27 de julho de 2012

VI Congresso Paraibano dos Estudantes de Medicina

O VI Congresso Paraibano dos Estudantes de Medicina (VI CPEM) ocorrerá na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) nos dias 16, 17, 18 e 19 de agosto de 2012, com o objetivo de despertar o interesse da comunidade acadêmica para a produção de conhecimento científico nas mais diversas áreas da Medicina e discutir os avanços, impasses e perspectivas da saúde brasileira e da educação médica - http://www.ccm.ufpb.br/cpem2012/

Com o tema "A Produção Científica na Medicina e seu Papel na Sociedade", este evento tem como objetivo oferecer oportunidade de debate e reflexão sobre a pesquisa cientíca, estimular a produção do conteúdo acadêmico e despertar a vocação para o campo da pesquisa  ainda na universidade, onde o estudante está em formação. Este evento também tem por objetivo promover a interação entre os estudantes do curso de graduação em Medicina da UFPB e de outras escolas da região, do 1º ao 6º ano, inter-relacionando ensino, pesquisa e extensão universitária.
A pesquisa na graduação é uma atividade motivadora e muito enriquecedora, e que torna a formação mais abrangente e dota os graduandos de maior capacidade de observação e análise, além de propiciar o desenvolvimento de sua competência criativa e inquiridora.
Considerando que a apresentação de trabalhos em congressos é uma parte importante no processo de intercâmbio de informações científicas, mas não é suficiente, os resumos de todos os temas livres apresentados no VI CPEM estão publicados neste suplemento da Revista Brasileira de Ciências da Saúde, possibilitando que esses trabalhos tornem-se mais amplamente conhecidos, ao passar a fazer parte do acervo de bibliotecas e acessados pela Internet. 
Pretende-se que cada trabalho divulgado no VI CPEM tenha uma finalidade maior além do conhecimento: a oportunidade de troca de experiências, que estimulará cada estudante a se tornar mais que um profissional competente, um profissional sensível que saberá converter os números que fazem as estatísticas em evidências científicas, que poderão repercutir na sua formação como um profissional humano e sensível, aquele que será visto pelos seus pacientes futuramente.

Imagem: Comissão Organizadora do VI CPEM. Arte: Leonardo Sales. 

26 de julho de 2012

Contra a Abertura Indiscriminada de Cursos de Medicina no Brasil


"O Brasil é o único país do mundo que permite ao sujeito criar uma escola - como uma padaria ou açougue - para ganhar dinheiro." (Darcy Ribeiro)

A abertura indiscriminada de novos cursos de Medicina no Brasil é extremamente preocupante. O Semioblog apresenta abaixo cartas e notas emitidas por entidades médicas brasileiras sobre este importante problema. 
A reprodução da foto acima foi feita a partir do site http://www.proteja-se.org.br/, com permissão.
O que é preciso para solicitar a abertura de um novo curso de graduação em Medicina no Brasil? Para obter a autorização de funcionamento e o reconhecimento do curso, a instituição pleiteante deve apresentar:
-• detalhamento da infra-estrutura física e recursos financeiros disponíveis;
-• disponibilidade de corpo docente qualificado e em número suficiente;
-• apresentação do projeto pedagógico de qualidade, com estrutura curricular atualizada e metodologia de ensino e de avaliação.
Em se tratando de solicitação de autorização, a entidade deve, ainda, caracterizar a necessidade social do curso, incluindo estudos que demonstrem aspectos socioeconômicos, demográficos, rede regional de serviços de saúde e recursos humanos em saúde já disponíveis na região. Cabe ao Conselho Nacional de Saúde (CNS) emitir parecer caracterizando ou não a necessidade social do curso. Estas informações, em muitos casos, não passam de uma carta de intenções.
Fóruns regionais promovidos pela Associação Médica Brasileira (AMB) e Conselho Fedral de Medicina (CFM), cujo tema foi “Novas Escolas de Medicina: Necessidade ou Oportunismo?”, aconteceram em Curitiba, Belo Horizonte, Belém, Brasília e Salvador, em 2002, para debater o assunto da abertura de novas escolas médicas. A partir da realização destes fóruns, foi produzido um documento onde se conclui que o Brasil não tem necessidade social de mais cursos de medicina porque já os tem em número excessivo. O referido documento aponta que “Empresários da educação, mais preocupados com o lucro fácil proporcionado por faculdades de medicina do que com a saúde pública, não podem continuar agindo impunemente à revelia da lei, sob a conivência passiva do Ministério da Educação. Estas faculdades devem ser imediatamente fechadas sob pena de imensos prejuízos à economia de famílias e à saúde pública” (BUENO; PIERUCCINI, 2004).
A Secretaria de Educação Superior (SESu) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) publicaram em 14/o4/2008 um documento com as condições iniciais para autorização da abertura de cursos de graduação em medicina. Outros critérios estabelecidos, tanto para abertura de novos cursos como para reconhecimentos e renovações de reconhecimentos dos já existentes, eram os seguintes:
Ser criados preferencialmente por instituições nas quais haja articulação com a oferta de outros cursos já existentes e bem avaliados na área da saúde;
- Integração ao sistema local e regional de saúde, especialmente por meio do Sistema Único de Saúde;
- Número de vagas a serem ofertadas de acordo com a dimensão e qualificação do corpo docente, com a proposta pedagógica e com a infra-estrutura da instituição;
- Infra-estrutura mínima disponível para os três primeiros anos do curso, incluindo laboratórios e biblioteca;
- Núcleo docente estruturante, composto por docentes com dedicação preferencial ao curso, com alta titulação e experiência na área específica, responsáveis pela formulação da proposta pedagógica bem como sua implementação integral.

