27 de maio de 2008

Abertas Inscrições para Monitoria de Semiologia - DMI / CCM / UFPB


MONITORIA DE SEMIOLOGIA MÉDICA – SELEÇÃO 2008
Informes reformulados - versão final
Inscrições: 28 a 30 de maio de 2008
1- As provas de seleção para os candidatos inscritos serão realizadas no dia 02 e 03 de junho de 2008 de acordo com o seguinte horário:
a)Prova escrita de conhecimentos em Semiologia Médica (prova de múltipla escolha) - Dia 02/06/2008 - 9h00 - Sala de Semiologia, 50 andar do HULW.
b)Entrevista e análise de currículo, dia 03/05/2008, a partir das 8h00. Local a ser determinado.
2- As provas de seleção serão pontuadas na seguinte proporção, de acordo com a Resolução Nº 02/1996 (Programa de Monitoria para os cursos de graduação da UFPB):
- A classificação dos candidatos, até o limite do número de vagas da Disciplina de Semiologia (um bolsista e cinco voluntários), será realizada de acordo com a ordem decrescente da média ponderada (M) entre a nota obtida na(s) prova(s) de seleção (N1), a nota obtida na disciplina (N2) e o Coeficiente de Rendimento Escolar (C), com pesos 3, 2 e 1 respectivamente, calculada conforme a seguinte expressão: M = 3N1 + 2N2 + C / 6
- A nota da prova de seleção (N1) será a média aritmética da prova teórica e da entrevista com análise de currículos.
- Eliminar-se-á o candidato que não obtiver nota N1 igual ou superior a 7,0 (sete) na prova escrita.
- Em caso de empate, classificar-se-á o candidato que obtiver a maior nota nas provas de seleção (N1). Persistindo o empate, será classificado o candidato que tenha obtido a maior nota na disciplina.
3- A entrevista será feita a partir da avaliação do curriculum vitae documentado, que terá por base os seguintes critérios:
Monitoria em Semiologia Médica-(3,0 pontos/ano, máximo de 6,0).
Monitoria oficial em outras disciplinas-(0,5 ponto/ano, máximo de 2,5)
Monitoria voluntária em outras disciplinas-(0,2 ponto/ano, máximo de 2,0)
Bolsa de Iniciação científica-(1,0 ponto/ano, máximo de 3,0)
Bolsa do Pró-Saúde-(1,0 ponto/ano, máximo de 3,0)
Bolsa de Extensão-(1,0 ponto/ano, máximo de 3,0)
Congresso com apresentação de Trabalho-(0,2 ponto/cada, máximo de 2,0)
Curso de curta duração (≥40 horas)-(0,2 ponto/cada, máximo de 2,0)
Estágios supervisionados em Instituição fora da UFPB-(0,2 ponto/cada, máximo de 4,0)
Resumos em congressos de iniciação à docência (ENID)-(0,5 ponto/cada, máximo de 4,0)
Resumos em congressos locais-(0,4 ponto/cada, máximo de 2,0)
Resumos em congressos nacionais-(0,5 ponto/cada, máximo de 2,5)
Resumos em congressos internacionais-(1,5 ponto/cada, máximo de 3,0)
Trabalhos completos em Periódicos de circulação Nacional-(1,0 ponto/cada, sem limite).
Trabalhos completos em Periódicos de circulação Internacional-(2,0 ponto/cada, sem limite).
Premiação local-(0,5 ponto/cada, máximo de 2,0)
Premiação nacional ou internacional-(1,0 ponto/cada, máximo de 2,0).
- Só serão apreciados e atribuídos pontos aos trabalhos constantes da tabela de pontos acima;
- Cada trabalho só será pontuado uma única vez, com exceção do item “premiação local”;
- Na atribuição dos pontos do currículo, a pontuação de cada candidato será seqüenciada na ordem decrescente do total de pontos obtidos;
- Atribui-se o índice 100 (cem) ao número de pontos obtido pelo candidato com maior pontuação, e estabelece-se proporcionalmente a nota de cada candidato com base nesse índice,
- O currículo deve ser trazido pelo candidato no dia da entrevista (03/05/08)

4- Programa (temas para a prova escrita):
- Semiotécnica: exame físico geral (ectoscopia) e exame segmentar: cabeça e pescoço, respiratório, cardiovascular, abdome, osteoarticular e neurológico.
- Síndromes clínicas: febre, consolidação pulmonar, derrame pleural, obstrução crônica ao fluxo aéreo, abdome agudo, hipertensão portal, síndrome nefrótica, síndromes reumáticas sistêmicas.

