17 de março de 2020

Feedback aos Alunos de Semiologia 2019.2 - Osce realizado em 13.03.20

O objetivo deste vídeo foi fornecer a devolutiva de nossa experiência na realização de um OSCE na disciplina de Semiologia em relação a uma das estações. 
Tarefa para o estudante da Semiologia: Realizar uma História da Doença Atual (HDA) focada em quadro de dor de cabeça de uma mulher de 22 anos que se apresenta à Unidade de Pronto Atendimento depois de acordar com o início repentino de uma forte dor de cabeça
Objetivo instrucional da estação: Aferir a capacidade do aluno de obter a HDA focada, mas completa, da dor de cabeça da paciente.

15 de março de 2020

SEMIO-OSCE: Cefaleia


A dor de cabeça é uma das queixas médicas mais comuns, com inúmeras causas subjacentes e muitos padrões de apresentação. A “dor de cabeça” ocorre em diferentes especialidades, ocorre em todas as faixas etárias e em ambientes agudos e crônicos.
---  Em construção 

13 de março de 2020

Diversidade nos Serviços de Saúde: Promovendo a Acessibilidade Para Usuários com Necessidades Especiais em um Hospital Universitário


Introdução: O presente projeto de extensão representa uma resposta à percepção de problemas de acessibilidade para usuários portadores de deficiências no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) e a conscientização das barreiras que esses usuários enfrentam no serviço. Por conta da percepção desta realidade no dia-a-dia do serviço, é necessário que se faça o diagnóstico da situação a partir da visão dos próprios pacientes e de sua reflexão a respeito, em conjunto com a equipe do projeto, por meio da troca de saberes, para encontrar maneiras de superação. Apesar de o Brasil ter cerca de 45,6 milhões de brasileiros com pelo menos um tipo de deficiência, ainda falta a promoção de condições para inclusão das pessoas com limitações de mobilidade nos edifícios hospitalares. Segundo mostra estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo Demográfico de 2010, no Brasil há cerca de 45,6 milhões de brasileiros com mobilidade reduzida, ou seja, quase 24% da população. Em virtude de sua condição de saúde ou comprometimento, eles frequentemente - mas nem sempre - têm necessidades adicionais de saúde. Estes não devem defini-los, porque ter necessidades de saúde faz parte da condição humana. Uma barreira que talvez seja conceitualmente direta surge do acesso físico limitado aos serviços de saúde. Por outro lado, estudantes de graduação carecem de convivência com a diversidade entre os usuários dos serviços de saúde, que proporcionará novas experiências, combatendo o preconceito, estimulando o respeito às diferenças e valorizando a diversidade por meio do reconhecimento da igualdade na sua futura profissão. 
Objetivos: Promover a acessibilidade e inclusão dos usuários com deficiências atendidos no espaço ambulatorial do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW). 
Metodologia: O caminho metodológico a ser seguido no presente projeto de extensão baseia-se nos fundamentos da pesquisa-ação, considerando a possibilidade de uma aproximação entre teoria e prática, assim como da participação ativa dos sujeitos envolvidos com a realidade que será objeto das ações extensionistas. Este percurso metodológico também propiciará o aprendizado e reflexão dos alunos participantes do projeto, que serão de vários cursos de graduação da área da saúde de do curso de arquitetura da UFPB, sobre a realidade e a importância da proximidade com as necessidades da saúde, suas práticas e dificuldades estimulando seu senso crítico, no tocante as necessidades específicas da população-alvo do projeto. O projeto seguirá a metodologia de pesquisa-ação na análise da realidade e dos meios existentes para administrá-la coletivamente, com os próprios sujeitos integrantes dessa realidade, sendo esta metodologia considerada um dos melhores métodos para trabalho de extensão, para desenvolver um processo educativo centrado nos sujeitos envolvidos e, ao mesmo tempo, promover uma troca de saberes. Na pesquisa paralela ao projeto de extensão, a pesquisa-ação também se enquadra no estudo de caso sobre a análise da realidade e dos meios existentes para administrá-la com os sujeitos integrantes do processo, articulando seus diversos níveis e a transversalidade dos processos, da singularidade das questões apresentadas por eles e às particularidades institucionais. A princípio, será desenvolvido levantamento e estudo bibliográfico e de documentos elaborados sobre o tema em foco, entrevistas individuais e/ou coletivas com usuários com deficiência atendidos no setor ambulatorial do HULW. Em seguida, será realizado um trabalho de verificação (diagnóstico) e conscientização, com primeiros encontros do grupo do projeto (estudantes, servidores e docentes), com rodas de conversa onde os envolvidos debaterão os assuntos relacionados, com leituras e discussões de temas de deficiência, diversidade e acessibilidade (arquitetônica, clínica e psicossocial), conhecimento das leis e dos termos técnicos relacionados, discussão sobre a importância de se tratar o assunto e quais atitudes podem ser tomadas de forma a efetivar a sensibilização do outro e que medidas poderiam facilitar o acesso do usuários portadores de necessidades especiais de uma forma geral. Serão revisadas