Será que estes critérios estão sendo rigorosamente seguidos?

CARTA ABERTA - Carta Aberta das Entidades Médicas (2004)
Ao ministro da Educação, Tarso Genro; Ao ministro da Saúde, Humberto Costa; Aos conselheiros do Conselho Nacional de Educação; Aos conselheiros do Conselho Nacional de Saúde.
Tendo em vista a reunião Plenária do Conselho Nacional de Saúde, nos dias 10 e 11 de março de 2004, que prevê em sua pauta a presença do Ministro da Educação, Tarso Genro, e do Presidente do Conselho Nacional de Saúde e Ministro da Saúde, Humberto Costa, encaminhamos aos Excelentíssimos Ministros e Digníssimos Conselheiros as seguintes considerações:
1. Sugerimos a prorrogação, por mais 180 dias ou prazo indeterminado, da suspensão da abertura de novos cursos de Medicina, a exemplo da decisão tomada pelo Ministério da Educação em relação aos cursos de Direito. Em que pese a deliberação do Conselho Nacional de Saúde, de moratória na abertura de cursos por 180 dias em 2003 (Resolução CNS nº 324), prorrogados por mais 60 dias em janeiro de 2004 (Resolução CNS nº 336), ressaltamos que ainda não foi conclusiva a formulação de critérios conjuntos, entre os Ministérios da Educação e Saúde, para a abertura de cursos de Medicina e demais cursos da área da Saúde. Nesse sentido, faz-se imperioso que o Conselho Nacional de Educação suspenda a apreciação desses novos cursos.
2. Solicitamos ao Ministério da Educação a revisão dos processos que culminaram na abertura recente de três novos cursos em São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo (Unicid) e Centro Universitário Nove de Julho (Uninove), na capital; Universidade Camilo Castelo Branco (Unicastelo), em Fernandópolis. Os três cursos realizaram exames vestibulares em 2003 e passarão a oferecer anualmente cerca de 180 vagas, ao todo, cujas mensalidades, por aluno, têm valores muito elevados.
3. Solicitamos a paralisação imediata dos processos em andamento no Ministério da Educação de 2004, que visam a abertura de cinco novos cursos em São Paulo: Universidade Anhembi Morumbi, UniFMU, Universidade Paulista (Unip), Fundação Hermínio Ometo (Universidade de Araras) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
4. Solicitamos apoio à tramitação de urgência e aprovação do Projeto de Lei da Câmara dos Deputados nº 65/2003, de autoria do deputado Arlindo Chinaglia (PT- SP), que dispõe sobre a proibição, no prazo de 10 anos, da criação de novos cursos de Medicina, bem como da ampliação de vagas nos cursos já existentes.
5. Ressaltamos que tornou-se insustentável a situação da abertura de novas escolas médicas no país, especialmente no Estado de São Paulo. Mesmo com pareceres contrários do Conselho Nacional de Saúde, sem critérios claros de avaliação de qualidade e sem a preocupação com o agravamento da oferta de vagas, foram abertos 37 cursos de Medicina no país, de 1996 a 2003, sendo sete no Estado de São Paulo. Somente em 2002 o Ministério da Educação aprovou oito cursos de Medicina. O Brasil já conta com 121 cursos, sendo 25 em São Paulo. O Estado tem cerca de 85 mil médicos em atividade, um médico para cada 457 habitantes, bem acima da média nacional, que também é alta: um médico para cada 601 habitantes. Na capital de São Paulo, a situação é ainda mais alarmante, pois há um profissional para cada 264 habitantes, muito além do que é preconizado como ideal pela Organização Mundial da Saúde: um médico para cada 1.000 habitantes.
6. Reiteramos que a abertura de escolas médicas sem condições de formar bons profissionais é um negócio lucrativo nas mãos de empresários, representa sérios riscos à saúde da população e em nada contribui para o fortalecimento das políticas públicas e implementação do Sistema Único de Saúde.
São Paulo, 8 de março de 2004
Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Médica Brasileira (AMB), Confederação Médica Brasileira, Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Associação Paulista de Medicina (APM), Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) e 
Federação dos Médicos do Estado de São Paulo (Femesp).

O Conselho Federal de Medicina (CFM) e os 27 Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) voltam a manifestar publicamente sua preocupação com a abertura sem critérios de novos cursos de Medicina no Brasil através da nota abaixo. Nesta nota à imprensa, as entidades destacam que em um período de dez anos o número total de cursos aumentou  em 80% no país. Também apontaram a  falta de critérios, por parte das autoridades responsáveis, como um dos fatores que contribui para a má formação de médicos, o que põe em risco a saúde da população. Para os Conselhos de Medicina, “o Ministério da Educação, ao não cobrar a obediência às regras que autorizam o funcionamento das escolas, colabora com a abertura de cursos de forma indiscriminada e com a formação de médicos despreparados para atender a população”.

