23 de dezembro de 2012

Feliz Natal!... Natal Feliz!...

O Grupo de Estudos em Semiologia Médica (GESME) deseja feliz Natal a todos os visitantes e leitores do Semioblog.

 "O Natal é um tempo de benevolência, perdão, generosidade e alegria. A única época que conheço, no calendário do ano, em que homens e mulheres parecem, de comum acordo, abrir livremente seus corações." (Charles Dickens)

"Eu sempre pensei em Natal como um tempo bom; um bem, perdão, generosidade, época agradável; uma época em que os homens e mulheres parecem abrir os corações deles/delas espontaneamente, e assim eu digo, Deus abençoe o Natal!" (Charles Dickens)

17 de dezembro de 2012

15 de dezembro de 2012

Disciplina de Semiologia Médica/UFPB recebe “Troféu Canal” do Centro Acadêmico Napoleão Laureano

Com virtuoso orgulho, anunciamos o destaque recebido pela nossa Disciplina de Semiologia Médica (Universidade Federal da Paraíba) no “Troféu Canal” (Canal: Centro Acadêmico Napoleão Laureano), que se baseou no Sistema Avalia. Este sistema foi idealizado pela Assessoria de Graduação do Centro de Ciências Medicas (CCM)/UFPB, na pessoa do Professor Luís Fábio Botelho, e concretizado pela coordenação de Informática do CCM e Codesc (Coordenação de Escolaridade/Pró-Reitoria de Graduação/UFPB). O Canal organizou e coordenou o evento, que representou uma noite de gala e confraternização na nossa Academia, em clima de "Oscar", com presença maciça dos estudantes do curso de Graduação em Medicina da UFPB.

Fotos: Troféu de "Honra ao Mérito" para a Disciplina de Semiologia Médica/UFPB; Profa. Rilva Lopes de Sousa Muñoz, Luã Guerra (representante da turma do quarto período em 2012.1), Prof. José Luiz Simões Maroja e Graziela Batista (Representante do Centro Acadêmico).

http://www.ccm.ufpb.br/index.php/component/content/article/800-trofeu-canal-premia-professores-e-modulos-com-melhor-avaliacao-discente

11 de dezembro de 2012

Aferição da Pressão Arterial nos Membros Inferiores: Importância e Semiotécnica

A pressão arterial deve ser aferida também nos membros inferiores na primeira consulta de todos os pacientes. Diferenças maiores que 20 mmHg na pressão sistólica e de 10 mmHg na diastólica devem levantar a hipótese de vasculopatia significativa, motivando investigação posterior. 
É importante ressaltar que em condições normais os valores da pressão no membro inferior não são iguais aos do braço, uma vez que neste a resistência vascular periférica é geralmente maior para vencer a força da gravidade. Assim, em condições normais, a pressão arterial sistólica nas pernas é geralmente 10% a 20% mais elevada do que a pressão verificada na artéria braquial.
A medida da pressão arterial nos membros inferiores também deve ser realizada sempre que houver impossibilidade da sua aferição nos membros superiores (por politraumatismos ou amputações destes), ou em caso de suspeita prévia de doença vascular (pulsos femorais e poplíteos de intensidade reduzida, por exemplo). 
Neste caso, deve ser utilizado um manguito mais largo que o habitual, se necessário, de forma que a bolsa do manguito deve ser de cerca de 40% da circunferência da coxa.
O paciente deve, preferencialmente, posicionar-se em decúbito ventral, com o manguito acoplado ao terço inferior da coxa e o estetoscópio sobre a artéria poplítea. Em condições normais, a pressão  sistólica é 20 mmHg  mais elevada nos membros inferiores, em relação aos membros superiores, enquanto a pressão diastólica é semelhante em superiores e inferiores. Na presença de algumas doenças vasculares (coartação de aorta ou obstruções vasculares), a pressão sistólica dos membros inferiores apresenta valores menores que aqueles observados nos membros superiores (SCHMIDT et al., 2004).
Pode-se verificar a pressão arterial (PA) na coxa ou na perna, sempre respeitando-se a relação entre a largura do manguito e a circunferência do membro (BRASIL, 2009). A semiotécnica desta aferição é a seguinte:
a) Técnica de medição da PA na coxa: com paciente deitado em decúbito ventral (preferencialmente), o manguito é colocado no terço inferior da sua coxa e a ausculta será feita sobre a artéria poplítea. Se o paciente não tiver condições de permanecer em decúbito ventral, a medida poderá ser feita em decúbito dorsal, porém, com o membro ligeiramente fletido para permitir a aplicação do estetoscópio na região poplítea. A pressão diastólica na coxa apresenta valores similares aos do braço, porém a sistólica pode ser 20 mmHg mais elevada.
b) Técnica de medição da PA na perna: A ausculta do pulso do tornozelo também pode ser utilizada para a medição da pressão arterial no membro inferior. A pressão arterial determinada pela ausculta dos pulsos do pé tem a vantagem da conveniência e do conforto em relação à da ausculta do pulso poplíteo. O manguito é colocado na porção inferior da perna, ao nível dos maléolos, e o estetoscópio, na artéria tibial anterior; os valores encontrados são normalmente semelhantes aos da coxa. 
A verificação da pressão arterial nos membros inferiores pode identificar situações como coarctação da aorta e doença aórtica oclusiva, condições em que a pressão sistólica apresenta valores inferiores aos do membro superior. A diminuição ou ausência de pulsos arteriais nas artérias femorais e poplíteas em crianças ou jovens faz suspeitar de coartação da aorta e torna obrigatória a medida da pressão arterial nos membros inferiores.
A coarctação da aorta é caracterizada pelo estreitamento da sua luz em qualquer segmento do vaso. A hipertensão do paciente com coartação da aorta está presente na extremidade superior e o pulso femoral pode estar diminuído ou reduzido. Neste caso, a hipertensão resulta de obstrução ao fluxo sanguíneo e de ativacão de mecanismos vasoconstritores que resultam em aumento da resistência sistêmica a jusante à estenose. O resultado dessa condição é a ocorrência de hipertensão arterial nos membros superiores. Assim, a pressão arterial alta nos membros superiores e pulsos femorais diminuídos em um indivíduo jovem sugerem o diagnóstico de coartação de aorta (MESQUITA; LOPES, 2002).
Leituras de PA inferiores nas pernas, em comparação com os braços, são consideradas anormais, e devem levar a uma investigação  de doença vascular periférica. 
Todos os pacientes hipertensos devem ter comparações de PA entre braços e pernas, assim como a palpação dos pulsos radial e femoral, pelo menos uma vez, para descartar coartação da aorta.
Mesmo no paciente não hipertenso, na primeira avaliação, as medidas devem ser obtidas em ambos os membros superiores e, em caso de diferença, utiliza-se sempre o braço com o maior valor de pressão para as medidas subsequentes. O indivíduo deverá ser investigado para doenças arteriais se apresentar diferenças de pressão entre os membros superiores maiores de 20/10 mmHg para a pressão sistólica/diastólica.
Na primeira avaliação de todo paciente, as medidas devem ser obtidas em ambos os membros superiores também e, em caso de diferença, utiliza-se sempre o braço com o maior valor de pressão para as medidas subsequentes. Uma revisão sistemática com meta-análise de 28 estudos publicada recentemente na revista The Lancet mostra que uma diferença de 15 mmHg ou mais entre a pressão sistólica medida entre os braços representa um risco 70% maior de morte por doença cardiovascular (CLARK et al., 2012).
Portanto, a pressão arterial também deve ser aferida nos membros inferiores na primeira consulta de todos os pacientes, e nos dois membros superiores, para comparação dos valores pressóricos.

Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo de HipertensãoArterial Sistêmica para Atenção Primária em Saúde. Porto Alegre: Hospital Nossa Senhora da Conceição, 2009.
CLARK, C. C. et al. Association of a difference in systolic blood pressure between arms with vascular disease and mortality: a systematic review and meta-analysis. 2012. Disponível em: http://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(11)61710-8/abstract. Acesso em: 11 dez. 2012.
MESQUITA, S. M. F.; LOPES, A. A. B. Hipertensão arterial por coarctação de aorta em adultos. Rev Bras Hipertens 9 (2),  2002.
SCHMIDT, A.; PAZIN FILHO, A.; MACIEL, B. C. Blood pressure measurement. Medicina, Ribeirão Preto, 37: 240-245,  2004. 

9 de dezembro de 2012

Marcha Parkinsoniana



As anomalias da marcha observadas na doença de Parkinson são bem conhecidas.
A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa debilitante e os distúrbios da marcha são uma causa frequente de deficiência e incapacidade em pacientes com esta doença.
Os principais distúrbios motores observados na DP são bradicinesia (lentificação dos movimentos), hipocinesia (movimentos de pequena amplitude), tremor de repouso, rigidez muscular e instabilidade postural.
São características da marcha parkinsoniana:
- hesitação no início da marcha, decorrente da hipocinesia e da rigidez muscular generalizada, dando a impressão de que o enfermo se acha preso ao solo;
- pequenos passos arrastados e rápidos (festinação, do latim festinare, que significa "pressa"), uma tendência involuntária de apresentar passos curtos, arrastados e acelerados, como se o paciente estivesse continuamente tentando manter seu centro de gravidade;
- marcha em bloco (“robotizada”), pela rigidez muscular, observando-se antebraços e joelhos rígidos em discreta flexão e sem o balanço rítmico normal dos braços;
- cabeça e tórax inclinados para a frente;
- fenômeno da parada (freezing): parada súbita da marcha sem motivo aparente.

8 de dezembro de 2012

Análise Estatística: Breve Revisão para Iniciação ao Tutorial SPSS

Apresentação de Slides

Uma breve revisão sobre análise estatística no Grupo de Estudos em Semiologia Médica (GESME) para iniciação posterior ao tutorial do software aplicativo Statistical Package for Social Sciences
Dia 12/12/12, às 12h00, no Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal da Paraíba.

5 de dezembro de 2012

Asterixis

Asterixis, flapping ou tremor adejante é um movimento involuntário grosseiro das mãos, semelhante ao "bater de asas", quando os braços são mantidos em extensão horizontal, ou quando o antebraço é mantido fixo e as mãos posicionadas em um ângulo de 60 graus em relação ao punho (hiperextensão do punho) [vídeo acima].
Foi descrito inicialmente na encefalopatia hepática, mas pode ser visto menos frequentemente em outras encefalopatias metabólicas.
Asterixis é um importante sinal clínico. Não é patognomônico de qualquer condição, mas proporciona uma indicação da presença de sérios processos patológicos subjacentes. Algumas drogas psicotrópicas também podem causar asterixis, especialmente quando usadas ​​em combinação.
Para pesquisar este sinal, pede-se ao paciente para estender suas mãos flexionadas nos pulsos e com dedos também estendidos e separados, mantendo essa posição por pelo menos 15 segundos.

