11 de dezembro de 2010

Nível das escolas no Brasil passa ‘de desastroso a muito ruim‘, segundo ‘Economist’

Texto reproduzido da Edição Online da BBC Brasil de 11/12/2010, acesso em: 11 dez. 2010, 20h30. Atualizado em 10 de dezembro, 2010 - 05:56 (Brasília) 07:56 GMT . Texto sem declaração explícita de autoria. Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/12/101209_economist_escolas_jf.shtml

Em edição publicada nesta quinta-feira, a revista britânica The Economist diz que dados recém-divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que a educação brasileira teve “ganhos sólidos” na última década. Ainda assim, a revista afirma que “o progresso recente meramente elevou o nível das escolas de desastroso para muito ruim”. A Economist se referia à divulgação, na última terça-feira, do 4º Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que mediu o nível da educação em 65 países. O Brasil ficou na 53º colocação, tendo obtido 412 pontos em leitura, 386 em matemática e 405 pontos em ciência. O desempenho do país em cada uma das três áreas foi, em média, 20 pontos superior ao registrado no último teste, em 2006. O resultado fez com que a OCDE considerasse que o caso brasileiro revelava “lições encorajadoras”. Em entrevista à Economist, a pesquisadora Barbara Bruns, do Banco Mundial, cita entre os motivos para a melhoria o sistema brasileiro de avaliação escolar, criado há 15 anos. “De um ponto de partida em que não havia nenhuma informação sobre o aprendizado do estudante, as duas (últimas) presidências construíram um dos sistemas de medição de resultados educacionais mais impressionantes do mundo”, disse ela. Apesar do avanço, a revista diz que dois terços dos jovens de 15 anos são incapazes de fazer qualquer coisa além de aritmética básica. “Mesmo escolas privadas e pagas são medíocres. Seus pupilos vêm das casas mais ricas, mas eles se tornam jovens de 15 anos que não se saem melhor que um adolescente médio da OCDE”, afirma a publicação. Segundo a Economist, uma das razões para a má qualidade do ensino é o desperdício de dinheiro. “Como os professores se aposentam com salários integrais após 25 anos para mulheres e 30 para homens, até a metade dos orçamentos da escola vai para as aposentadorias”, diz a revista. A publicação afirma ainda que, exceto em poucos locais, professores podem faltar em 40 dos 200 dias escolares sem ter o salário descontado. A Economist diz que o país estabeleceu a meta de alcançar a média da OCDE na próxima década, mas alerta que, “no ritmo atual, chegará só até a metade do caminho”. A solução, aponta a revista, é propagar iniciativas como a da cidade do Rio (que combate a falta de professores dando pagando bônus às escolas que atingirem metas) e a do Estado de São Paulo (que criou plano de carreira a professores que vão bem em testes de conhecimento). “Se o Brasil alcançar a nota, será porque conseguiu espalhar essas práticas inovadoras por todos os cantos”, conclui a revista.