5- Observações complementares:
- Em caso de vacância da vaga de bolsista (desistência) ou em caso de ampliação do número de vagas para convocação de voluntários, será obedecida rigorosamente a ordem de classificação geral.
- Não haverá revisão de provas e nem recontagem de pontos.
- Os candidatos deverão comparecer ao local das provas 30 minutos antes do seu início. Não será permitida a entrada de retardatários.

6- Bibliografia
LÓPEZ, M., LAURENTYS-MEDEIROS, J. Semiologia médica: as bases do diagnóstico clínico. 3. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 1990.
PORTO CC. Semiologia médica. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1997.
RAMOS JR, J. Semiotécnica da Observação Clínica. 8ª. ed., São Paulo: Sarvier, 1998.
EPSTEIN, O. et al. Exame clínico. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
BICKLEY, L.S.; HOEKELMAN RA. Bates: Propedêutica Médica. 7. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1999.

A COMISSÃO EXAMINADORA
Profa. Rilva Sousa Muñoz
Profa. José Luiz Maroja
Prof. Aristides Medeiros Leite

Informes oficialmente divulgados no mural do Departamento de Medicina Interna (DMI/CCM/UFPB).

26 de maio de 2008

Exercícios de Fixação: Aula "Cabeça e Pescoço"


A semiologia da cabeça e do pescoço é uma parte essencial no exame clínico do paciente, e freqüentemente fornece o primeiro indício da natureza da doença.

Exercícios para a Turma de Semiologia 2008.1
1- Enumere alterações das estruturas externas do olho que podem ser observadas ao exame físico pelo clínico geral.
2- Qual a importância da palpação da região mastóide e do tragus?
3- Como deve ser feita a palpação dos seios paranasais?
4- O que deve ser examinado na superfície do crânio e couro cabeludo?
5- Como deve ser feita a localização anatômica da glândula tireoide?
6- Descreva o movimento anormal da cabeça relacionado ao pulso dos batimentos cardíacos.
7- O que deve ser examinado na cabeça do paciente pelo clínico geral?
8- Descreva as regiões anátomo-clínicas da cabeça.
9- Descreva a semiotécnica correta para o exame de cabeça e pescoço.
10- Quando a tireoide é palpável, que características semiológicas palpatórias devem ser descritas desta glândula?

Boa Lista (Bom Treino)!
Espero que respondam pelo menos cinco dos dez. Podem responder por e-mail ou aqui no blog, por postagem de comentários. Ou, ainda, por escrito, para entregar no dia 30.05.08.

16 de maio de 2008

COBEM 2008


A Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM) promoverá, no período de 18 a 21 de outubro 2008, em Salvador-BA, o 46º CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO MÉDICA (COBEM).

Temas livres podem ser inscritos até 28 de julho.

14 de maio de 2008

Apreciação crítica de uma anamnese

Anamnese transcrita literalmente de um prontuário médico da enfermaria de clínica do HULW, para uma avaliação crítica pelos novos alunos de Semiologia do período 2008.1.
Esperam-se postagens de comentários sobre a anamnese. Podem ser rápidas notas sobre aspectos ou dados isolados da história clínica deste doente, ou um comentário em relação à anamnese no seu todo.
Será um exercício de apreciação crítica. Ao avaliar, você aprende também.

