14 de fevereiro de 2011

A Relação Terapêutica em "O Discurso do Rei"

O filme "O Discurso do Rei", indicado ao Oscar este ano, é sobre o rei George VI, duque de York, e sua luta contra um transtorno da fala - a tartamudez, ou gagueira.
A história conta como o rei George IV, "Bertie", trabalhou com um ator, Lionel Logue, que se converteu em seu terapeuta da fala, para superar uma doença crônica, que foi a fonte de significativo estresse psicossocial.
Mavromatis (2011) reflete sobre os aspectos da relação terapêutica exibidos no filme. Apesar de sua falta de credenciais oficiais, Lionel Logue demonstrou profissionalismo como um prestador de cuidados. Segundo Mavromatis (2011), um aspecto importante do filme foi a verdadeira amizade que se desenvolveu entre os dois homens. A amizade entre médicos e pacientes tem sido um assunto controverso. No campo da psiquiatria, isso tem sido visto como uma violação de fronteira profissional e um fator repleto de problemas para a relação terapêutica. No entanto, a autora comenta que, dentro de limites de outros campos da medicina, essa "norma" não pode ser tão rigidamente aplicada. Na sua opinião, a amizade, às vezes, pode melhorar um relacionamento terapêutico. Outro aspecto bem-sucedido dessa relação terapêutica do filme, segundo Mavromatis (2011), foi a exploração de Lionel, não só biológica, mas também dos fatores psicossociais relacionados ao transtorno da fala do rei George, que tinha raízes na sua dinâmica familiar na infância. A autora confessa-se uma crente do modelo biopsicossocial da medicina.
A fim de compreender e tratar a doença, é necessário compreender não só a fatores biológicos, mas o psicológico e o contexto social em que a doença ocorre. Isso também é conhecido como "medicina holística", embora essa terminologia seja muito mal utilizado hoje por aqueles que a confundem com "naturopatia" ou "homeopatia" (grifo da autora). Um terceiro aspecto que melhorou a relação cuidador-paciente é que esta era não-hierárquica, nem Lionel era "doutor", nem Bertie foi "Rei". Foi importante para Lionel que cada homem fosse um igual no contexto do tratamento, e insistiu em que cada um chamasse o otro pelo primeiro nome. Por fim, Lionel era muito discreto, servindo como guardião confiável de informações sobre a saúde do paciente, mantendo-as confidencialmente. Ele protegeu a privacidade de seu paciente e autonomia. Referência
MAVROMATIS, J. K. The therapeutic relationship in "The King's Speech". 2011. ACP Internist. Disponível em: http://blog.acpinternist.org/2011/02/therapeutic-relationship-in-kings.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+AcpInternistBlog+(ACP+Internist+Blog). Acesso em: 14 fev. 2011.
Imagem: Cena do filme "O Discurso do Rei" (The King's Speech), Reino Unido/ Austrália, 2010.