NOTA À IMPRENSA: Abertura indiscriminada de escolas médicas põe em risco saúde da população
O Conselho Federal de Medicina (CFM), em defesa do bom exercício do trabalho médico e da qualidade da assistência, manifesta seu repúdio à abertura indiscriminada de novos cursos de Medicina, pelos motivos a seguir:
1) Há 347 mil médicos no Brasil, com a previsão de formar 16 mil novos profissionais a cada ano. Contudo, a concentração de 72% desse contingente no Sul e Sudeste configura grave problema em decorrência da falta de políticas públicas para a interiorização da Medicina e da assistência.
2) A média nacional é de um médico por 578 habitantes. Contudo, em Roraima, o índice é de um médico por 10.306 habitantes. A criação de uma carreira de Estado para o médico é a saída para corrigir estas distorções, com oferta de honorários dignos e perspectivas de progressão funcional.
3) É preciso ir além: o governo deve assegurar mais recursos para o SUS e qualificar a gestão do sistema público, garantindo-lhe infraestrutura adequada ao seu funcionamento.
4) A abertura de novos cursos de Medicina não resolverá o caos do atendimento, ao contrário do que defendem alguns. A duplicação do número de escolas médicas - entre 2000 e 2010 - não solucionou a má distribuição dos médicos, mantendo a desassistência, inclusive nos grandes centros urbanos.
5) Neste período, foram criadas 80 escolas. Boa parte delas não tem condições de funcionamento. Elas não têm instalações adequadas, contam com ambulatórios e hospitais precários (ou inexistentes) e não oferecem conteúdo pedagógico qualificado.
6) O Ministério da Educação, ao não cobrar a obediência às regras que autorizam o funcionamento das escolas, colabora com a abertura de cursos de forma indiscriminada e com a formação de médicos despreparados para atender a população.
Convidamos o Governo, o parlamento e a sociedade para um debate descontaminado de paixões, já que o valor da saúde do povo brasileiro é muito maior do que explicações simplistas.
Conselho Federal de Medicina (CFM) e Conselhos Regionais de Medicina (CRMs)

No mês passado (junho de 2012), o Conselho Federal de Medicina emitiu outra nota criticando novamente a abertura de novas vagas nos cursos de Medicina em todo o Brasil. Segundo a nota, o país não precisa de mais médicos, mas de profissionais preparados e políticas públicas na área de saúde. Para o CFM, as escolas de medicina existentes oferecem baixa qualidade e deficiência na formação médicos e que a multiplicação das vagas não tem solucionado o problema da falta de profissionais.  Abaixo a nota na íntegra.
NOTA do CFM
Preocupado com a qualidade da formação dos médicos no país e com a adequada assistência oferecida à população, o Conselho Federal de Medicina (CFM) manifesta sua posição contrária à decisão do Governo de abrir 2.415 novas vagas em escolas médicas no Brasil até o ano de 2014.
Tal anúncio, que usa como justificativa a necessidade de aumentar o número de profissionais no país para cobrir vazios assistenciais, passa ao largo de medidas com efeito real para equacionar o problema do acesso à saúde e ignora aspectos ligados ao preparo dos futuros médicos.
Levantamento realizado ao longo de dois anos, no âmbito da Secretária de Ensino Superior do próprio Ministério da Educação (sob a supervisão do ex-ministro Adib Jatene), já demonstrou que parte significativa das  escolas de medicina existentes não possui condições de oferecer a capacitação necessária aos seus alunos.
O Conceito Preliminar de Cursos (CPC), divulgado também pelo Ministério da Educação, confirmou ser preocupante o número de escolas médicas que alcançaram notas ruins, entre 1 e 2 (de 141 instituições avaliadas, um total de 23). Também é lamentável que nenhuma delas tenha obtido nota suficiente para ser classificada na faixa máxima (nota 5).
Ambos os casos são resultados que decorrem da abertura indiscriminada de novas vagas e novos cursos de Medicina em território nacional, práticas há tempos denunciadas pelo CFM. De 2000 a 2012, praticamente dobrou o total de escolas médicas no Brasil (de 100 para 185 estabelecimentos do tipo).
No entanto, essa multiplicação não tem solucionado a povoação de médicos nos locais desassistidos e sequer melhorou a qualidade dos médicos ali formados. Não há dúvida que número importante escolas médicas em atividade está sem condições de funcionamento. Assim, a abertura de novas escolas ou o aumento no número de vagas nas existentes  é uma atitude desprovida de conteúdo prático e de bom senso.
Outro ponto a ser levado em consideração diz respeito ao total de médicos no país. Atualmente, o país tem 371 mil médicos, com uma razão de 1,95 médicos por mil habitantes, que é superior à média mundial (1,4 por mil habitantes), conforme relatou a OMS em seu último relatório.
Infelizmente, os médicos brasileiros estão concentrados nos estados do Sul e Sudeste, nas capitais e na faixa litorânea. Estados como Distrito Federal (4,02 médicos por 1.000 habitantes), Rio de Janeiro (3,57), São Paulo (2,58) e Rio Grande do Sul (2,31) possuem indicadores próximos de países europeus. Por outro lado, no Norte e no Nordeste, esse número se assemelha a de nações subdesenvolvidas.

Referência
BUENO, R. R. L.; PIERUCCINI, M. C. Abertura de Escolas de Medicina no Brasil: Relatório de um cenário sombrio. 2004. Disponível em: http://www.amb.org.br/escolas_abertura.pdf. Acesso em:  26 jul. 2012.