1 de dezembro de 2012

Técnica de Medição da Pressão Arterial


A avaliação da pressão arterial é fundamental para avaliar a saúde cardiovascular. A medida da PA é usada na triagem de hipertensão, e para monitorar a eficácia do tratamento em pacientes com hipertensão arterial estabelecida. Em ambiente ambulatorial de rotina, a pressão arterial é medida de forma indireta. Assim, é importante empregar a técnica apropriada de medição a fim de produzir leituras acuradas e confiáveis. 
Em adultos, uma pressão arterial normal é inferior a 120 mm Hg para a pressão sistólica e inferior a 80 mm Hg para a pressão arterial diastólica. Este vídeo mostra a técnica de medição da PA (em inglês).
Vídeo publicado pelo New England Journal of Medicine em 2009.

Referência
WILLIAM, J. S.; BROWN, S. M.; CONLIN, P. R. Blood-Pressure Measurement. Videos in Clinical Medicine. N Engl J Med 2009; 360: e6.

26 de novembro de 2012

Efeito Placebo Revisitado: O Poder da Mente

Os rituais de cura e outras ações simbólicas podem ter efeito potente sobre a fisiologia humana. A resposta-placebo sempre foi muito discutida. A expectativa da cura é hoje reconhecida como um dos fatores benéficos decisivos na evolução clínica do paciente. Ainda assim, o efeito placebo ocupa um lugar obscuro na história e já foi associado e feitiços e mágica. 
Como estudiosa da Semiologia Médica, esse fenômeno sempre me intrigou e interessou vivamente. Sabe-se que quase todos os tratamentos médicos da era pré-científica e que têm mais de 1.500 anos estão associados a essa resposta. Há muitos exemplos históricos e também contemporâneos do impressionante papel do efeito placebo.
Hoje, com os modernos estudos das neurociências e as técnicas de imagem cerebral cada vez mais sofisticadas, começa-se a explorar tanto os correlatos neurofisiológicos destas expectativas de cura e os mecanismos subjacentes. Os estudos sobre efeito placebo passam, então, a ampliar a concepção que se tem dos limites da capacidade humana endógena.
“Um dia, a ciência será capaz de descrever o efeito placebo em termos do estado dos neurônios, em uma descrição puramente física” (Michel Foucault)

Publicado em Calameo

24 de novembro de 2012

"Destaque William Osler 2012" no GESME

O GESME despede-se de Gilson Mauro Costa Fernandes Filho, "Destaque William Osler 2012" por "longevidade" no nosso grupo de estudos: Seis semestres letivos consecutivos (2009.2; 2010.1; 2010.2; 2011.1; 2011.2, 2012.1). Além da persistência, destacamos a inteligência, responsabilidade, constância e excelente educação demonstradas por Gilson durante esse período.
Os últimos Destaques William Osler por “antiguidade” foram Daniel Espínola Ronconi e Camila de Oliveira Ramalho, em 2009 (seis semestres letivos consecutivos).
Destaque William Osler 2009: 
http://semiologiamedica.blogspot.com.br/2009/12/destaques-do-gesme-em-2009.html

20 de novembro de 2012

GESME: Linhas de Pesquisa Atuais

http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0083401T2AJV5C
Grupo de Estudos em Semiologia Médica (GESME) - CNPq/UFPB

Como uma introdução fundamental à clínica médica, a Semiologia Médica tem enfoque no estudo da técnica de abordar, entrevistar, examinar e interpretar os sinais e sintomas apresentados pelo doente. O exame clínico corretamente realizado, além de ser mais acessível, tem maior sensibilidade e especificidade para a maioria dos diagnósticos que exames complementares sofisticados. Por outro lado, observa-se que ao lado de técnicas de exame clínico com probabilidade de acerto muito baixo, existem outros métodos semiológicos e sinais clínicos comprovadamente mais eficientes que exames complementares. 
Os sinais observados através do exame físico deveriam ser avaliados com o mesmo rigor metodológico com que são testadas as técnicas de laboratório, com avaliação de sua validade e fidedignidade. 
Objetivos
- Avaliação da semiologia clínica a partir do paradigma da medicina baseada em evidências; 
- Realização de estudos epidemiológicos, visando a contribuir para identificação de doenças na região predominantemente nos pacientes que são assistidos no Serviço de Clínica Médica Hospital Universitário Lauro Wanderley/UFPB; 
- Difusão de conhecimentos que possam contribuir para a complementação da formação acadêmica do aluno da área da saúde, em especial nas áreas de propedêutica clínica, observando-se o caráter informativo, assim como a abrangência do tema escolhido com foco de sua atenção perfeitamente relacionado com o campo de saberes da saúde para o graduando em medicina geral; 
- Incentivo e suporte à participação de seus membros em equipes de pesquisa, objetivando a iniciação ao método científico e à produção científica.

19 de novembro de 2012

Síndromes Demenciais

Palestra apresentada no programa da Residência Integrada Multiprofissional em Saúde Hospitalar (RIMUSH) - Hospital Universitário Lauro Wanderley -UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

Para visualização da apresentação, clique no ícone abaixo; para sair do modo "tela inteira", clique Esc.

15 de novembro de 2012

Semiologia Médica na Literatura: "Cais da Sagração", de Josué Montello

Trecho puramente médico-semiológico do livro "Cais da Sagração", de Josué Montello.
"A Lourença vive se consumindo, a me pedir para ir ao médico. Afinal, para não ser desmancha-prazeres, resolvi ir ao doutor. Um gordo, de óculos. Dr. Estêvão. Antes eu não tivesse ido à consulta dele. Se arrependimento matasse, eu também já estava aqui, debaixo da terra, como você. Levou um tempão me apalpando. Eu nu da cintura para cima, com uma preta de touca me olhando. Tive até de abrir a braguilha, veja você. Pra que, não sei. O que ele mandava, eu fazia, feito menino. Você me conhece, sabe o que isso me custou.

