23 de novembro de 2020

HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA NAS ARTES VISUAIS

A história e a perspectiva histórica sobre os transtornos mentais em todo o mundo são diversas, instigantes e apavorantes. Em cada período histórico, a "loucura" foi vista de uma forma diferente. Ao longo da história, as explicações sobre a natureza da loucura variaram entre o psicológico e o físico, entre o espiritual e o material: isto é, entre ver a doença mental como uma desordem da psique ou da alma, ou vê-la como uma desordem do cérebro . Ao longo dos séculos, muitos tentaram reconciliar esse aparente conflito.

Portanto, os problemas dos doentes mentais desafiaram a sociedade e os médicos durante séculos. Em tempos passados, seu comportamento estranho frequentemente associado à insanidade era interpretado como resultado de possessão demoníaca.

Desse modo, podemos traçar a evolução das ideias sobre a loucura por meio das artes, que refletiram desenvolvimentos e também moldaram a forma como a loucura foi percebida e tratada.

Este nosso colóquio de hoje na nossa disciplina forneceu um breve levantamento histórico, usando exemplos das artes para ilustrar fatos, episódios e reflexões importantes.

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16 de novembro de 2020

HISTÓRIA DA CIRURGIA: DO SUB-HUMANO AO SOBRE-HUMANO

A cirurgia como a conhecemos não começou, de verdade, até o final do século XIX e, mesmo então, a infecção era muito frequente e os resultados eram ruins.

A cirurgia percorreu um longo caminho desde os dias de Hipócrates, quando as operações eram frequentemente consideradas o último recurso, e os médicos preferiam praticar medidas conservadoras antes de cogitar qualquer procedimento cirúrgico heroico. Os últimos 2.000 anos testemunharam grandes mudanças de paradigma nas teorias da ciência e da medicina, e a cirurgia não foi diferente disso de forma alguma. Sem o advento da teoria microbiana, sem a descoberta da assepsia e dos antibióticos e sem o desenvolvimento da anestesia, a cirurgia como a conhecemos hoje simplesmente não existiria.

Este vídeo resultou do colóquio realizado hoje na Disciplina de História da Medicina e da Bioética (CCM/UFPB), cuja dinâmica foi baseada na sala de aula invertida, uma tempestade de ideias e um metaplan, adaptados para o meio virtual.

O título deste vídeo foi uma contribuição da nossa aluna Nadiadja Vaichally Cavalcanti: Do Sub-humano ao Sobre-humano. Esta assertiva parece representar bem a odisseia que representou a história da cirurgia ao longo de mais de 2.500 anos de evolução.

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12 de novembro de 2020

QUAL A SUA HIPÓTESE DIAGNÓSTICA?

Imagem para discussão com estudantes do Curso Módulo Integrativo de Fisiopatologia e Raciocínio Clínico/Medicina/CCM/UFPB

Paciente de 33 anos, sexo feminino, casada, funcionária pública, previamente saudável, foi admitida em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com uma história de dois dias de letargia e mal-estar geral. No terceiro dia, ela passou a apresentar dor contínua e de moderada intensidade no membro superior direito, sem fatores de piora ou de melhora e associada a astenia.

A paciente refere ter apresentado sinais gripais cinco dias antes, dois episódios de vômitos e duas evacuações líquidas, quando procurou a unidade básica de saúde e foi tratada com paracetamol por três dias pelo médico, que afirmou se tratar de uma infecção viral e recomendou que ela voltasse para reavaliação após este período.

Na manhã do dia da admissão na UPA, ela notou que seus lábios e língua estavam inchados e começou a sentir leve dispneia. Então, seu marido chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência 192 (SAMU), em cuja ambulância ela recebeu injeção de adrenalina subcutânea pela equipe socorrista e foi transferida para a UPA para avaliação e tratamento adicional.

Ela não era fumante e nunca consumiu bebidas alcoólicas. Além disso, não tinha doenças crônicas e não tomava medicamentos de uso contínuo.

