23 de setembro de 2015

Espelho de Demanda Gratificante

Foto: Cópia do Espelho de Demanda da Ouvidoria Setorial de Saúde, da Secretaria de Saúde do município de João Pessoa (Fonte: Postagem de Adalberto Vieira D. Filho na rede social "Facebook" - reproduzido com permissão)

Texto do nosso ex-aluno, e agora médico dedicado, que trabalha atualmente na rede pública de saúde da cidade de João Pessoa, Paraíba, Dr. Adalberto Vieira Dias Filho, ao receber reconhecimento de familiar de uma paciente socorrida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) municipal. No texto, está retratada a emoção de um jovem médico vocacionado diante do resultado diário de seu trabalho, mas de rara ocorrência expressa no tumultuado cotidiano de um médico socorrista. Raro também em uma época em que os médicos são depreciados e vivem verdadeiros dramas nas portas do deficitário sistema de saúde pública no Brasil. Um confronto do sonho de infância, das palavras escritas no momento da formatura e do seu virtuoso orgulho pela prática da medicina real, parecendo confirmar suas aspirações de estudante.
“Ser médico quando crescer!”, era este o desejo que ecoava dentro de mim ainda quando menino e não tinha ideia de tudo que seria preciso para conseguir sê-lo. Foi uma jornada longa, mas com um destino certo, com vitórias e derrotas que me ensinaram a ser melhor por meio da superação; durante a qual conheci pessoas maravilhosas - umas ficaram e outras não, mas todas somaram de alguma forma para que eu seja o que sou; durante esta jornada, sofri com algumas perdas e mudanças que aconteceram, mas me adaptei, levantei e decidi que sempre vale a pena continuar, que vale a pena viver.
Foram seis anos durante os quais aprendi, em teoria e prática, alguns dos muitos segredos do corpo humano; aprendi, por meio de sinais e sintomas, a identificar o que pode estar errado e o que pode ser feito para aliviar ou curar. Aos pacientes que me confiaram seus corpos, suas histórias, e pela paciência; aos amigos e familiares que compartilharam as alegrias e sofrimentos deste tempo que investi para me tornar médico; aos meus pais, sem os quais eu nunca teria chegado até aqui; a Deus, principalmente, por permitir que eu seja instrumento para o alívio da dor do outro, deixo meus mais sinceros agradecimentos. A Ele, peço, ainda, que me dê a capacidade de ver além do físico sempre, de conseguir me colocar no lugar do meu paciente, entendendo sua dor e que eu nunca a subestime." Essa foi a mensagem de introdução do meu convite. Quando recebi a notícia de que a família de um paciente voltou à UPA apenas para agradecer, lembrei de tudo que sentia quando me formei e tudo fez sentido mais uma vez! À família, muito obrigado!

UPA: Unidade de Pronto Atendimento