16 de julho de 2012

Semio-Quiz: Dor e Distensão Abdominal após Herpes Zoster

 Figura 1 - Vista frontal do abdome

Figura 2 - Vista lateral do abdome

Resumo do Quadro Clínico
Uma mulher de 77 anos foi atendida em serviço de emergência para avaliação de dor abdominal localizada no quadrante inferior esquerdo abdominal e "inchaço" no local há três dias. Três semanas antes, ela recebeu um diagnóstico de herpes zoster à esquerda no abdome (dermátomo T12), e fez um curso de sete dias com valaciclovir. 
O interrogatório sistemático foi normal, exceto por constipação, que não tinha respondido a mudanças dietéticas e supositório. 
O exame físico mostrava notável distensão dolorosa e edema no quadrante inferior esquerdo do abdome, com lesões vesiculares e crostosas na pele suprajacente (Figuras 1 e 2, acima). 

Diagnóstico e referência serão publicados após postagem de comentário com hipótese diagnóstica para o quadro.


17/07/2012
Diagnóstico: Pseudo-hérnia posherpética.
A tomografia computadorizada do abdome revelou convexidade da parede inferior esquerdo do abdome  em comparação com o direito e não revelou defeito fascial na parede. 
Pseudo-hérnias são definidas como saliências limitadas da parede abdominal, sem defeito estrutural, e constituem uma complicação conhecida de vários processos patológicos, incluindo a radiculoneuropatia diabética, a doença de Lyme, a polimiosite e a reativação de herpes zoster. Classicamente, a reativação da infecção de herpes zoster afeta as raízes nervosas sensoriais, no entanto, poderá ocorrer envolvimento motor, que se expressa por paresia diafragmática, superior e inferior e da musculatura abdominal.
Os sintomas de pseudohernia da parede abdominal ocorrem tipicamente dentro de duas semanas após a erupção cutânea e incluem, tipicamente, uma protuberância abdominal na região do dermátomo afetado. Os pacientes têm um bom prognóstico, com a maioria tendo resolução completa dos sintomas dentro de 18 meses.

Referência
PULIA, M. S.; SIELAFF, A.; CALDERONE, B. A. Postherpetic Pseudohernia. Annals of Emergency Medicine, 60 (1): 11, 2012. Disponível em: http://www.annemergmed.com/article/PIIS0196064411018853/fulltext. Acesso em: 17 jul. 2012. 

7 de julho de 2012

Grupos de Pesquisa do CCM/UFPB Certificados no CNPq


Números registrados na  página da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPG) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) revelam que em 14 de junho de 2012 (última atualização) havia 335 grupos de pesquisa das diversas áreas do conhecimento na UFPB,   certificados por esta instituição no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 
As informações exploradas ao longo desta postagem foram obtidas mediante consulta online à página da PRPG/UFPB (BRASIL, 2012a) e do Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil, CNPq (BRASIL, 2012b)
No Centro de Ciências Médicas (CCM) da UFPB, figuram sete grupos certificados até esta última atualização (Tabela 1).

Tabela 1- Relação dos Grupos de Pesquisa e seus respectivos Líderes, datas de certificação e de atualização - Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) -junho de 2012. 

Fonte: PRPG/UFPB

A estes sete grupos certificados atualmente correspondem 29 linhas de pesquisa (Tabela 2). 

Tabela 1- Número de linhas de pesquisa, pesquisadores e estudantes registrados nos Grupos de Pesquisa do Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) em junho de 2012 (PRPG/UFPB)


Objetivos e Linhas de Pesquisa dos Grupos do CCM, conforme informações obtidas mediante consulta online à página da PRPB/UFPB (BRASIL, 2012a) e do Diretório dos Grupos no Brasil do CNPq (BRASIL, 2012b)

- Objetivos: O foco principal dos estudos estará dirigido para o binômio materno-infantil, no entanto a contextualização contemporânea exige uma abrangência que ultrapassa e transcende este binômio, haja vista os problemas relacionados com a gestação precoce, gestações tardias, reprodução assistida, morbidade e mortalidade maternas, etc. A meta principal é realizar estudos que resultem em informações científicas capazes de mudar ou aperfeiçoar conceitos e ações que visem a integralidade e universalidade de políticas públicas de saúde da criança, do adolescente e da mulher. As atividades do grupo terão um impacto direto na melhoria do planejamento de ações médico-preventivas na área e poderão contribuir para o desenvolvimento de novos procedimentos, ferramentas de intervenção e produtos no âmbito do SUS. A nível acadêmico essas atividades refletirão na preparação adequada e qualificada de recursos humanos na área. O trabalho desenvolvido contribuirá para o conhecimento das necessidades da atenção à Saúde da Criança, do Adolescente e da Mulher da região nordeste do Brasil, a nível primário, secundário e terciário.

- Objetivos: Contribuir na definição dos caminhos da Educação Popular em Saúde no atual contexto institucional do Sistema Único de Saúde. Contribuir na humanização do SUS através da identificação de entraves e estratégias de aperfeiçoamento de suas relações com a população e seus movimentos organizados. Contribuir na compreensão das dinâmicas subjetivas e culturais envolvidas no processo de adoecimento e de luta pela saúde. -enfatizar o estudo da espirtitualidade de forma a entender as dinâmicas subconscientes presentes no trabalho em saúde. Contribuir na construção de estratégias pedagógicas para o fortalecimento da organização popular e para o resgate da altivez dos grupos subalternos de forma a criar uma sociedade mais justa, igualitária e participativa. Identificar as contribuições da Educação Popular na formação dos trabalhadores em saúde numa perspectiva de envolvimento com as iniciativas populares de saúde.

