27 de novembro de 2008

Comunicação do diagnóstico ao paciente com doença grave

Comunicação do diagnóstico ao paciente com doença grave Por Bruno Melo Fernandes
Estudante do sexto período do Curso de Medicina - Centro de Ciências Médicas - UFPB; Extensionista do Projeto Continuum (PROBEX/UFPB)
Apesar de todos os avanços científicos e tecnológicos, existe uma variedade de doenças que são intensamente associadas à possibilidade de sofrimento físico, emocional e morte. Nesse contexto, algumas características do paciente como o nível social, econômico e cultural, além de sexo e idade são alguns dos fatores que interferem no nível de impacto psicológico que o diagnóstico de doença grave pode causar no indivíduo. A partir disso, é comum que os médicos tenham dúvidas em como abordar o paciente portador de doença grave. Surgem questionamentos sobre se o paciente deve ter plena informação sobre sua doença e se o profissional de saúde estará recebendo adequada formação nas escolas e embasamento psicológico e psicossocial para esta delicada parte do exercício de sua profissão. Apesar de todos os avanços da medicina no estudo da relação médico-paciente, pouca ênfase tem sido direcionada aos programas de treinamento relacionado à habilidade de comunicação e avaliação do fator psicossocial, requisitos necessários a um ótimo atendimento de pacientes portadores de doença grave. Os profissionais dependem então de sua experiência e julgamento pessoal quando têm que tomar decisões sobre quando, quem e como deve ocorrer esta comunicação. A informação negativa referente ao diagnóstico, prognóstico e progressão da doença é difícil porque para os médicos pode estar faltando um método para fazê-lo e também porque este tipo de informação pode trazer reações emocionais ou comportamentais de parte do paciente que são incômodas para ambos. A apreensão da reação do paciente pode levar o profissional a adotar estratégias para adiar as más notícias. É importante que o profissional que revela um diagnóstico de doença grave, esteja integrado a uma equipe multidisciplinar, para que o paciente seja devidamente encaminhado e receba seu tratamento. Tanto a realização de exames diagnósticos como o tratamento só podem ser instituídos com o consentimento do paciente e ele também deve ser esclarecido sobre os possíveis resultados de seu tratamento. A comunicação do diagnóstico marca o início de uma série de mudanças negativas na vida do paciente. A qualidade de comunicação entre paciente e profissional, está relacionada ao seu ajuste emocional à doença e ao envolvimento do paciente e seus familiares no tratamento e deve ser valorizada. É necessário que os profissionais de saúde tenham uma conduta pautada pelos valores humanos e não apenas pelos valores técnicos e terapêuticos. O atendimento de um profissional de saúde, na circunstância de uma doença grave, busca compreender uma angústia, um pedido de ajuda. Assim, o profissional precisa aplicar sua sensibilidade para lidar com o ouvir e o sentir de uma pessoa fragilizada, pela doença, pelo tempo que perdeu para chegar ao diagnóstico e pelas tentativas frustradas de solução de seu problema.