ANAMNESE
1. Identificação: I.C.S., 27 anos, masculino, pardo, casado, pedreiro, natural de Espírito Santo-PB e procedente de Santa Rita-PB.
2. Queixa Principal: Dor nas juntas há ± 35 dias
3. História da Doença Atual
Paciente relata que há 35 dias (24/06) começou a apresentar dor intensa e aumento de volume no tornozelo D e, após 01 dia, no E, impossibilitando a deambulação. Iniciou quadro de astenia, anorexia e febre ao toque diariamente, com melhora parcial quando usava Dipirona.
Procurou hospital na cidade, sendo medicado e liberado, sem melhora dos sintomas. Em casa, o quadro agravou-se, pois, além dos tornozelos, começou a sentir dor no joelho E com aumento de volume, hiperemia e restrição dos movimentos.
No dia 27/06, voltou ao hospital e ficou internado por 5 dias. Medicado com Benzetacil e Voltaren, porém não melhorou e foi encaminhado para o Hospital Stª Isabel, e em seguida para o HULW (12/07).
No HULW, o quadro articular oscilava, e, além de tornozelos e joelho E, associou-se a dor e edema em joelho D, cotovelos, IFP no 1º quirodáctilo da mão E e no 4º da D.
Refere que a dor piora com os movimentos, além de rigidez matinal persistente, que só melhorou com uso de Prednisona no 13º DIH.
Menciona que esta é a 4ª crise semelhante. A 1ª ocorreu aos 17 anos, e todas foram acompanhadas de dor em orofaringe. Está em uso de Benzetacil, Prednisona e sintomáticos
4. Interrogatório Sistemático
- Sintomas Gerais: Relata ter perdido peso desde o início dos sintomas, cerca de 8 Kg, refere astenia, anorexia, febre e sudorese noturna.
- Pele e fâneros: Nega prurido, lesões cutâneas, alopécia, alterações da pigmentação e anormalidades dos pêlos.
Cabeça e pescoço: Nega cefaléia, cervicalgia, limitações na movimentação do pescoço. Refere palpar gânglios cervicais quando apresenta crise de garganta.
- Olhos: Refere dor ocular à leitura. Nega diplopia, fotofobia, lacrimejamento, escotomas e olho seco.
- Ouvido, nariz e seios da face: Nega otalgia, otorréia, zumbidos, alterações na acuidade auditiva, rinorréia, epistaxe, obstrução nasal e congestão periorbitária.
- Cavidade oral: Nega gengivorragia, ulceração na mucosa, sialorréia e xerostomia.
- Cardio-respiratório: Relata precordialgia e palpitações. Nega síncope, cianose, claudicação intermitente, tosse, expectoração, hemoptise e dispnéia.
- Gastrintestinal: Nega disfagia, pirose, intolerância alimentar, empachamento, eructações, epigastralgia, cólicas, icterícia, náuseas, vômitos, hematêmese, enterorragia ou qualquer outra alteração.
- Genito-urinário: Nega disúria, alterações de volume/freqüência ou alteração na coloração e odor da urina, corrimento uretral e lesões genitais.
- Osteoarticular: Vide HDA
- Hematopoiético: Nega palidez, tend. hemorrágicas, linfadenomegalias.
- Metabólico: Nega intolerância ao frio ou calor, poliúria, polifagia e polidipsia.
- Nervoso e Psiquismo: Nega paresias, paralisias, parestesias, tremores e convulsões. Nega ansiedade, irritabilidade ou qualquer outra desordem psíquica.
5. Antecedentes Pessoais Fisiológicos
-Nascido de parto transvaginal, em ambiente domiciliar, sem pré-natal e assistência obstétrica.
-Desenvolvimento neuropsicomotor dentro da normalidade
-Realizou as imunizações da infância, mas nenhuma em fase adulta
-Não sabe relatar o nº de parceiras, mas possui parceira fixa há 11 anos, tendo 02 filhos provenientes desta relação.
6. Antecedentes Pessoais Patológicos
-Doenças da infância e adolescência: nega sarampo, varicela ou rubéola. Refere várias crises de garganta desde a infância.
-Doenças da fase adulta: nega HAS, DM, TB, DSTs, hepatites, cardiopatias.
-Nega alergias, cirurgias, traumatismos ou hemotransfusões.
-Usava Benzetacil quando era acometido pelo quadro articular, sendo 6 meses o período de uso de maior duração. Parava por conta própria.
7. Antecedentes Familiares
-Possui dois filhos (4 e 8 anos de idade), que apresentam crises de garganta repetidas.
-O pai é etilista.
-Mãe, 52 anos, HAS, e com sintomatologia semelhante ao seu.
-Possui quatro irmãos, três tiveram quadro parecido com o seu
-Possui uma prima que faleceu de câncer aos 20 anos, e uma tia, de AVC
8. Antecedentes Sociais
-Reside em casa de alvenaria, juntamente com outras 10 pessoas. Usa água de poço, sem rede de esgotos. Há coleta de lixo.
-Alimenta-se satisfatoriamente
-Estudou até a 3ª série; trabalha como pedreiro e na agricultura do abacaxi, necessitando transportar objetos pesados
-Católico, renda familiar de 01 salário mínimo, boas relações interpessoais
-Etilista: aguardente desde a adolescência. Nega tabagismo
-Padrão de sono comprometido pelas fortes dores articulares
-Lazer: futebol