Até a língua ele quis que eu mostrasse; mostrei. Fez não sei quantas perguntas, e eu ia respondendo como podia. Pôs o dedo debaixo do meu olho, puxou para baixo, acendeu uma luzinha em cima dele. Depois me mandou ficar de pé, com os olhos fechados; fiquei. Mandou abrir os olhos; abri. Aí pôs a orelha em cima do meu peito, me mandou respirar. Houve uma hora que pensei dizer até logo, doutor, passe bem, e dar o fora. Mas me calei, para saber onde é que aquilo tudo ia parar. Aí ele me disse que eu me deitasse, botou no meu braço um aparelho com um ponteirinho, apertou bem, ficou olhando o ponteiro. Depois escorregou o dedo no meu braço, procurando o pulso, achou, ficou mexendo os beiços, como se estivesse rezando, e de olho no mostrador do relógio. No fim, quis que eu sentasse na cama, com as pernas para fora, balançando. Foi num armário, trouxe um martelinho, bateu com o martelinho no meu joelho, primeiro num, depois no outro."

Centro de Referência em Esclerose Múltipla da Paraíba: Inauguração

Será inaugurado o Centro de Referência em Esclerose Múltipla da Paraíba, na cidade de João Pessoa-PB. 
A inauguração será dia 21 de novembro próximo, na sede da Fundação de Apoio ao Deficiente (FUNAD), órgão do Governo do Estado. 

A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica, decorrente de um processo inflamatório de desmielinização, que leva à comprometimento da transmissão do impulso nervoso. Atinge cerca de 2,5 milhões de pessoas no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, acometendo de três a quatro vezes mais mulheres. É uma das mais importantes doenças neurológicas, devido a sua cronicidade e potencial de incapacitação funcional, além do fato de  acometer adultos jovens. Ainda não existe cura para a doença, mas o acompanhamento adequado faz com que muitos pacientes consigam manter-se ativos, minimizando-se a incapacidade funcional decorrente.
A Portaria nº 493, de 23 de setembro de 2010, do Ministério da Saúde (Brasil), determinou que "os gestores estaduais e municipais do  Sistema Único de Saúde (SUS),  conforme a sua  competência e pactuações, deverão  estruturar a  rede assistencial,  definir os  serviços referenciais e estabelecer os fluxos para o atendimento dos indivíduos com a doença" em todas as suas etapas.

11 de novembro de 2012

A Mão na Artrite Reumatoide

Por Fernando Roberto Gondim Cabral de Vasconcelos
Médico Recém-Graduado pela Universidade Federal da Paraíba

Não há dúvida sobre a importância semiológica das mãos no paciente reumatoide, nem da importância do estudo do quadro  clínico desta doença, assim como da prevenção das suas deformidades
A artrite reumatoide (AR) cursa com poliartrite periférica, sobretudo de pequenas articulações da mão, embora seja característico o acometimento articular dos pés e do punho também. Mais de 90% dos pacientes com artrite reumatoide apresentam envolvimento das articulações das mãos, e as mais acometidas são as articulações metacarpofalangianas (91%), as interfalangianas proximais (91%) e os punhos (78%) (LEFEVRE-COLAU et al., 2003).
A AR é uma doença auto-imune e sistêmica. Geralmente manifesta-se após os 30 anos de idade, com predomínio no sexo feminino. As causas da artrite reumatoide ainda são desconhecidas, porém se sabe que sua patogênese envolve a agressão pelo próprio sistema imunológico ao organismo.
Os estágios iniciais da doença reumatoide são caracterizados pela inflamação da articulação, tendões e músculos intrínsecos. As articulações apresentam-se edemaciadas e dolorosas. O envolvimento do tendão pode causar dor, "disparo" e dificuldade na flexão do dedo acometido. Os músculos intrínsecos podem apresentar espasmos. Depois de semanas, meses ou anos, a inflamação ativa geralmente torna-se menos intensa, mas pode deixar deformidades permanentes. Estas assumem maior importância, de modo que são as deformidades, e não inflamação ativa, que impedem a função normal da mão nas fases mais avançadas da doença. 
Na fase inicial, costuma haver um quadro de sinovite, ou seja, uma inflamação do tecido que reveste o interior da cápsula articular. Com a progressão do processo inflamatório, o tecido fica mais espesso, dando origem a uma espécie de tecido de granulação vascular e cicatricial, denominado pannus, que apresenta tendência a crescer dentro da cavidade articular e revestir a cartilagem articular, com erosão óssea e da cartilagem (SUGIMOTO, 2005). Caso não ocorra o tratamento, o tecido atípico acaba por destruir, ao fim de vários anos, a cartilagem articular e as extremidades ósseas adjacentes a essa articulação, o que origina as deformações características da AR.
A evolução da doença apresenta variação entre pacientes. Apenas em alguns pacientes, a doença surge de forma repentina e avança progressivamente sem interrupções, gerando um pior prognóstico ao doente. Na maioria das vezes, a história natural da doença é uma evolução intermitente, com fases ativas de dor e inflamação articulares, seguidas por fases nas quais não ocorrem sintomas, todas as manifestações desaparecem. 
Na fase inicial, de inflamação ativa, podem ser observados dedos em fuso (tumefação das interfalangianas proximais) e tumefação de metacarpofalangianas. Pode ocorrer necrose de polpas digitais de falanges distais em decorrência de quadro de vasculite.
O acometimento articular deformante dá origem a sequelas características que denotam um caráter típico da doença. Desta forma, surgem o punho em dorso de camelo (tumefação da articulação do punho + hipotrofia interóssea do dorso da mão), mão em pescoço de cisne (hiperextensão da interfalangiana proximal e hiperflexão da interfalangiana distal), a mão em boutonniere (ou dedos em botoeira, pela hiperflexão da interfalangiana proximal e hiperextensão da interfalangiana distal), desvio ulnar dos dedos e polegar em “Z” (HARRISON, 2009).
Em um estudo observacional de coorte, 100 pacientes com artrite reumatoide foram acompanhados (38 homens, 62 mulheres), com idade média de 53 anos e duração média da doença de 11,5 meses. Avaliação clínica, bioquímica e radiográfica padronizada foi realizada regularmente. Depois de dois anos, a prevalência de desvio ulnar, deformidade de botão, e deformidade pescoço de cisne foi de 13%, 16% e 8%, respectivamente. Ao todo, 31 pacientes haviam desenvolvido uma ou mais deformidades. Não houve diferença na idade ou sexo distribuição e não ocorreu predomínio na mão dominante. Cada paciente com uma deformidade foi acompanhado de acordo com idade, sexo e duração da doença de forma pareada com outro paciente com AR precoce, mas sem deformidade. O grupo de estudo teve deformidade doença mais ativa, menos força de preensão, mais incapacidade e alterações radiológicas mais graves. Quando estudado retrospectivamente em um ponto de tempo três meses antes da detecção da deformidade, sinovite das articulações relevantes foi tão comum no grupo que desenvolveu deformidades como no grupo de controle. Isto sugeriu aos autores que a inflamação articular pode contribuir para a gênese da deformidade, mas fatores adicionais são necessários para que esta se estabeleça. Deformidades na mão foram achados comuns na AR precoce (EBERHARDT et al., 1991).
Em outro estudo, mas do mesmo grupo de pesquisa, 108 pacientes (59% da amostra) desenvolveram pelo menos uma deformidade mão durante o tempo de estudo (quatro anos) (JOHNSSON; EBERHARDT, 2009). A maioria ocorreu durante os primeiros anos de evolução. Após dez anos, a taxa de desvio ulnar, deformidade  botoeira e deformidade pescoço de cisne foi de 44%, 24 e 23,5, respectivamente. No grupo que mostrou deformidade, a atividade da doença foi significativamente maior durante os primeiros cinco anos, e houve comprometimento da mão significativamente mais grave, mais deficiência funcional e alterações radiográficas graves ao longo do estudo. Mais da metade dos pacientes desta coorte com AR precoce tinha desenvolvido deformidades da mão depois de dez anos. A maioria das deformidades ocorreu durante o primeiro ano da doença. Presença de deformidades mão teve um impacto importante na capacidade funcional nas atividades da vida diária e acrescentou informação prognóstica útil, sendo um sinal precoce de uma doença mais grave.
Do ponto de vista da funcional, a avaliação precoce da mão é de fundamental importância para fornecer dados que auxiliem na decisão de uma estratégia terapêutica e na avaliação da eficácia do tratamento realizado.