as políticas públicas relacionadas à acessibilidade de pessoas com deficiência para elaboração de propostas para remover barreiras no sentido de tornara atenção da instituição mais equitativa para as pessoas com deficiência. Posteriormente, será executada a terceira etapa, de identificação de barreiras, sejam limitações físicas ou atitudinais, e refletir sobre o problema, elaborando propostas para superá-las. A revisão da NBR 9050, em 2015, e a criação da NBR 16.537, que trouxeram novos aspectos e parâmetros que precisam ser avaliados nos serviços de saúde, serão tomadas como referência normativa, mas haverá uma gestão participativa, com acompanhamento técnico sistemático e continuado quanto ao desenvolvimento de ações de disseminação de informações e de conhecimentos na população envolvida (capacitação). A Visita Técnica será realizada após a Vivência Prática, a fim de documentar através de fotos, as situações do cotidiano, condições de acessibilidade e os ambientes hospitalares propriamente ditos. A visita será acompanhada pela arquiteta que fará parte do projeto. Será elaborado e aplicado um questionário pelos componentes do projeto (público interno – alunos de graduação em medicina, fisioterapia, serviço social, terapia ocupacional, fonoaudiologia e arquitetura), baseados nas planilhas propostas no Programa de Acessibilidade às Pessoas com Deficiência ou Mobilidade Reduzida nas Edificações de Uso Público. Propostas de adaptações de acessibilidade no HULW serão fundamentadas a partir de um estudo de caso do Setor Ambulatorial do hospital, visando torná-lo acessível para utilização plena e autônoma por todos os seus usuários, que serão articuladas com as ideias levantadas pelos próprios usuários. Serão destacadas também as medidas de acessibilidade já existentes com relação às pessoas portadoras de deficiências e/ou mobilidade reduzida, tanto quanto com a saúde, conforto e bem-estar de seus pacientes e serão sugeridas modificações a partir das barreiras identificadas com base na adequação à NBR 9050/2015 do subsistema hospitalar em questão. Os métodos utilizados para identificação de barreiras à acessibilidade serão a visita exploratória, a entrevista com os usuários, o walkthrough, as planilhas de avaliação, o passeio acompanhado e a matriz de descobertas. A acessibilidade espacial será classificada através dos seguintes componentes, que trazem diretrizes que definem características espaciais de forma a permitir a acessibilidade a edifícios públicos ou, ao contrário, apresentar possíveis restrições, tais como orientação espacial (características que permitem ao usuário reconhecer a identidade e as funções dos espaços, para definir estratégias para seu deslocamento e uso); comunicação (possibilidade de troca de informações interpessoais, ou troca de informações pela utilização de equipamentos de tecnologia assistiva, que permitam o acesso, a compreensão e participação nas atividades existentes); deslocamento (poder movimentar-se ao longo de percursos horizontais e verticais de forma independente, segura e confortável, sem interrupções e livre de barreiras físicas para atingir os ambientes de destino); e uso (relacionado à participação e realização de atividades de forma efetiva por todas as pessoas). Em primeiro lugar será feito um reconhecimento do espaço ambulatorial por meio da técnica do walkthrough, incluindo os percursos diversos aos acessos à edificação, e a circulação interna do ambulatório. Posteriormente, para representar as condições de acessibilidade física mediante a percepção do usuário no setor ambulatorial do HULW, serão realizados passeios acompanhados com quatro usuários com diferentes características: um cadeirante, um portador de deficiência visual, um convidado com mobilidade reduzida e um sem deficiência ou mobilidade reduzida, para gerar conhecimento das condições de acesso e orientação. Pela facilidade de aplicação e sua flexibilidade, este método antecederá as próximas etapas do projeto de extensão, e seu resultado e o conhecimento gerado contribuirão para definição das rotas para a etapa seguinte, o Passeio Acompanhado, para avaliar as condições de uso do espaço construído através da percepção do usuário em situações reais. Para sua realização, será definida uma rota a ser percorrida e um ou mais usuários serão convidados a participar, acompanhado pela equipe do projeto de extensão, que registrará suas impressões e as do entrevistado, e os comentários, transcrevendo falas importantes e fotografando eventos significativos. As visitas permitirão compreender situações enfrentadas pelos usuários portadores de deficiência na identificação de problemas de acessibilidade física no dia a dia. Ao verbalizar as ações, os usuários compartilharão com os acompanhantes as decisões tomadas durante o percurso e os fatores que as motivaram. O Mapeamento Visual contribuirá para o entendimento da relação do usuário com o lugar, identificando se há adequação do espaço através das vivências e memórias do entrevistado. O método possibilita avaliar a percepção dos usuários em determinado ambiente por meio da identificação de aspectos positivos e negativos na própria planta baixa - que deve ser humanizada e apresentar desenhos de mobiliários e equipamentos que facilitem o entendimento do espaço estudado.