Ascite e tumor de ovário

Caso clínico apresentado no Grupo de Estudo de Semiologia NKRL por Lívia Silas de Melo, aluna do sexto período do curso de Medicina - UFPB
Paciente M. G. S., 59 anos, feminino, branca, solteira, agricultora, natural e procedente de Olho D’água-PB, foi internada no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) com volumosa ascite e dor abdominal há dois meses. Submetida a paracentese em hospital do interior, foi encaminhada à enfermaria de clínica médica do HULW para investigação diagnóstica. Relatava ainda perda de peso, astenia, anorexia, febre e calafrios. Negava etilismo. Até um ano atrás fumava em torno de 20 cachimbos todos os dias. Relatava banho de rio na sua cidade.
Ao exame físico, encontrava-se em estado geral comprometido, emagrecida, pálida, fácies hipocrática, anictérica. Pele fina, seca, turgor e elasticidade diminuídos. Panículo adiposo escasso, presença de edema subcutâneo em membros inferiores (++/4+), de coloração normal e frio. Ausência de circulação colateral. Sem linfadenomegalias. Cabeça e pescoço sem alterações. Ausculta cardíaca: ritmo cardíaco regular (2 tempos), bulhas normofonéticas, FC = 73bpm; ausculta pulmonar: murmúrio vesicular diminuído em região de bases pulmonares, sem ruídos adventícios. Abdome globoso e tenso, indolor, sem circulação colateral, sinal de piparote positivo e macicez móvel presente. Não foi realizada palpação profunda por impossibilidade técnica (ascite tensa).
Com os diagnósticos sindrômicos iniciais de ascite por hipertensão portal ou por carcinomatose peritoneal (câncer gástrico), solicitaram-se exames laboratoriais, radiológicos e paracentese diagnóstica.
RX de tórax: Pequeno derrame pleural bilateral; hiperinsuflação pulmonar bilateral; área cardíaca normal; Esôfagogastroduodenoscopia: normal; Paracentese: líquido amarelo citrino; negativo para células neoplásicas na amostra; exsudação histiocítica moderada. Ultrasonografia do Abdome: massa mista anexial esquerda (possivelmente neoplasia ovariana), associada a discreta hidronefrose esquerda, além da volumosa ascite.
A paciente foi, então, encaminhada para outro hospital da cidade, com serviço de oncologia.
Emprega-se o termo ascite para designar o acúmulo de líquido na cavidade peritoneal. Desenvolve-se mais freqüentemente como parte da descompensação de alguma doença crônica do fígado, antes assintomática. Porém, a avaliação de um doente com ascite requer sempre que a causa da ascite seja estabelecida.
Embora na maioria dos casos, a ascite resulte de alterações irreversíveis do fígado, provocadas por hepatite, cirrose hepática ou esquistossomose hepato-esplênica, pode decorrer também de várias outras doenças como desnutrição, síndrome nefrótica, insuficiência cardíaca, pericardite constrictiva, síndrome de Budd-Chiari, doença venoclusiva, podendo, também, ser um sintoma de diversos tipos de tumores malignos. Câncer de mama, pulmão, intestino grosso, estômago, pâncreas, ovário e endométrio são os mais propensos a provocar ascite. A este quadro chama-se carcinomatose peritoneal. No caso do câncer do ovário normalmente se dissemina por liberação de células no abdome seguida de implantação no peritônio e por invasão local de intestino e bexiga. Também a disseminação linfonodal é importante.
O câncer ovariano é o segundo tumor ginecológico mais comum e a mais letal neoplasia do aparelho genital feminino. Devido à dificuldade no diagnóstico precoce, na maioria dos casos o diagnóstico é dado quando o tumor se encontra em fases avançadas, colaborando para o péssimo prognóstico.
Os sintomas do câncer ovariano só ocorrem tardiamente e são vagos e inespecíficos: desconforto pélvico, alterações do hábito intestinal, perda ou ganho de peso inexplicáveis, dor no momento ou após o intercurso sexual, cansaço fácil e sangramentos vaginais anormais após a menopausa.
Características: idade 50 – 60 anos; curso silencioso; idade avançada; nuliparidade; história familiar de câncer de mama, endométrio ou cólon; sintomas iniciais inespecíficos; após pródromos inespecíficos: aumento de volume abdominal por massa tumoral ou ascite – diagnóstico; exame físico: massa pélvica, ascite, derrame pleural e síndrome consumptiva; Ultrassonografia: massa anexial.
Esta paciente também apresentava um quadro de síndrome consumptiva (“Wasting Syndrome”), que se caracteriza por perda ponderal involuntária, igual ou superior a 10% do peso usual associada a diarréia, fraqueza ou febre maior que 38ºC por 30 dias, sem outra patologia que justifique este achado. Neste caso, poder-se-ia pensar na síndrome de Meigs, definida como uma tríade envolvendo (1) fibroma ovariano, (2) ascite e (3) derrame pleural. Os casos envolvendo outros tumores ovarianos benignos além do fibroma são denominados Pseudo-Meigs. Muitas hipóteses tentam explicar a formação de fluido ascítico. A principal teoria é a de que a transudação pela superfície tumoral excede a capacidade de reabsorção peritoneal. Outro mecanismo envolve a congestão de vasos linfáticos peritoneais e veias regionais causadas pela própria massa tumoral ou, ainda, liberação de substâncias vasoativas pelo tumor. É sabido que a ocorrência de hidrotorax é secundário à passagem do fluido ascítico para o espaço pleural, através do diafragma ou vasos linfáticos diafragmáticos, ou alternativamente, por defeitos congênitos, que são mais comuns do lado direito.