Referências
EBERHARDT, K.; JOHNSON, P. M.; RYDGREN, L. The occurrence and significance of hand deformities in early rheumatoid arthritis. Br J Rheumatol. 30(3):211-3, 1991.
HARRISON, T. R. Harrison Medicina Interna. 17° Edição. Mc Graw Hill, Rio de Janeiro.
LAURINDO, I. M. M.; XIMENES, A. C.; LIMA, F. A. C. et al. Projeto Diretrizes - Artrite Reumatóide: Diagnóstico e Tratamento. Disponível em http://www.projetodiretrizes.org.br/projeto_diretrizes/015.pdf . Acesso em: 11 Nov. 2012. 
LEFEVRE-COLAU, M. M.; POIRAUDEAU, S.; OBERLIN, C. et al. Reliability, validity, and responsiveness of the Modified Kapandji Index for assessment of functional mobility of the rheumatoid hand. Arch Phys Med Rehabil. 84(7):1032-8, 2003.
JOHNSSON, P. M.; EBERHARDT, K. Hand deformities are important signs of disease severity in patients with early rheumatoid arthritis. Rheumatology (Oxford).  48(11):1398-401, 2009. 
SUGIMOTO, H.; TAKEDA, H.; HYODOH, K. Early-stage rheumatoid arthritis: prospective study of the effectiveness of MR imaging for diagnosis. Radiology 216(2):569–75, 2000.

9 de novembro de 2012

Apresentando os Novos Monitores de Semiologia Médica-UFPB 2012.2 / 2013.1

Apresentando nossos novos monitores de Semiologia Médica da UFPB: Mariah Martins, Laís Araújo, Arthur Lacerda, Marcos Martins Júnior e  Daniel Idelfonso para os períodos letivos 2012.2 e 2013.1.
Mariah Martins é a atual representante do grupo, monitora vinculada à Pró-Reitoria de Graduação/UFPB. 
Sejam bem-vindos à Semiologia Médica/UFPB e ao GESME!...

Ao mesmo tempo, agradecemos aos antigos monitores (semestres 2011.1, 2011.2 e 2012.1) pela contribuição valiosa à nossa disciplina de Semiologia e ao GESME: Ezemir Fernandes, Álvaro Vieira, Larrisa Vale, Geyhsy Rocha, Cícero Faustino (representante), Divany Brito e Bruno Garcia.  
Agradecemos também à Chefia do nosso Departamento de Medicina Interna/UFPB, na pessoa do Prof. Jacicarlos Lima de Alencar, por sua sensibilidade em compreender a necessidade de termos mais que apenas um monitor na disciplina, corroborando a inclusão dos monitores selecionados em 2011.1 para mais dois semestres letivos (2011.2 e 2012.1), o que foi de crucial importância para melhoria de nossas atividades didático-pedagógicas junto aos alunos da Semiologia nestes dois períodos.