10 de março de 2020

Medicina nos Séculos XVI e XVII: Vesalius, Paré e Harvey

A partir dos anos 1450, a Idade Média deu lugar ao Renascimento, a Era dos Descobrimentos. Isso trouxe novos desafios e soluções. O início da era moderna foi um momento efervescente para a medicina, com o conhecimento do corpo humano progredindo de maneiras fundamentais - embora as causas das doenças continuassem sendo um mistério. Houve um renascimento do aprendizado. As universidades se desenvolveram e com elas, as escolas de medicina.
O Renascimento propiciou condições para o início do método científico, que foi vital para o desenvolvimento da medicina. Apesar de a medicina no século XVI não ter experimentado um renascimento comparável ao observado nas artes - a revolução médica ainda estava a um século de distância - não poderia deixar de ser apanhada pela onda humanista que varria a Europa. Enquanto a revolução copernicana provocou uma reviravolta na cosmologia medieval, a Reforma Protestante minou o dogma católico e questionou a relação entre Deus e o Homem, e os avanços técnicos - liderados pela impressão - levaram a uma transformação sem precedentes no conhecimento e na prática.
A liberdade do Renascimento levou os médicos a explorar novas descobertas na ciência e na medicina, especialmente através da dissecção de cadáveres. Ao ver por si mesmos como é a fisiologia humana, eles foram capazes de usar isso como base para pesquisas e experimentos posteriores. Através da observação direta, eles foram capazes de aprender como o corpo funciona.
Portanto, o Renascimento impulsionou a Revolução Científica, que surgiu para questionar as soluções desenvolvidas pelos sábios da Antiguidade e absorvidas pelos teólogos cristãos – surgiram, então, os cientistas, que valorizavam a razão, apresentando uma atitude crítica que os levava a observar os fenômenos naturais, realizar experimentos, formular hipóteses e buscar sua comprovação. É claro que essa nova mentalidade enfrentou resistências, sobretudo da Igreja, presa aos seus dogmas e às tradições medievais. 
O início do século XVII é conhecido como o começo da Revolução Científica pelas mudanças significativas evidenciadas na abordagem do conhecimento europeu durante esse período. A palavra “revolução” se refere a um período de turbulência, em que as ideias sobre o mundo mudam drasticamente com a introdução de uma era completamente nova no pensamento acadêmico. Esse termo, portanto, descreve com bastante precisão o que ocorreu na comunidade científica após o século XVI, em que a filosofia científica medieval foi abandonada em favor dos novos métodos propostos por Bacon, Galileu, Descartes e Newton.
A era moderna explodiu inteiramente durante o período dos séculos XVII e XVIII, conhecido como Iluminismo, mas as sementes foram plantadas durante o Renascimento.
Três figuras-chave levaram ao avanço significativo do conhecimento na Era Moderna: Vesalius, Paré e Harvey. Este vídeo é sobre estes médicos renascentistas revolucionários.