-Objetivos: As repercussões dos estudos desse grupo está concentrado primeiramente no grupo alvo que certamente será beneficiado c/ as conclusões dos trabalhos que visará contribuir p/ melhoria prognostica através de propostas a partir dos resultados obtidos, que condicionem proveito p/ o grupo alvo. Por outro lado, essa linha de estudo focada em visão atualista e futurista,certamente vem preecher uma lacuna no nosso meio local e ao mesmo tempo, engrossar as vias diretamente interessadas no assunto proposto por grupo de trabalho de forma e visão interdisciplinar.

- Objetivos: Conhecer a distribuição, a prevalencia e o controle da hipertensão arterial nos pacientes atendidos no ambulatório de cardiologia do hospital universitário Lauro Wanderley.

- Objetivos: - Avaliação da semiologia clínica a partir do paradigma da medicina baseada em evidências; - Realização de estudos epidemiológicos, visando a contribuir para identificação de doenças na região predominantemente nos pacientes que são assistidos no Serviço de Clínica Médica Hospital Universitário Lauro Wanderley/UFPB; - Difusão de conhecimentos que possam contribuir para a complementação da formação acadêmica do aluno da área da saúde, em especial nas áreas de propedêutica clínica, observando-se o caráter informativo, assim como a abrangência do tema escolhido com foco de sua atenção perfeitamente relacionado com o campo de saberes da saúde para o graduando em medicina geral; - Incentivo e suporte à participação de seus membros em equipes de pesquisa, objetivando a iniciação ao método científico e à produção científica.
- Linhas de Pesquisa:
-- SEMIOLOGIA DAS NARRATIVAS DOS DOENTES
-- SEMIOLOGIA DO IDOSO
-- SEMIOLOGIA E DOENÇAS CRÔNICAS
-- SEMIOLOGIA E ENSINO
Link: http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhegrupo.jsp?grupo=0083401T2AJV5C

- Objetivos: Não explicitados até 14/07/2012.
Link:

- Objetivos: Considera-se que a atual proposta é pioneira, meritória, contemporânea e de relevância social particularmente para a região Norte- Nordeste. Regiões com escassas investigações no âmbito dos Transtornos da Conduta Alimentar, principalmente da Obesidade Mórbida e Cirurgia Bariátrica. Por outro lado, também se entende que este núcleo é extremamente proeminente para o desenvolvimento científico e tecnológico no contexto universitário e da região por tentar produzir cientificamente e formar recursos humanos em uma área emergente, fundamental para as ciências médica. Ainda nesta perspectiva, convém salientar que devido à experiência prévia do Núcleo na área de estudos clínicos, avalia-se que as linhas de investigação são pertinentes, com os recursos humanos adequados para alcançar os objetivos e as metas propostas. É importante ressaltar a existência da equipe multidisciplinar e a infra-estrutura necessária para o desenvolvimento do núcleo. Recentemente o Departamento de Medicina Interna da Universidade Federal da Paraíba está em pleno processo de crescimento científico no que se refere à tríade: ensino, pesquisa e extensão. Como também estimula a formação de recursos humanos demonstrada pela participação de docentes com titulação de mestre em programas de doutoramento para melhorar o suporte acadêmico. A importância do apoio desta proposta para este núcleo de pesquisa torna-se de considerável relevância para a formação de profissionais e estudantes na área de saúde, corroborando o conhecimento no contexto dos Transtornos da Conduta Alimentar e da Obesidade e Cirurgia Bariátrica.
-Linha de pesquisa:

Referências
BRASIL. Universidade Federal da Paraíba. Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. Grupos de Pesquisa Certificados pela UFPB. 2012a. Disponível em: http://www.prpg.ufpb.br/portal/index.php/pesquisa/grupos-de-pesquisa. Acesso em: 07 jul. 2012.
BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq. 2012b. Diretório de Grupos de Pesquisa. Disponível em: http://www.cnpq.br/gpesq/saibamais.htm/. Acesso em: 07 jul. 2012.

--------- ATUALIZAÇÃO EM 2013 --------


Em 18/04/13: Houve nova atualização da lista de grupos de pesquisa certificados pela UFPB. Nesta atualização, feita em 2013, figuram cinco grupos no CCM certificados pelo CNPq  (BRASIL, 2013).

Discussão dos Dados Observados
A articulação entre ensino e pesquisa oportuniza a vivência em iniciação científica pelos graduandos de Medicina. A iniciação científica é um instrumento pedagógico, implementado no Centro de Ciências Médicas (CCM) da UFPB no Programa de Iniciação Científica, mas também pela realização dos trabalhos de conclusão de curso (recentemente implementada no curso de medicina) e pelos grupos de pesquisas ativos. 
A formação de grupos de pesquisa tem fomentado as especialidades do conhecimento e oportunizado a produção científica, bem como o diálogo interdisciplinar.
Em 2012, conforme mostrado no início desta postagem (iniciada em 07/07 2012), os grupos de pesquisa da UFPB possuíam de 1 a 8 linhas de pesquisa, eram compostos por 2 a 12 doutores (6, em média) e de 0 a 12 graduandos de Medicina (6, em média). Dois grupos figuraram como atípicos por não possuir estudante e ter mais de 12 pesquisadores. Esta classificação de grupos em atípicos e consolidados foi feita de acordo com o CNPq (BRASIL, 2012). 
Os grupos cadastrados em 2012 foram sete: Saúde da Criança e da Mulher, Educação Popular em Saúde, Distúrbios Respiratórios e Envelhecimento, Doenças Prevalentes do Sistema Cardiovascular, Semiologia Médica, Transtornos Alimentares. Em 2013, há cinco grupos cadastrados, três dos anteriores foram descredenciados e um novo foi criado (Imaginologia).  Em 2012, três estavam em consolidação e quatro em formação; em 2013, dois em consolidação, três em formação. Os grupos pertencem a áreas distintas da Medicina e não se verifica interdisciplinaridade, pelo menos no tocante às temáticas enfocadas nos grupos.
Não há grupos de pesquisa consolidados no CCM/UFPB, segundo os critérios do CNPq. As áreas do conhecimento são distantes entre si, não há interdisciplinaridade na maioria deles e dois são considerados atípicos. Há poucos estudantes de Medicina incluídos, embora a maioria dos pesquisadores tenha titulação de doutor. 
Há necessidade de consolidação dos grupos de pesquisa do CCM/UFPB e de inclusão de maior número de estudantes.