29 de outubro de 2012

Solicitação de Vagas para a Monitoria de Semiologia Médica

Com a publicação dos resultados da seleção de monitores do Edital PRG/CEM Nº 008/2012, retificado pelo Edital PRG/CEM Nº 0021/2012, da Universidade Federal da Paraíba,  verificamos que a nossa disciplina de Semiologia Médica recebeu  a pontuação de 231,1, com obtenção de apenas uma vaga para monitor bolsista.

Considerando que apenas uma vaga para a monitoria acadêmica da Disciplina de Semiologia Médica da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) é insuficiente, a coordenação desta disciplina protocolou requerimento junto à Comissão de Estágios e Monitoria da Pró-Reitoria de Graduação/UFPB, solicitando que nos sejam concedidas mais vagas de monitores. 
Este requerimento − que se configurou como um pedido de reconsideração, embora não haja possibilidade de recurso quanto ao resultado desta seleção −, refere-se ao número de vagas que foi destinado à nossa disciplina de Semiologia Médica (Semiologia do Adulto, da Criança e Obstétrica,  MIV – 21 / Departamento de Medicina Interna, Centro de Ciências Médicas) − uma vaga para bolsista −, e contém as justificativas para que a Comissão da PRG/UFPB aprecie a possibilidade de nos conceder mais duas vagas para monitor voluntário. No nosso Plano de Ação submetido através do último Edital desta Pró-Reitoria (Edital PRG/CEM Nº 008/2012 - Monitoria 2012-2/2013-1, retificado pelo 021/2012), pedimos que nos fossem cedidas quatro vagas para monitores em virtude das necessidades particulares de nossa disciplina.
Programa consolidado da maior importância para o ensino na UFPB, a monitoria tem sido fundamental para a disciplina de Semiologia Médica (MIV-21), em que os alunos têm sua iniciação à clínica médica aprendendo a examinar o doente. Os monitores tem sido essenciais à inserção do estudante de Medicina iniciante da observação clínica no complexo cenário hospitalar de práticas. Com o desenvolvimento dos nossos Planos de Ação nos últimos anos, alcançamos, com a contribuição dos monitores, a publicação de um livro didático de Semiologia Médica, que é amplamente empregado na nossa disciplina (“Iniciação ao Exame Clínico: Guia para o Estudante de Medicina”, Editora Universitária da UFPB, 2010) e um capítulo de livro (“Os direitos do paciente na condição de instrumento de aprendizado em hospitais universitários”. In: Solange Fátima Geraldo Costa. (Org.). Os Direitos do Usuário em Serviços de Saúde. Os Direitos do Usuário em Serviços de Saúde. João Pessoa: Editora Universitária, 2011, v. 1, p. 35-51.), assim como o desenvolvimento de vários materiais didáticos instrucionais, como os que estão referidos abaixo:
1-       SOUSA-MUÑOZ, R. L. ; MOREIRA, P. A. A. ; SARAIVA, M. G. ; PEREIRA, J. V. N. ; GADELHA, C. S.; MAROJA, J. L. S. . CRIAÇÃO DE MATERIAL VISUAL PARA APOIO AO APRENDIZADO DE SEMIOLOGIA MÉDICA. 2010. (Desenvolvimento de material didático ou instrucional).
2-      SOUSA-MUÑOZ, R. L. ; SARAIVA, M. G. ; GADELHA, C. S. ; PEREIRA, E. H. F. ; PEREIRA, J. V. N. ; MENEZES, D. A. ; NEGRI, G. L. . EMPREGO DE RECURSOS AUDIOVISUAIS COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZADO EM AUSCULTA PULMONAR. 2010. (Desenvolvimento de material didático ou instrucional - Criação de material didático).
3-      SOUSA-MUÑOZ, R. L. ; SARAIVA, M. G. ; GADELHA, C. S. ; MENEZES, D. A. ; NEGRI, G. L. ; MOREIRA, P. A. A. . PROJETO INSTRUCIONAL DA MONITORIA DE SEMIOLOGIA MÉDICA COM ENFOQUE NA AVALIAÇÃO CLÍNICA DA DOR. 2010. (Desenvolvimento de material didático).
4-      SOUSA-MUÑOZ, R. L. ; GADELHA, C. S. ; PEREIRA, J. V. N. ; MENEZES, D. A. ; SARAIVA, M. G.; MAROJA, J. L. S. . UTILIZAÇÃO DE RECURSOS MULTIMÍDIA NA MONITORIA DE AUSCULTA CARDÍACA EM SEMIOLOGIA MÉDICA. 2010. (Desenvolvimento de material didático ou instrucional).
5-       SOUSA-MUÑOZ, R. L. ; BARACUHY, L. V. ; PEREIRA, J. V. N. ; GADELHA, C. S. ; SARAIVA, M. G. ; MOREIRA, P. A. A. ; SOARES, R. M. S. ; MENEZES, D. A. . PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA SEMIOLOGIA MÉDICA: CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA E FISIOPATOLOGIA DE SINAIS E SINTOMAS. 2010. (Desenvolvimento de material didático ou instrucional).
6-      SOUSA-MUÑOZ, R. L. ; DANTAS, S. G. ; SARAIVA, M. G. ; SOARES, R. M. S. ; BARACUHY, L. V. ; MENEZES, D. A. ; NEGRI, G. L. ; PEREIRA, J. V. N. . MATERIAL INSTRUCIONAL DE SEMIOLOGIA CUTÂNEA PARA ALUNOS DE INICIAÇÃO AO EXAME CLÍNICO. 2010. (Desenvolvimento de material didático ou instrucional).
Além disso, foram publicados relatos de nossa experiência didático-pedagógica na monitoria de Semiologia em revistas de circulação nacional na área de educação médica (Revista Brasileira de Educação Médica) e internacional (Revista Educación Médica).
Por outro lado, os monitores estão, ao longo dos últimos seis semestres, produzindo com apuro vídeos sobre técnicas de exame físico. Os monitores já desenvolveram material didático audiovisual sobre exame do tórax respiratório, exame cardiovascular e exame do abdome. Os monitores elaboraram desde o roteiro até a captura de imagens com uma câmera digital e a escolha de sons e efeitos sonoros. Os vídeos estão disponíveis no Blog do Grupo de Estudos em Semiologia, GESME (“Semioblog”) e  na videoteca da monitoria. Ainda resta a elaboração de vídeos sobre exame clínico dos outros sistemas.
Monitores de Semiologia Médica elaboraram também um projeto didático-pedagógico com utilização de recursos multimídias como áudios de ausculta cardíaca normal e patológica, associados aos seus respectivos fonocardiogramas, além do uso de modelos virtuais do sistema cardiovascular em funcionamento, simulando situações reais da prática clínica. Os sons cardíacos, gravados com estetoscópio digital, são apresentados simultaneamente à exibição de animação tridimensional do coração e grandes vasos, demonstrando-se os eventos hemodinâmicos e mecânicos envolvidos na gênese do som em estudo. Nas sessões de apresentação, antes da exibição de cada simulação virtual de ausculta, o monitor ressalta as principais características semiológicas a serem observadas. A qualquer momento os alunos podem pedir para parar a apresentação e repetir o som em estudo, conferindo assim um caráter interativo a esta atividade.
Os monitores também têm produzido material com inserção explicativa de técnicas de ausculta, achados auscultatórios normais e patológicos e seu significado clínico. A apresentação geralmente é ministrada por um monitor aos estudantes da disciplina, utilizando aparelhos de som, data-show e computador, quando há dúvidas sobre os sons, uma prática que tem contribuído para o seu aprendizado em ausculta pulmonar e cardíaca.