9 de março de 2020

Como Ele Aprendeu Raciocínio Clínico...


 Dr. Pedro Gordon, médico e professor titular da Faculdade São Lucas e professor associado aposentado da Universidade Estadual de Londrina-PR

3 de março de 2020

História da Loucura, Modernidade e Pós-Modernidade


Esta figura representa o resultado de um brainstorming como estratégia de ensino para gerar ideias sobre o tópico "História da Loucura", no módulo de História da Medicina e da Bioética, no terceiro período da graduação em medicina da Universidade Federal da Paraíba. Foi uma estratégia que ajudou a promover habilidades de pensamento, em que os alunos foram solicitados a pensar em aspectos descritivos ou explicativos referentes à história da loucura desde a antiguidade até a pós-modernidade. 
Esse exercício que tentei na atividade didática de ontem foi apenas uma maneira de debater, estimulando os alunos a pensar mais ampla e espontaneamente. Não foi uma sessão de ensino planejada, mas foi importante saber o que os eles  estavam entendendo sobre a temática proposta. Portanto, o brainstorming foi uma boa maneira de ajudar os alunos a pensar sobre o tópico proposto e compartilhar suas ideias a partir de uma pergunta norteadora, incluindo períodos históricos amplos. 
A reflexão sobre o passado de muitas disciplinas médicas foi prática de médicos em exercício em uma época distante com objetivos talvez diferentes dos atuais, das histórias especializadas, como a da psiquiatria. A psiquiatria, como disciplina  da medicina, é um projeto essencialmente modernista. No entanto, nas ciências humanas e sociais, há um crescente consenso pós-moderno de que o modernismo foi um projeto falho. A psiquiatria nasceu em um momento falho? Pode-se dizer que a psiquiatria, a mais próxima das especialidades médicas em relação às ciências humanas e sociais, foi uma das primeiras áreas a se defrontar com a teoria pós-moderna. 
O processo de construção da loucura como doença mental é um tópico instigante; sondar suas implicações no que se refere à formulação e à implantação de novos mecanismos de controle social na sociedade, mediante a criação de instituições asilares e a ampliação das possibilidades de reclusão de um progressivo número de pessoas que receberam o diagnóstico de doentes mentais é explorar os significados, significantes e referentes da crescente abrangência das fronteiras da chamada ‘anormalidade’. Quanto a isso, alguns estudos especificamente dedicados ao tema da loucura deram o norte teórico e metodológico da pesquisa, entre os quais destaca-se, em primeiro lugar, a obra clássica de Michel Foucault, bem como os trabalhos desenvolvidos por alguns estudiosos do tema nas trilhas das reflexões do próprio Foucault. Um dos estudos centrais da interação entre insanidade e as visões culturais ocidentais a obra “História da Loucura na Idade Clássica”, publicada pela primeira vez em 1961. Foucault discute a história da loucura através do Iluminismo, um momento em que ele mostra que o louco é transformado na sociedade moderna no doente mental. Assim, a mudança na concepção de loucura n civilização ocidental é uma tema central na história da Psiquiatria.
O conhecimento em geral, e a prática psiquiátrica em particular, não podem ser entendidos isoladamente de outras instituições de coerção e disciplina. É uma divisão em preto e branco de médicos "ruins" e de pacientes "bons" ou o exercício médico do poder como necessariamente "ruim" e a resistência a ele como necessariamente "boa". Reduz-se o passado da história social da psiquiatria em “oprimidos” e “opressores” que emanavam de sua própria prática e posição institucional. 
Historicamente, o louco nem sempre fora tratado como pessoa “perigosa”, cujo comportamento fosse sentido como ameaça, física ou moral, e cujo tratamento recebido devesse ser semelhante ao que a sociedade ocidental faz com a delinquência. O próprio Foucault, em outra de suas obras, “O Nascimento da Clínica”, revela como o tratamento dado ao doente mental foi se modificando ao longo do tempo, passando de uma licenciosidade e mesmo acolhimento na maioria dos casos, para uma total intolerância, mesmo em casos que não oferecem perigo algum para o corpo social. Segundo Foucault, o confinamento e as práticas mais invasivas e violentas contra o paciente considerado louco constituem um saber especializado a partir do século XVII e vão se desenvolvendo até atingir o ápice no final do século XVIII, formando então um conjunto de práticas médicas “aceitáveis” ainda que infligindo dor, sofrimento e temor ao paciente.