13 de maio de 2008

Pequeno Glossário Semiológico

Para os Iniciantes em Semiologia Médica
Amaurose: cegueira; anasarca: edema generalizado; anidrose: ausência de sudorese; anisocoria: assimetria nos diâmetros pupilares; amenorreia: ausência de menstruação por três meses ou mais; anorexia: ausência de apetite; anúria: diurese inferior a 100 mL em 24 horas; apneia: cessação da respiração espontânea; asterixe: movimento bilateral grosseiro e involuntário das mãos semelhante ao "bater de asas"; ataxia: incoordenação dos movimentos voluntários; aura: fenômeno sensorial ou motor que marca o início de uma convulsão ou de uma crise de enxaqueca; bradicardia: frequência cardíaca inferior a 60 bpm; bradisfigmia: pulso com frequência menor que 60 bpm; enterorragia: eliminação de sangue vivo pelo ânus; melena: eliminação de sangue pelo ânus, quimicamente alterado e proveniente da parte alta do tubo digestivo; calafrios: contrações musculares involuntárias que acompanham a síndrome febril; cefaleia: dor de cabeça; claudicação intermitente: dor nas panturrilhas causada pelo exercício e aliviada pelo repouso de 1 a 2 minutos; cianose: coloração azulada da pele e mucosas; diarreia: eliminação de fezes líquidas ou semilíquidas, com frequência maior que o normal; diplopia: visão dupla; disartria: alteração no controle neuromuscular da fala; disfagia: dificuldade à deglutição; disfasia: expressão ou compreensão prejudicada da linguagem falada ou escrita; disfonia: rouquidão; dislalia: má pronúncia das palavras, com omissão ou acréscimo de fonemas; disenteria: síndrome intestinal caracterizada por diarreia, acompanhada de tenesmo, muco, pus ou sangue; dismenorreia: dor durante a fase menstrual do ciclo reprodutivo; dispneia: sensação de desconforto para respirar; disúria: dificuldade ou dor à micção; dispepsia: "indigestão", sensação de plenitude pós-prandial, associada a náuseas e pirose; enurese: eliminação involuntária de urina em crianças com mais de seis anos; epistaxe: sangramento nasal; eritema: coloração avermelhada da pele; eructação: eliminação de gases, de forma ruidosa, através da boca; escotoma: área de cegueira parcial em um campo visual normal; estrangúria: sensação dolorosa à micção; exoftalmia: protrusão ocular, proptose; fadiga: sensação geral de falta de energia; fasciculações: contrações musculares  locais e circunscritas; flatulência: sensação desagradável de presença excessiva de gases no abdome; fotofobia: sensibilidade anormal à luz; halitose: mau hálito; hematêmese: eliminação de sangue pela boca, quimicamente alterado ou não, proveniente da parte alta do trato gastrointestinal; hematoquezia: sangramento retal; hematúria: presença anormal de sangue na urina; hemianopsia: perda da metade do campo visual normal; hemiplegia: paralisia de um dimídio corporal; hemoptise: expectoração de sangue; hipermenorreia: fluxo menstrual de volume aumentado; icterícia: coloração amarelada da pele, mucosas e escleróticas; lipotimia: sensação iminente de perda da consciência (pré-síncope); leucorreia: corrimento vaginal esbranquiçado; mastalgia: dor na mama; menarca: primeira menstruação; menopausa: última menstruação; menorragia: sangramento menstrual de intensidade excessiva; metrorragia: sangramento uterino que ocorre irregularmente entre os períodos menstruais; mioclonia: contração súbita, como um choque, de um único músculo ou grupo muscular; náusea: sensação de repulsa alimentar intensa ou sensação vômito iminente; nictúria: aumento do volume urinário noturno com inversão do ritmo nictemérico; incontinência urinária: perda não controlada de urina; odinofagia: dor à deglutição; oligomenorreia: diminuição do número das menstruações; oligúria: diurese inferior a 400 mL nas 24 horas; otalgia: dor de ouvido; otorreia: secreção proveniente do ouvido; paresia: redução da força muscular; parestesia: sensação de formigamento, agulhada ou dormência; pirose: sensação de calor e ardência retroesternal ou no epigástrio; polaciúria: necessidade imperiosa e freqüente de urinar; polidipsia: sede excessiva; polifagia: fome excessiva; polimenorreia: aumento do número de menstruações; poliúria: aumento do volume urinário nas 24 h (acima de 3.000 mL); prurido: coceira; ptose: queda de uma ou ambas as pálpebras superiores; obstipação: alteração do ritmo intestinal normal do indivíduo (evacuação insatisfatória em número e/ou quantidade); regurgitação: eliminação, sem esforço, de pequena quantidade de bolo alimentar proveniente da boca ou do estômago; rinorreia: saída de secreção serosa ou mucosa fina do nariz; síncope: perda súbita e breve da consciência; vertigem: ilusão de movimento, na qual o paciente sente que está girando no espaço ou que os arredores estão girando em torno dele; vômito: expulsão forçada de conteúdo gástrico através da boca; taquicardia: frequência cardíaca acima de 100 bpm; tenesmo evacuatório: sensação dolorosa no ânus com desejo imperioso de evacuar sem resultado satisfatório; zumbido: som anormal nos ouvidos.

