30 de agosto de 2008

Subvalorização médica de síndromes geriátricas

Atendimento Clínico Geral do Idoso: Subvalorização Médica de Síndromes Geriátricas no Cuidado Hospitalar
Rilva Lopes de Sousa-Muñoz, Heloísa Maria Borges e Borges, Camila de Oliveira Ramalho, José Luís Simões Maroja, Cesar Emiliano Gonçalves Departamento de Medicina Interna, Centro de Ciências Médicas - Universidade Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa-PB.
Trabalho apresentado no I Fórum Internacional sobre Saúde e Envelhecimento - 26 a 28 de agosto de 2008, em João Pessoa - Paraíba, Brasil. Introdução: As bases tradicionais do exame clínico devem ser devidamente adaptadas às características do paciente idoso. Muitas instituições brasileiras de ensino da área de saúde ainda não despertaram para o atual processo de transição demográfica e epidemiológica e suas conseqüências médico-sociais, não oferecendo conteúdo gerontológico adequado em seus cursos de graduação. A avaliação clínica geriátrica pelo médico não-especialista ganha especial relevância como objeto de estudo entre os vários problemas relacionados à Saúde do Idoso na atualidade. Os objetivos desta pesquisa são verificar se problemas geriátricos são detectados pelos médicos generalistas através das anamneses de idosos internados nas enfermarias de clínica médica do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW/UFPB) e avaliar a acurácia da anamnese tradicional em detectar síndromes geriátricas. Metodologia: Estudo observacional e transversal, com revisão de 100 anamneses de idosos internados nas enfermarias de clínica do HULW, com posterior confrontação dessas informações colhidas à admissão por médicos residentes com os dados obtidos em entrevistas diretas feitas pelos pesquisadores com os pacientes enfocando 12 problemas geriátricos comuns conforme Cançado (2005). Estes dados foram obtidos pelo auto-relato dos pacientes, através da aplicação de um formulário semi-estruturado. A acurácia para detecção destes problemas nas anamneses foi expressa em razão de probabilidade (RP) a 5%. Resultados: O número médio de itens registrados nas anamneses foi de 2,1; em 14% não havia registro de nenhum dos 12 itens pesquisados; 4 a 6 itens foram registrados em 16%, e em apenas 3% foram mencionados mais de 6. Detectou-se uma acurácia da anamnese em apenas 33% dos itens: uso múltiplo de medicamentos (RP 5.0; P=0.02), antecedente de quedas (RP 5,1; P=0.02), limitações motoras (RP 5,0; P=0.02) e falta de apoio social (RP 4,6; P=0.04). Conclusões: Os dados mostram que muitos problemas típicos do idoso deixam de ser detectados através da anamnese na clínica médica do HULW, comprometendo a contribuição diagnóstica da observação clínica no paciente geriátrico. A assistência do idoso exercida pelo médico clínico geral ­no nosso serviço precisa de instrumentos que permitam a identificação dos problemas particulares do idoso, a fim de que ele seja capaz de saber como tratar e quando encaminhar para o profissional com treinamento específico em envelhecimento humano. Palavras-chave: Saúde do Idoso. Hospitalização. Diagnóstico.