A visão da medicina e da sociedade sobre pacientes mentais evoluiu muito nos últimos anos. Mas uma pergunta continua sem resposta: qual é a linha que separa a lucidez da loucura, o normal do patológico? José Manuel de Sacadura Rocha destaca, em seu artigo “doença mental e controle social: uma releitura a partir de Michel Foucault”, que os conhecimentos, a partir de meados do século XVII, adquirem o status de “científicos”. Com a palavra “desrazão”, Foucault destaca que na Antiguidade, a loucura está presente no horizonte social como um fato estético ou cotidiano, mas depois, na Idade Média, o louco passou a ser excluído, expulso das cidades, enquanto no século XVII – a partir do fenômeno da “grande internação” – a loucura atravessou um período de silêncio, de exclusão. Nessa linha do tempo, a loucura mostra-se como um objeto social e historicamente constituído. Ao longo de sua obra, Foucault deixa claro que a loucura não é um objeto natural, existente desde a aurora dos tempos e esperando para ser entendido pelo homem, mas uma criação do próprio homem. Isso se deu, segundo ele, a partir de tecnologias dos saberes sobre esse corpo específico, a partir de múltiplas transformações no modo de se ver a figura do louco.
Na “História da Loucura”, de Foucault, portanto, coloca-se a questão de como a loucura e as próprias visões e representações sociais do fenômeno mudaram, não apenas com o advento da psiquiatria e da psicanálise, mas também com o crescente conhecimento em todo o século XX. O materialismo, o existencialismo e a globalização, e não apenas a Razão da Modernidade, influenciaram a maneira pela se lidou com o irracional. Foucault, no entanto, escolheu Descartes para integrar a estrutura da exclusão que o louco sofreu na Idade Moderna. Descartes inaugurou a filosofia moderna, embora o pensamento cartesiano não tenha dado à loucura o estatuto atribuído por Foucault na modernidade, ou mesmo tenha tido uma relação direta com a fundação do Hospital Geral, com o movimento da “Grande Internação” ou mesmo com a libertação dos loucos acorrentados no século seguinte.  
Essa interpretação está nas mudanças que ocorreram entre a modernidade e a pós-modernidade. "Pós-moderno" é o termo usado pela maioria dos cientistas sociais. A denominação “moderna” ou “pós-moderna” traduz-se em uma nova postura (de pensamento, de sensibilidade, de valores sociais) que adquire o status de nova era, nova temporalidade. A modernidade, como um mundo de ideias, representações, modelos e valores, é inseparável do espírito do Iluminismo. Desde o início do século XX até hoje, muitos sociólogos se concentraram em esclarecer o conteúdo desse conceito, bem como os conceitos relacionados de pós-modernidade e hipermodernidade. O termo “pós-modernidade” refere-se literalmente ao período após a modernidade, no qual a sociedade saiu de sua era pós-industrial para o próximo estágio de desenvolvimento, trazendo novas condições e fenômenos sociais. A versão sociológica da teoria pós-moderna que se desenvolveu geralmente sustentava que os centros de autoridade tradicionais da sociedade pós-industrial estavam se desintegrando e dando lugar ao surgimento de uma nova modernidade social - a pós-moderna. Assim, enquanto o pensamento moderno enfatiza ordem, coerência, estabilidade, controle, autonomia e universalidade, o pensamento pós moderno enfatiza fragmentação, diversidade, descontinuidade, contingência, pragmatismo, multiplicidade e interconexões. A pós-modernidade proporcionou um ambiente cultural e social no qual se passou a discutir a loucura por meio de uma variedade de discursos, e isso se reflete na figura do quadro branco da sala de aula em que estão as palavras escolhidas pelos alunos para se referir à história da loucura.