Referência
BRASIL. Universidade Federal da Paraíba. Grupos de Pesquisa Certificados pelo CNPq. 2013. Disponível em: http://www.prpg.ufpb.br/portal/index.php/grupos-de-pesquisa/74-grupos-de-pesquisa. Acesso em: 18 abr. 2013.
BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq. 2012. Diretório de Grupos de Pesquisa: Manual do Líder de Grupo. Disponível em: http://dgp.cnpq.br/diretorioc/html/lider/manual.html. Acesso em:  18 abr. 2013.

6 de julho de 2012

Portal Dr. Teuto: Promovendo Interação com o Público Médico

O portal institucional Dr. Teuto é o site do conhecido Laboratório Teuto/Pfizer, considerado um dos maiores fabricantes de medicamentos do Brasil e o maior complexo farmacêutico da América Latina. Voltado para o público médico e de outros profissionais da saúde, o site Dr. Teuto proporciona acesso aberto, com o objetivo de disseminar informações importantes para a área médica,  criando um ambiente que atende às necessidades específicas de profissionais da saúde e promovendo comunicação efetiva com este público diferenciado.
O Laboratório Teuto/Pfizer possui mais de 500 apresentações de medicamentos, entre genéricos e similares, medicamentos da linha hospitalar, fitoterápicos e suplementos alimentares. Para divulgação desta sua produção, o site disponibiliza a lista completa de medicamentos e suas bulas, além de possuir uma série de vídeos 3D mostrando como esses fármacos atuam no organismo. Assim, pode-se ver, em alta definição, como cada fármaco atua, possibilitando que o médico proporcione essa explicação ilustrativa ao seu paciente. Esses conteúdos sobre as ações de medicamentos são protegidos e exigem cadastro do médico para ser acessado.
O site Dr. Teuto também destina um  espaço à farmacovigilância, para que os médicos possam relatar possíveis eventos adversos apresentados por seus pacientes. É um trabalho de acompanhamento do desempenho dos medicamentos que estão no mercado, uma vez que nenhum fármaco é inteiramente isento de riscos. Nessa perspectiva, o site Dr. Teuto também disponibiliza links para as resoluções recentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Além dos vídeos em 3D, o portal também oferece ferramentas úteis aos clínicos, como o conversor de medicamentos genéricos para medicamentos de referência. O site tem uma média de 10 mil acessos/mês, interações mensais com mais de mil médicos e um banco de dados com cinco mil cadastros.
O site possui um blog com informações sobre terapêutica medicamentosa e assuntos ligados à manutenção e promoção da saúde humana e a aspectos específicos da vida do profissional médico. Este blog recebe colaborações de parceiros que são blogueiros da área médica, como o Semioblog, o blog “TI Medicina”, “Não Dou Atestado” e “Médico Nerd”. O Semioblog participa mensalmente do blog Dr. Teuto com textos sobre temas relacionados à área de educação médica.
O Dr. Teuto  também tem promovido campanhas, como a #BlogSalvaVidas, uma ação coletiva para incentivar a doação de sangue entre os internautas, e a da Semana do Aplicativo Médico, visando  divulgar ferramentas e informações relevantes para facilitar a rotina da classe médica. Outra campanha foi a da semana de atividades relacionadas ao universo feminino, com conteúdos voltados para o dia a dia da mulher médica.
Conheça o portal Dr. Teuto e verifique o trabalho do laboratório Teuto na promoção de uma comunicação eficaz com os médicos e a preocupação constante com o seu cotidiano profissional:
http://www.drteuto.com.br.   

2 de julho de 2012

Semiologia da Insônia


Por Joyce Freire Gonçalves de Melo
Estudante de Graduação em Medicina da UFPB

Resumo
A insônia é um sintoma muito prevalente na população. Pode ocorrer isoladamente ou acompanhar uma doença. Tanto pode ser um sintoma quanto transtorno do sono (doença); neste último caso, a insônia é o transtorno do sono mais frequente na população geral. O diagnóstico do transtorno (insônia primária e crônica) baseia-se na presença de quatro diferentes sintomas: dificuldade para iniciar o sono (insônia inicial), dificuldade em manter o sono (insônia intermediária), despertar muito cedo (insônia terminal), e do sono não reparador. A insônia pode ser secundária a vários transtornos psiquiátricos, principalmente ao transtorno depressivo. Apesar da alta prevalência e de seu impacto social e pessoal negativo, a insônia continua sem o devido reconhecimento tanto pela população em geral como pelos profissionais de saúde, ficando, desta forma, privada de um manejo adequado. 