Na admissão, a paciente apresentava pulso de 110bpm, frequência respiratória de 22 irpm, PA de 110/70 mmHg e estava com temperatura axilar de 38,9 graus Celsius. Ela estava agitada. Três horas depois, começou a apresentar inchaço em todo o rosto, que apresentava pele íntegra e sem eritema, sem erupção cutânea ou lesões de pele. O exame da cavidade oral revelou língua edemaciada, faringe e mucosa oral sem foco infeccioso detectável. Não havia rigidez do pescoço, sem sinais neurológicos de localização e sua pontuação na Escala de Coma de Glasgow de 14. Não havia aumento local da temperatura e a palpação dos tecidos moles da cabeça e pescoço foi normal, sem dor localizada e sem linfonodos palpáveis ​​. A ausculta apresentava roncos difusos. O exame do sistema cardiovascular foi normal. O exame abdominal revelou dor localizada na fossa ilíaca esquerda. O exame ginecológico foi normal. O exame do membro superior direito não revelou anormalidades. Não havia sinais de eritema ou lesões de pele. A palpação da pele e subcutâneo (tecidos moles) foi normal, sem dor e de consistência normal. Movimentos ativos nas articulações do ombro, cotovelo e punho estavam dentro da normalidade e eram indolores. Todos as pulsos periféricos estavam normais com enchimento capilar periférico satisfatório.

A paciente foi encaminhada para a área vermelha da UPA e oito horas depois, sua pontuação na Escala de Glasgow caiu para 7 e aumentou a dificuldade respiratória. A pressão arterial caiu para 100/60 mmHg e o pulso aumentou para 125 bpm. A paciente foi, então transferida para um hospital, onde foi encaminhada para a unidade de terapia intensiva, imediatamente intubada e ventilada artificialmente. Foi feita reposição volêmica e iniciado esquema antibiótico de amplo espectro.

Durante as 18 horas seguintes, uma erupção cutânea eritematosa apareceu no membro superior direito, que progrediu rapidamente para uma bolha na face medial do braço com edema intenso, que rompeu e deixou o local com aspecto de pele "escaldada" (ver foto no topo desta postagem). Não houve elevação local da temperatura e a consistência local da pele era mole com circulação capilar periférica satisfatória.

Texto em elaboração - Discussão.

11 de novembro de 2020

HISTÓRIA DA MEDICINA: CIRURGIA NA ANTIGUIDADE

Embora possa parecer intuitivo descrever a cirurgia como uma prática médica "moderna", suas origens podem, de fato, remontar a milhares de anos, na era pré-clássica e até na neolítica. A história da cirurgia remonta ao período Neolítico ou Idade da Pedra Polida -  estágio final da evolução cultural ou desenvolvimento tecnológico entre humanos pré-históricos (aproximadamente 10.000 a 5.000 a.C.). O fato de se utilizarem artefatos construídos a partir de pedras polidas dava maior precisão ao corte nos instrumentos de caça, pesca e também nos de utilização cotidiana. A maior parte dos artefatos era feita de sílica ou quartzo, mas também de ossos de animais e de marfim, chegando-se ao final do período ao desenvolvimento de artefatos também de metal. Em procedimentos invasivos como craniotomias e reduções de fraturas, sem nenhum conhecimento fisiopatológico e anatômico, ocorriam mutilações sangrentas.

Para colocar um cronograma como esse em perspectiva, a escrita não foi desenvolvida até 3.500 a.C., pois só surgiu entre os sumérios, na região da antiga Mesopotâmia. 

As primeiras cirurgias eram rudimentar antes de a própria história ser registrada!... 

Na época em que o homem trocou seu modo de conseguir alimentos, passando a cultivá-los. Foram encontrados, na Europa Mediterrânea vários casos de trepanação craniana, dessa época  apresentando alguns sinais de consolidação óssea, o que indica que as pessoas que foram submetidas a esse procedimento cirúrgico primitivo sobrevivetam.

Na Antiguidade, é preciso destacar que na Índia, há aspectos cirúrgicos de relevância histórica, no século IV a.C., quando houve desenvolvimento da cirurgia plástica, principalmente das rinoplastias. Os prisioneiros de guerra e os adúlteros, e outros transgressores, eram punidos com a amputação do nariz, cuja reconstrução era feita à custa de retalhos da região frontal. O costume de perfurar a orelha e alargar a sua abertura também os fizeram desenvolver técnicas de reparo. Foram criadas técnicas de reparo de lábio leporino, hérnias, cálculos vesicais, catarata e amputações, desenvolvendo-se assim a cirurgia independentemente da medicina grega. Havia muitos instrumentos cirúrgicos na Índia durante a Antiguidade, mas seus conhecimentos anatômicos eram precários devido à proibição da dissecção. O médico, nessa época, praticava tanto a medicina quanto a cirurgia, pois estas eram consideradas distintas, mas complementares.

A cirurgia plástica era feita com enxertos de pele na Índia antiga. Durante o século VI a.C., um médico indiano chamado Sushruta Samhita - amplamente considerado na Índia como o "pai da cirurgia" – e que viveu 150 anos antes de Hipócrates - escreveu um dos primeiros trabalhos do mundo em medicina e cirurgia.

