30 de outubro de 2011

Breve Relato sobre o 15th World Congress of Psychiatry


Por Roberta Ismael Lacerda Macedo
Estudante de Graduação em Medicina da UFPB

O 15th World Congress of Psychiatry,  organizado pela World Psychiatric Association a cada três anos, ocorreu na Argentina no mês passado.

Uma das temáticas mais debatidas foi a depressão, agravo psiquiátrico que se tornou questão de saúde pública mundialmente. Estima-se que 120 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão. Portanto é um assunto que merece destaque no âmbito da psiquiatria e da medicina em geral.

O ciclo de palestra intitulado de “Major depression: our heritage and our future” contou com a participação dos melhores especialistas no tema. A depressão, doença psiquiátrica e multissistêmica, que causa grande impacto na vida do paciente, muda a sua rotina e afeta suas relações interpessoais.

Há várias teorias neurobiológicas que tentam explicar o complexo modelo da depressão humana. Acredita-se que haja um estresse neuronal contínuo, resultando em inflamação e liberação de neurotransmissores, o que desencadeia um processo oxidativo com liberação de catecolaminas que, por sua vez, causa mais estresse. O dano mitocondrial causa apoptose e portanto, perda da conexão neuronal. A resposta clínica a esta cadeia de eventos biológicos seria a depressão.

Outras temáticas também tiveram destaque, como bipolaridade, transtorno de déficit de atenção e transtornos alimentares.

Do ponto de vista da apresentação do congresso em si, observei dois aspectos que gostaria de comentar: a nítida desorganização de um evento de âmbito internacional e o investimento da indústria farmacêutica neste.

O evento estava previsto para 10 mil congressistas e foram aceitos 13 mil, não havendo capacidade dos auditórios para comportar o número de ouvintes para as palestras, o que obrigou muitos participantes a assistirem as palestras em pé ou sentados no chão durante duas horas.

Por outro lado, o investimento da indústria farmacêutica foi muito bem organizado, os estandes estavam muito atrativos com vários brindes (canetas, bolsas, blocos de anotação), e até distribuição de medicamentos de uso controlado.

Percebeu-se grande apelo publicitário da indústria farmacêutica para prescrição de certos medicamentos, como estimulantes da memória e ansiolíticos, dentre outros, como se fossem "comprimidos da felicidade". Paradoxalmente, em uma das palestras foi mencionado o uso crescente e abusivo  de psicotrópicos pela população mundial e que esta prática deveria ser combatida.