Por outro lado, os monitores colaboram na manutenção do Blog do GESME, o “Semioblog”, que foi criado há quatro anos para estimular a comunicação entre os alunos de Semiologia, valorizar a produção textual desses alunos através da publicação de seus escritos na Internet, fomentar um apoio eletrônico para a disciplina de Semiologia da UFPB e criar um espaço de organização da produção dos alunos, monitores e professores de Semiologia Médica.
Voltando ao nosso Plano de Ação 2012/1013: este foi submetido no Projeto do nosso departamento e alcançou 231,1 pontos  (Plano de Ação da disciplina de Semiologia do Adulto, da Criança e Obstétrica, MIV - 21). Constatamos que o Plano de Ação da Disciplina de Introdução aos Estudos Clássicos, de outro Centro, com pontuação de 247,8, recebeu duas vagas. Pedimos, então, que em vista da comparação das demandas de nossa disciplina e das justificativas que se seguem, seja reconsiderado o número de uma vaga concedida à mesma.
Além dos benefícios que traz a monitoria aos alunos que estão passando pela disciplina, que têm monitores adequadamente supervisionados, o aluno de Medicina monitor ganha muito com esta prática, e não são apenas curriculares os benefícios. Ele ganha em aprendizado, em experiência, em forjar responsabilidade, em amadurecimento acadêmico. Sabemos que 40% dos ex-monitores da nossa universidade estão hoje atuando na atividade de docência ou estão inseridos em programas de pós-graduação, o que foi mostrado por um estudo observacional feito aqui na UFPB.
Em Semiologia Médica, o plano de trabalho dos monitores tem o objetivo de proporcionar a ampliação do seu conhecimento em exame clínico, despertando o interesse para a docência e desenvolvendo aptidões acadêmicas. A importância da Semiologia na formação do médico é ressaltada nas novas Diretrizes Curriculares da graduação em Medicina, no que concerne, sobretudo, ao aprendizado de técnicas de exame clínico. Este constitui a base para toda a prática médica. Mesmo diante de todo avanço tecnológico na área dos exames laboratoriais e de imagem, o método clínico - anamnese e exame físico – bem executado continua sendo imprescindível para o bom exercício da medicina. É a partir dele que os exames complementares podem ser bem solicitados e interpretados criticamente. Depreende-se daí a importância da Monitoria para esta disciplina, cujo foco é o treinamento de habilidades clínicas.
A monitoria de Semiologia apresenta diversas atividades, dentre elas destaca-se o plantão diário de dúvidas realizado na sala de Semiologia do 5º andar do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW). No início do semestre, os monitores são orientados e supervisionados no cumprimento das seguintes atividades: exercer atividades semanais junto aos alunos, em horários extra-classe pré-fixados, à beira do leito, em atendimento do tipo “plantão de revisão”; auxiliar os alunos na abordagem dos pacientes no início de cada semestre; selecionar os pacientes para a aula prática e a prova prática de anamnese e entregar a lista de pacientes aptos e concordantes com a participação nas entrevistas ao professor; comparecer ao final do horário da prova prática na sala de aula de Semiologia para auxiliar no encaminhamento dos alunos à sala e para o recolhimento das observações clínicas escritas; esclarecer os pacientes sobre a participação dos alunos e dos professores, auxiliando a estabelecer um elo entre o paciente, aluno e professor; selecionar os pacientes para as aulas práticas; auxiliar na distribuição dos alunos para abordagem dos pacientes para realização de provas práticas à beira-do-leito; realizar apresentações orais na programação do semestre no Grupo de Estudos em Semiologia Médica; cumprir o cronograma de atividades com horários fixos, assim como o horário em que o monitor atenderá aos alunos para dirimir dúvidas dos alunos sobre obtenção da anamnese e semiotécnica do exame físico; auxiliar os alunos no laboratório de habilidades clínicas do CCM através da demonstração prática de técnica de exames e de ausculta cardíaca e pulmonar; informar o professor orientador sobre eventuais problemas observados durante a sua atividade junto aos alunos; apresentar ao professor sugestões, planos e formas operacionais que melhor correspondam ao funcionamento da monitoria, sempre em coerência com a expectativa institucional, face ao seu perfil; cumprir 12 (doze) horas semanais de atividades de monitoria, conforme horário preestabelecido com o professor orientador, observando que o horário do exercício da monitoria não deverá causar prejuízo ou coincidência com as horas oficiais das suas próprias atividades curriculares; apresentar os trabalhos sobre ensino de Semiologia e relatos de experiência realizados na vigência da monitoria no Encontro de Iniciação à Docência (ENID) e em outros eventos acadêmicos; colaborar na elaboração do relatório semestral final do projeto de monitoria da disciplina, sob orientação do professor coordenador da monitoria; cumprir o Código de Ética do Estudante de Medicina.
No horário compreendido entre 12h00 e 13h30 de segunda a sexta, os alunos interessados tem a oportunidade de solicitar o esclarecimento de dúvidas sobre os temas abordados em sala de aula, sendo o questionamento mais comum referente à correta realização da técnica semiológica. Para auxiliá-los dispõe-se de duas macas na sala de aula, nas quais é simulado o leito do paciente. Primeiro, o monitor realiza as manobras semióticas em um voluntário presente e após observação, os próprios estudantes treinam uns nos outros as técnicas do exame físico sob o olhar crítico dos monitores. Em outras ocasiões, os monitores levam os alunos para o laboratório de habilidades clínicas do CCM para demonstração prática de técnica de exames e de ausculta cardíaca e pulmonar. Finaliza-se a sessão de monitoria indo às enfermarias de Clínica Médica do HULW junto com os estudantes e colocando em prática o que foi firmado na simulação.
As atividades realizadas no semestre letivo 2011.1 (12 horas semanais foram, além das atividades semanais junto aos alunos, em horários extraclasse pré-fixados, participação de atividades programadas para os monitores para organização dos trabalhos da monitoria e para discussão de temas de Semiologia Médica e Ensino (Quadro 1). Exemplificamos as atividades no Quadro 1 com ações do semestre de 2011.1 em vista da fragmentação que sofreu o semestre 2012.1 em virtude da greve, além do fato de ter sido a última vigência em que recebemos um número de vagas necessário para cobrir nossas demandas (seis).