Sobre Anamnese

Anamnese (anamnesis), do grego ana = novo e mnesis = memória, significa reminiscência, ato de recordar. Assim, anamnese consiste em interrogar o paciente (ou seus parentes), sobre padecimentos atuais e passados, como também sobre outros dados que podem ser de utilidade para o diagnóstico (condições de vida, profissão, família, etc). Em outras palavras, é uma entrevista que busca relembrar todos os fatos que se relacionam com a doença e à pessoa doente.
Esta é a parte mais importante do aprendizado do aluno de medicina, pois envolve o núcleo da relação médico-paciente, onde se apoia a parte principal do trabalho médico; além disso, preserva o lado humano da medicina e orienta de forma correta o plano diagnóstico.
Uma anamnese bem feita representa a metade do diagnóstico, já diziam os antigos clínicos, e esta afirmação continua válida até hoje.
O clínico tem que compreender que a doença relaciona-se com o paciente como um todo e com a história detalhada de sua vida. Contudo, esta é a parte mais difícil do exame clínico. Seu aprendizado é lento, só conseguido após a realização de dezenas de entrevistas criticamente avaliadas.
A realização de anamnese ordenada, concisa e fiel exige intenso treinamento, conhecimento de patologia e, principalmente, paciência e respeito pela pessoa. Sendo assim, é fundamental evitar interrupções e desvios de atenção durante a entrevista. O problema de uma pessoa é, para ela, sempre muito mais importante do que qualquer coisa. Nas enfermarias, onde nem sempre é possível a existência de ambiente reservado (atmosfera ideal para se colher uma anamnese), deve-se procurar dialogar em voz baixa, na tentativa de preservar os problemas mais íntimos do paciente entrevistado.
Nunca manifeste surpresa ou formule julgamento a respeito do relato da história do seu paciente. Expresse sempre interesse a respeito dos problemas dos pacientes (os problemas das pessoas são a base de sua profissão). O médico não deverá revelar os juízos morais ou suas respostas emocionais em relação a atitudes, comportamento ou declarações do paciente. Isso não implica necessariamente a sua aprovação, mas deve ser tolerante, compreensivo e objetivo ao avaliar essa história.
Seja tão quantitativo quanto puder: “certa ocasião, pela manhã...” pode ser uma forma agradável de iniciar um conto, porém inadequado para uma história clínica. “Às 20 horas do dia 14 de março, cerca de meia hora após a alimentação, o paciente vomitou...” é um relato menos agradável, porém mais informativo.
Após décadas de ênfase sobre especialização, a prática da medicina familiar perdeu o prestígio - desapareceu o “médico de família” - a medicina, sem dúvida, progrediu muito, mas perdeu muito em termos de compreensão com a pessoa doente. Muitas doenças são grandemente influenciadas por tensões, frustrações várias, problemas de relações interpessoais, na família. O médico descobrirá, observando a sua casa, o seu ambiente, as condições de moradia, etc.
O médico português Miguel Torga, afirma, nesse sentido, que "No exercício da medicina, o que sempre me apaixonou foi a anamnese, o relato dos padecimentos feitos pelo doente à cordialidade inquisidora do médico." (Diário X, 1968).