Palavras-chave: Distúrbios do Início e da Manutenção do Sono. Sono. Anamnese.

A insônia é um sintoma que pode ocorrer isoladamente ou acompanhar uma doença. A insônia é um sintoma e também pode ser um dos tipos dos transtornos do sono; neste caso, é transtorno do sono mais frequente na população em geral. A última revisão da Classificação Internacional dos transtornos do sono realizada em 2005, passou a não mais utilizar o termo dissonia, no qual a insônia estava classificada e esta, passou a ser uma das oito categorias diagnósticas (MINHOTO, 2010).
A insônia é uma condição muito prevalente. A prevalência da insônia nos estudos epidemiológicos com questionário de autopreenchimento varia de 10% a 40% (SOCIEDADE BRASILEIRA DO SONO, 2003). Poucas pessoas procuram aconselhamento profissional para essa condição, quando não é um problema crônico. Enquanto que sofrem de insônia poucos procuram consultas profissionais, muitas pessoas iniciam tratamentos de auto-ajuda, particularmente quando deficiências, como a fadiga durante o dia se tornam mais visíveis (MORIN et al., 2006).
O diagnóstico de insônia baseia-se na presença de quatro diferentes sintomas: dificuldade para iniciar o sono (insônia inicial), dificuldade em manter o sono (insônia intermediária), despertar muito cedo (insônia terminal), e do sono não reparador. O “sono não reparador” refere-se à experiência subjetiva do sono como insuficientemente repousante, muitas vezes apesar da aparência de sono normal, conforme tradicionalmente avaliados parâmetros objetivos. Isso levou os pesquisadores a buscar alternativas de marcadores fisiológicos do sono não reparador, embora grande parte desta pesquisa permanece controversa e inconclusiva (WILKINSON; SHAPIRO, 2012). O sono não reparador é aquele insuficiente para manter uma boa qualidade de alerta e bem-estar físico e mental durante o dia, com o consequente comprometimento do desempenho nas atividades diurnas (POYARES et al., 2003).
Quando um transtorno crônico, a insônia representa um problema de saúde pública devido ao impacto negativo à saúde física e mental, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (ROBAINA et al., 2009). Estima-se que menos de 15% dos pacientes com insônia grave passam pelos cuidados de um profissional da saúde (EDINGER; MEANS, 2005).
A insônia deve ser clinicamente diagnosticada através de uma anamnese detalhada, englobando a história do sono e a história médica, psiquiátrica e de uso de substâncias psicoativas. A finalidade é de estabelecer o tipo e a evolução da insônia, identificar fatores predisponentes, comorbidades e a correlação da insônia com o uso de substâncias e condições psiquiátricas (SCHUTTE-RODIN et al., 2008). A insônia pode ser secundária a vários transtornos psiquiátricos, principalmente ao transtorno depressivo.
 Considerar também a história e a queixa do paciente, além de características pré-mórbidas, cronologia do problema, fatores que aliviam ou que pioram e a resposta a tratamentos prévios. O paciente deve ser avaliado em uma perspectiva de 24 horas, incluindo comportamentos, condições e fatores ambientais, como também a regularidade de horas de sono ao longo de vários dias. É importante também avaliar as atividades diurnas, incluindo a atividade física, o horário de trabalho e a presença de sonolência diurna (MINHOTO, 2010).  A história do sono deve enfocar as queixas específicas da insônia, condição pré-sono (ambiente de dormir, temperatura, uso de cigarro, atividade física), padrões do ciclo sono-vigília, outros sintomas relacionados ao sono (cefaléia, refluxo gastroesofágico, tosse, ronco) e as consequências diurnas dessa enfermidade (alteração do humor, sonolência diurna, dificuldade de concentração). 
Pacientes com insônia podem queixar-se de dificuldade para adormecer, despertares frequentes, dificuldade em voltar a dormir, acordar muito cedo pela manhã, sono conturbado e não reparador. É preciso caracterizar a duração da queixa, a frequência, a gravidade da angústia noturna e da sintomatologia diurna associada, o curso (progressiva, intermitente), os fatores que exacerbam ou diminuem os sintomas. Além disso, é importante identificar os fatores precipitantes passados e atuais, assim como os tratamentos que já foram instituídos e seus resultados (SCHUTE-RODIN et al., 2008).
      Recomenda-se que se avalie o paciente com um questionário médico/psiquiátrico com intuito de identificar comorbidades, como a Escala de Sonolência de Epworth (ESE) ou outro método de diagnóstico que identifique os pacientes sonolentos e, por último, um diário de sono de duas semanas, identificando os padrões de sono-vigília e sua variabilidade diária. A ESE serve para avaliação subjetiva da sonolência diurna. É uma escala de oito itens, com graduação de 0 a 3 pontos, a somatória define a graduação da sonolência em leve, moderada e acentuada (CARDOSO et al., 2009)
O diário do sono é útil tanto para o diagnóstico e para o acompanhamento do tratamento.  O preenchimento de um diário de sono por duas a três semanas avalia o padrão usual de sono. O paciente deve anotar os horários de dormir, o tempo que demora para adormecer, o número de despertares durante a noite, o horário de acordar e os cochilos diurnos (ALOÉ; TAVARES; HASAN, 2009). Outros instrumentos adicionais podem auxiliar na avaliação e seguimento dos pacientes, como questionários de qualidade de vida (SCHUTTE-RODIN et al., 2008). A polissonografia é considerada o padrão-ouro na avaliação diagnóstica da insônia e deve ser feita sempre que houver suspeita da presença de outros transtornos do sono ou quando o tratamento adequado falhar (MINHOTO, 2010).      
Transtornos do sono podem manifestar de forma diferente em homens e mulheres, e essas diferenças são particularmente notáveis ​​durante a gravidez, lactação e menopausa. A insônia pode ocorrer relativamente comum durante a gravidez e no pós-parto, e pode ser o resultado de um distúrbio do sono, uma primária, tais como apneia obstrutiva do sono (SAOS), distúrbios do movimento, como a síndrome das pernas inquietas, ou às vezes a depressão, especialmente em o período pós-parto. Apnéia obstrutiva do sono pode contribuir para um maior risco de hipertensão durante a gestação e duplica o risco de pré-eclâmpsia e parto prematuro. Ronco, um sintoma frequente da SAOS, é comum durante a gravidez. Síndrome das pernas inquietas é mais comum em mulheres grávidas, é mais frequente no terceiro trimestre da gravidez, e tende a melhorar drasticamente após o parto (PAVLOVA; SHEIKH, 2011). 
Por outro lado, é importante salientar que a diminuição, com o aumento da idade, do tempo de sono noturno e da habilidade para adormecer, antes de se diagnosticar a insônia, a sonolência excessiva diurna ou qualquer outro distúrbio do sono (SOUZA; REIMÃO, 2004). 
       A chamada "insônia primária" é um transtorno caracterizado pela dificuldade em iniciar e/ou manter o sono e pela sensação de não ter um sono reparador durante um período não inferior a um mês. Do ponto de vista polissonográfico, éacompanhada de alterações na indução, na continuidade e na estrutura do sono. Geralmente aparece no adulto jovem, é mais frequente na mulher e tem um desenvolvimento crônico. A insônia primária é observada de 12,5%a 22,2% dos pacientes portadores de insônia crônica, sendo precedida em frequência somente na insônia de depressão maior (MONTI, 2000).
Apesar da alta prevalência e de seu impacto social e pessoal negativo, a insônia continua sem o devido reconhecimento tanto pela população em geral como pelos profissionais de saúde, ficando, desta forma, privada de um manejo adequado. 
Os transtornos do sono estão entre os distúrbios clínicos com maior impacto de saúde e socioeconômico. Melhor conhecimento dos determinantes da ajudar os comportamentos de busca pode guiar o desenvolvimento da prevenção eficaz de saúde pública e programas de intervenção para promover sono saudável.