Os médicos gregos também se envolveram em cirurgia, mas a maioria se voltou para tratamentos menos invasivos, como ervas ingeríveis e aplicações tópicas de pomadas e cataplasmas. Hipócrates pregou sobre os méritos de “dieta, descanso e exercício adequados”. Embora a cirurgia às vezes fosse necessária, principalmente na remoção de corpos estranhos, não era o foco da prática médica hipocrática. De fato, versões iniciais do Juramento de Hipócrates alertaram os médicos contra o uso da cirurgia.

A Antiga Escola de Alexandria ou Escola Neoplatônica de Alexandria,  na cidade de Alexandria, no Egito, foi a maior escola da Antiguidade Clássica e comportava bibliotecas e museus, e foi onde a Anatomia atingiu pela primeira vez o status de disciplina. Essa escola foi o berço dos saberes e conhecimento por cerca de 700 anos, principalmente, entre o III a.C. até o V a.C.

No Império Romano, muitos médicos eram pessoas que foram escravizadas pelos romanos, portanto sua posição social era baixa. Como as taxas de cura eram também reduzidas, muitas pessoas até os desprezavam.

Os hospitais, como são conhecidos hoje, não existiam em Roma antiga. Instalações hospitalares estavam disponíveis apenas em campos militares.

Muitos instrumentos cirúrgicos recuperados usados durante o Império Romano indicam que a arte da cirurgia progrediu e proliferou durante esse período. Tanto Cláudio Galeno quanto Cornélio Celso enfatizaram a importância da cirurgia no treinamento do médico. O exército romano possuía uma grande variedade de instrumentos cirúrgicos, que variavam de bisturis, pinças e  serras. Galeno foi médico dos gladiadores romanos e dos nobres do império.

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9 de novembro de 2020

HISTÓRIA DA CIRURGIA: UMA BREVE INTRODUÇÃO

A história da cirurgia é fascinante, mas também apavorante... O conhecimento da história da cirurgia não é essencial para o cirurgião, para a sua prática, porém a sabedoria e a cultura que ela carrega são compensadoras e fornecem subsídios para uma melhor compreensão da própria cirurgia atual.

O que temos a aprender com a história da cirurgia? Aprender melhor sobre a própria medicina e cirurgia, o que, a propósito, pode ser muito novo e interessante porque, parafraseando o ex-presidente americano Harry Truman,  "a única coisa nova que existe é a história que não lemos ainda".

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HISTÓRIA DA RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE: COLÓQUIO COM A TURMA 110/MED/UFPB

Este vídeo contem a nossa telerreunião sobre a história da relação médico-paciente com a turma 110 do curso de graduação em medicina da UFPB. Narrativas visuais, como quadrinhos e animações, estão sendo cada vez mais usadas como uma ferramenta para a educação e comunicação nos estudos universitários. Combinando os benefícios da visualização com metáforas poderosas e narrativas baseadas em personagens, os quadrinhos têm o potencial de tornar os assuntos acadêmicos mais acessíveis e envolventes para os alunos e para um público mais amplo.

A relação médico-paciente passou por mudanças importantes ao longo dos tempos. Antes dos últimos 40 anos, a relação era predominantemente entre um paciente em busca de ajuda e um médico cujas decisões eram obedecidas de forma passiva pelo paciente. Mas nas últimas décadas, surgiu um grande número de publicações dedicadas à necessidade de mudança na relação médico-paciente. Hoje, estamos vivendo uma transição do paradigma a partir do modelo biomédico para um modelo clínico centrado na pessoa.

O modelo mais tradicional da relação médico-paciente tem sido chamado de relação "centralizada no médico" ou "centralizada na doença", caracterizando uma relação que tende a ser mais autoritária, na qual o paciente e suas necessidades têm papel passivo e o médico passa a ser o detentor de toda a expertise e conhecimento. Antigamente, o nível educacional das pessoas em geral era relativamente baixo e o conhecimento sobre saúde era muito limitado entre os pacientes, que dependiam da autoridade profissional dos médicos.

Mas houve uma mudança no que é considerado o modelo ideal de relação entre profissionais de saúde e pacientes. Modelos paternalistas tem sido substituídos por modelos nos quais mais ênfase é colocada no respeito à liberdade do paciente e no compartilhamento da tomada de decisões, os médicos devem se envolver no conhecimento da influência dos valores, objetivos e decisões do paciente.

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