10 de maio de 2008

Língua Geográfica

A chamada "língua geográfica" apresenta-se clinicamente como placas eritematosas irregulares, de várias formas e tamanhos, discretamente elevadas e com bordos brancos bem definidos. O padrão lembra um mapa, e apresenta exacerbações e remissões. As placas lisas são indolores, restritas ao dorso da língua e o paladar é conservado. Estas placas podem durar poucos dias ou permanecer por anos, sendo mais comum em crianças e adultos jovens.
Trata-se de uma lesão ainda enigmática, de etiologia desconhecida, embora suponha-se que existem fatores predisponentes para o seu aparecimento. Não foi ainda encontrada qualquer relação evidente entre estas lesões hormonais ou genéticas. Mas parece existir relação entre o aparecimento e/ou exacerbação das lesões e deficiências nutricionais, especialmente vitamínicas. Alguns autores apontam para trauma crônico, enquanto outros referem a existência deste tipo de lesão em algumas famílias. Há autores ainda que associam a língua geográfica a doenças psicossomáticas. Por outro lado, a língua geográfica tem sido encontrada em cerca de 10% dos pacientes com psoríase cutânea.
A língua geográfica é também chamada de glossite migratória benigna e glossite esfoliativa circunscrita.

7 de maio de 2008

Síndrome de Delirium

SÍNDROME DE DELIRIUM EM PACIENTES HOSPITALIZADOS: ESTUDO-PILOTO DE PRÉ-TESTAGEM METODOLÓGICA EM ENFERMARIAS DE CLÍNICA MÉDICA*
Katyara Mylena S. R. Lima(1), Mara Rufino de Andrade(1), Leila Coutinho Taguchi(2), Géssica Christine de Carvalho e Silva Martins(2), Marco Valério Gomes Batista Gonçalves(2), Rilva Lopes de Sousa Muñoz(3)
(1) Alunas do Curso de Medicina / Centro de Ciências Médicas (CCM)/ UFPB
(2) Médicos Residentes de Clínica Médica do HULW/UFPB
(3) Professora da Disciplina de Semiologia Médica – Departamento de Medicina Interna / CCM/UFPB
*Trabalho apresentado e premiado na V Mostra de Iniciação Científica dos Estudantes de Medicina (Congresso Paraibado dos Estudantes de Medicina) - Abril de 2008.
Introdução: Delirium é uma síndrome neuropsiquiátrica de alta prevalência em hospitais gerais, sendo subdiagnosticada apesar do seu impacto na morbimortalidade. O uso de instrumentos de rastreio é importante para detecção precoce desta síndrome em enfermarias de clínica médica. Objetivos: Pré-testar instrumentos de coleta de dados de um estudo de prevalência de delirium em enfermarias de clínica médica do Hospital Universitário Lauro Wanderley. Metodologia: Este trabalho consiste em observação preliminar para adequar procedimentos metodológicos à realidade que se pretende conhecer, com a aplicação do Método de Avaliação de Quadros Confusionais (Confusion Assessment Method – CAM), Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) e um questionário de dados clínicos, através de entrevistas com os pacientes à beira do leito. Resultados: Oito pacientes integraram a amostra-piloto, com idade entre 26 e 68 anos (mediana, Md=47,5), 0 a 8 anos de escolaridade (Md=5) e 1 a 7 comorbidades (Md=5). O CAM apresentou fácil aplicação, não havendo positividade para delirium. Houve dificuldades na aplicação do MEEM, cuja pontuação variou entre 14 e 28 (Md=22,5), atingindo-se o ponto de corte tradicional em 3 casos (37,5%) e correlação com escolaridade e perdas visual ou auditiva. Houve prejuízono preenchimento de dados clínicos pelo desconhecimento do paciente sobre seus antecedentes. Discussão: A questão das não-respostas do MEEM devido ao analfabetismo ou deficiências sensoriais será solucionada pelo ajuste do ponto de corte de acordo com o nível educacional. As perdas de dados do formulário clínico será minimizada pela reformulação deste e entrevistas paralelas com familiares. Conclusões: Este estudo permitiu fazer ajustes metodológicos no protocolo da pesquisa principal, incluindo diferenciação de pontos de corte para o MEEM e exclusão de pacientes com perdas sensoriais graves e não corrigidas.
Palavras-chave: Delirium. Programas de Rastreamento. Hospitalização.

2 de maio de 2008

Conceito ENADE do Curso de Medicina da UFPB em 2008

O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), que integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), tem o objetivo de aferir o rendimento dos alunos dos cursos de graduação em relação aos conteúdos programáticos, suas habilidades e competências.

O curso de Medicina da UFPB teve Conceito ENADE 3 e conceito IDD 3 nos conceitos divulgados pelo MEC esta semana (29.04.08). O conceito do curso de medicina da UFPB recebeu o mesmo que a Universidade Federal de Campina Grande, e no Sudeste, o mesmo conceito da Universidade Federal de São Paulo. O maior conceito ENADE é 5, com IDD 5: seis cursos receberam este conceito (3 federais do RS, 1 federal de GO, 1 federal de MT e 1 federal de PI).

