular perguntas? Como lidar com o silêncio? Como reagir diante de uma emoção inesperada? Como ordenar as informações e, ao mesmo tempo, manter o acolhimento? Essas dúvidas não se resolvem apenas com teoria. Exigem vivência, repetição, orientação — e, acima de tudo, acompanhamento.

A presença do professor ou preceptor nesse processo faz toda a diferença. Não se trata de "corrigir" a entrevista, mas de ajudar o estudante a encontrar sua voz, seu estilo, seu modo humano de se comunicar com o outro. Acompanhá-lo é oferecer segurança, modelar atitudes, apontar caminhos éticos e técnicos, e ensinar que cada pergunta carrega um gesto de cuidado.

É também mostrar que a anamnese não é um roteiro engessado, mas uma conversa orientada por escuta atenta e respeito. A experiência clínica nos ensina que muitos diagnósticos se revelam nas entrelinhas do discurso do paciente — e o estudante precisa aprender a "ler" essas entrelinhas.

Além disso, é no acompanhamento que cultivamos valores fundamentais para a prática médica: humildade, paciência, atenção plena. É ali, no contato com o paciente real, que o estudante compreende que a medicina começa com uma história — e que saber ouvir bem é o primeiro passo para cuidar com excelência.

Acompanhar estudantes na anamnese é, portanto, um gesto de compromisso com o futuro da medicina. É formar não apenas profissionais competentes, mas médicos sensíveis, capazes de ouvir com o coração e interpretar com o raciocínio clínico.

Que continuemos, como educadores, a valorizar esse momento formativo. Porque toda boa medicina começa com uma boa escuta — e todo bom médico, com alguém que o ensinou a escutar.

“Ser médico é, antes de tudo, ser um bom ouvinte.” (Pedro Nava)

A SEÇÃO DE MÉTODOS DO PROJETO DE PESQUISA

#metodologiacientifica #abordagemquantitativa #ppgoa #ufpb #mestradoprofissional #aulaonline #projetodepesquisa #problemadepesquisa #métodos 
Este vídeo tem o registro do IV encontro com a turma 116 do PPGOA/UFPB na disciplina de tópicos em aprendizagem em organizações aprendentes I.
Nesse IV Encontro, buscamos discutir sobre a seção de MÉTODOS de um projeto de pesquisa.