Referências
ALOÉ, F.; TAVARES, S. M. A; HASAN, R. Transtornos do Sono In: Antonio Carlos Lopes. Tratado de Clínica Médica. São Paulo: Roca, 2009, v. 2, p. 2543-2570.
CARDOSO, H. C. et al. Avaliação da qualidade do sono em estudantes de Medicina. Rev. bras. educ. med. 33 (3): 349-355, 2009.
EDINGER, J. D.; MEANS, M. K. Overview of Insomnia: Definitions, Epidemiology, Differential Diagnosis, and Assessment. In: Kryger MH, Roth T, Dement WC (eds). Principles and Practice of Sleep Medicine. Elsevier Saunders, 4 ed., 2005, p. 702-710.
MINHOTO,  G. Distúrbios do Sono I: Insônia. 2010. Disponível em: http://www.sonolifesaude.com.br/manager/kcfinder-2.1/upload/files/Lamina_Sono02.pdf. Acesso em: 02 jun. 2012.
MONTI, J. M. Insônia primária: diagnóstico diferencial e tratamento. Rev Bras Psiquiatr 22(1):31-4, 2000.
MORIN, C. M.; LeBLANC, M.; DALEY, M. Epidemiology of insomnia: prevalence, self-help treatments, consultations, and determinants of help-seeking behaviors. Sleep Med, 7(2):123-30, 2006.
PAVLOVA, M.; SHEIKH, L. S. Sleep in women. Sleep Med. 31(4): 397-403, 2011.
POYARES, D. et al. I Consenso Brasileiro de Insônia, Sociedade Brasileira do Sono e Federação Latino Americana das Sociedades de Sono. Hypnos. 4(Supl 2), 2003.  
ROBAINA, J. R. et al. Eventos de vida produtores de estresse e queixas de insônia entre auxiliares de enfermagem de um hospital universitário no Rio de Janeiro: estudo Pró-Saúde. Rev. bras. epidemiol. 12 (3): 501-509, 2009.
SCHUTTE-RODIN, S., et al. Clinical guideline for the evaluation and management of chronic insomnia in adults. J Clin Sleep Med. 4(5): 487-504, 2008.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE SONO. I Consenso Brasileiro de Insônia. Hypnos: Journal of Clinical and Experimental Sleep Research 4 (Supl 2), 9/18, 2003.     
SOUZA, J. C.; REIMAO, R.. Epidemiologia da insônia. Psicol. Estud .9 (1):  3-7, 2004. 
WILKINSON, K.; SHAPIRO, C. Nonrestorative sleep: Symptom or unique diagnostic entity? Sleep Med. 13(6):561-9, 2012. 

Fonte da Imagem: shinitama.tumblr.com