Conceito IDD (Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado) é a diferença entre o desempenho médio do concluinte de um curso e o desempenho médio estimado para os concluintes desse mesmo curso e representa, portanto, quanto cada curso se destaca da média, podendo ficar acima ou abaixo do que seria esperado para ele, considerando o perfil de seus estudantes. O IDD maior que 3 significa que o curso avaliado supera o resultado médio que se espera dele e o IDD menor que 3, que os resultados estão aquém dos que se esperavam daquele curso.

Uma forma alternativa de se interpretar o IDD seria dizer que um curso com Conceito IDD 3 é tão bom (ou ruim) quanto se espera dele (o que deve ser refletido pelo Conceito ENADE); conceitos 4 e 5 significam que o curso é melhor do que se espera e conceitos IDD 1 ou 2, pior.

“Conceito ENADE” reflete uma combinação dos resultados dos ingressantes e dos concluintes, com peso maior para os concluintes (com resultados, portanto, próximos ao do antigo Provão).

O “Conceito IDD” só tem significado considerando-se, também, a nota dos ingressantes, pois reflete apenas a EXPECTATIVA de formação.

A divulgação das notas do ENADE 2007 dos cursos de medicina estão disponíveis no Portal do Ministério da Educação - link abaixo:
portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/enade_curso_medicina.pdf

1 de maio de 2008

Polifarmacoterapia em pacientes idosos

POLIFARMACOTERAPIA EM PACIENTES GERIÁTRICOS INTERNADOS EM ENFERMARIAS DE CLÍNICA MÉDICA*
Daniel Macedo Severo de Lucena(1), George Robson Ibiapina(2), Roberto Luis Pereira Matias(2), Renato de Andrade Ramos(2), José Luiz Simões Maroja(3), Rilva Lopes de Sousa Muñoz(3)
(1) Aluno do Curso de Medicina / Centro de Ciências Médicas (CCM)/ UFPB
(2) Médicos Residentes de Clínica Médica do HULW/UFPB
(3) Professores da Disciplina de Semiologia Médica – Departamento de Medicina Interna / CCM/UFPB
*Trabalho apresentado na V Mostra de Iniciação Científica dos Estudantes de Medicina (Congresso Paraibado dos Estudantes de Medicina) - Abril de 2008.

Introdução: Polifarmacoterapia é a administração de múltiplos medicamentos ao mesmo paciente, sendo mais prevalente entre idosos, o que é motivo de preocupação, não somente pelos seus custos econômicos, mas principalmente pelo risco de interações medicamentosas e efeitos adversos. Objetivos: Descrever as classes medicamentosas mais prescritas e avaliar polifarmacoterapia entre pacientes idosos internados nas enfermarias de clínica médica do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW).
Metodologia: Os dados foram obtidos em estudo transversal descritivo das prescrições médicas dos pacientes geriátricos internados nas enfermarias de clínica do HULW. Os medicamentos foram classificados pelo sistema Anatômico-Terapêutico-Químico (ATC) da Organização Mundial da Saúde para estudos de utilização de medicamentos. Polifarmacoterapia foi definida como mais de cinco medicamentos por prescrição.
Resultados: Dentre as 43 prescrições analisadas constatou-se uma média de 6,2 (± 2,1) medicamentos por paciente. A maioria dos pacientes apresentava polifarmacoterapia (27/62,8%). O grupamento anatômico ATC mais prescrito foi sistema digestório (38/88,4%), seguido pelo cardiovascular (25/58,1%) e nervoso (16/37,2%). Os grupos terapêuticos mais prescritos foram anti-ulcerosos (31/72%), antieméticos (29/67,4%), diuréticos (20/46,5%), inibidores do sistema renina-angiotensina (18/41,9%) e antibióticos (15/39,4%). Os princípios ativos mais prescritos foram metoclorpramida (27/65,1%), ranitidina (27/62,7%), dipirona (22/51,7%) e captopril (18/41,9%).
Discussão: A prevalência de polifarmacoterapia foi maior que a esperada. Chama atenção também a alta freqüência de prescrições de ranitidina e metoclorpramida, presumivelmente relacionadas a prescrição irracional. Estes resultados podem ser úteis para o desenvolvimento de avaliações de risco para interações medicamentosas e reações adversas entre pacientes idosos no nosso meio.
Conclusão: Há necessidade de aprimoramento da prescrição médica para o uso racional de medicamentos na população geriátrica. Estudos posteriores devem ser realizados no mesmo serviço para avaliar as causas das prescrições excessivas de anti-ulcerosos e antieméticos.

Palavras-chave: Polifarmacoterapia. Idoso. Hospitalização.