Quadro 1 – Programação das reuniões da Monitoria de Semiologia Médica no semestre 2011.1.
 Como aulas práticas da disciplina de Semiologia Médica consistem no ensino do exame clínico envolvendo os pacientes internados nas enfermarias. Percebeu-se que havia desperdício de tempo na seleção dos pacientes para as práticas e que o conhecimento prévio dos achados semiológicos e das condições dos pacientes poderia melhorar a dinâmica do funcionamento da disciplina.
Com esta finalidade, surgiu o projeto “mapeamento clinico das enfermarias”, que será realizado nesta vigência de 2012.2/2013.1, realizado pelos monitores da disciplina. O grupo de monitores da disciplina (se tivéssemos quatro vagas, como solicitamos para atender as demandas já citadas e esta nova que está prevista no plano de ação submetido) será dividido em dois subgrupos para acompanhar a rotatividade de 70 leitos da enfermaria de clínica médica. Os principais achados semiológicos são transferidos para uma planilha eletrônica (google docs) acessível a todos os professores e monitores da disciplina. A planilha será atualizada a cada três dias pelos monitores com os sinais clínicos encontrados e/ou eliminação de determinado achado inserido anteriormente (Plano de Ação 2012.2-2013.1).
Essa iniciativa trará maior praticidade na indicação dos pacientes a serem examinados durante as aulas práticas, facilitando na demonstração da semiotécnica de exame físico pelos professores e, portanto, no planejamento das aulas. O projeto permitirá ainda um melhor treinamento dos monitores, aumentando sua aproximação com os pacientes, bem como melhora da relação aluno-paciente. Além disso, os pacientes que não estão em condições clínicas ou encontram-se indispostos serão identificados previamente e não serão perturbados desnecessariamente durante as aulas práticas.
Os resultados almejados no projeto de Monitoria na disciplina de Semiologia Médica têm sido cumpridos com sucesso e grande êxito acadêmico. Salientamos, por fim, que o desempenho de seus integrantes e a repercussão acadêmica do nosso Plano de Ação só poderão ser considerados suficientes, com cumprimento dos objetivos preconizados, se houver, no mínimo, quatro monitores na disciplina. A diversidade de atividades cotidianas da disciplina de Semiologia pode ser mais bem operacionalizada através de medidas atribuídas aos quatro monitores de que necessita a disciplina. Salientamos que recebemos nesta disciplina 60 alunos por semestre.
Finalizando após justificar as demandas didático-pedagógicas de nossa disciplina, solicitamos que fosse reavaliada a destinação de apenas uma vaga à mesma.
Assim, aguardamos a apreciação deste pedido pela Comissão de Estágios e Monitoria/Pró- Reitoria de Graduação/UFPB.